𝟎𝟐 : Devaneios

45 10 21
                                    

#HOWLREIDELAS 

 𝐌inhas mãos estão atadas, minhas vestes são feitas de farrapos e eu estou caminhando pelos escombros de Arcane

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


𝐌inhas mãos estão atadas, minhas vestes são feitas de farrapos e eu estou caminhando pelos escombros de Arcane. Não sei quando e nem como havia parado ali, mas a dor latejante em meus pés e os vergões em meus pulsos me diziam que havia se passado muito tempo. 

Tudo estava deserto e silencioso. Minha garganta estava seca e minha visão um pouco turva, porém, mesmo nestas condições, não pude ignorar uma borboleta de lindas asas azuis trazendo beleza ao local miserável pela destruição. A borboleta, outrora única, se tornou duas, que passaram a ser três, quatro e quando percebi já eram sete. Os animaizinhos pareciam flutuar ao meu redor como se desejassem que eu os seguisse. 

Meus pensamentos estavam embaralhados, minha mente confusa, mas segui-las pareceu certo. Caminhei por um tempo, cambaleando pelo caminho quando encontrei um jardim aparentemente abandonado. Haviam estátuas por todos os lados, escondidas em meio ao matagal, todas com feições de desespero. O lodo e ervas daninhas as consumiam, tornando o lugar meio macabro. 

Eu suspirei trêmulo, avançando junto das borboletas cujo número aumentava cada vez mais. Eu não sabia de onde elas vinham, mas também não sabia de onde eu tinha vindo, então decidi aceitá-las como parte de mim. A presença delas me confortou um pouco. 

Ao longe, avistei uma silhueta semelhante à de uma mulher. E quanto mais me aproximava mais nítido se tornava. A dita parecia estar entre os 30 à 40 anos, possuía cabelos ruivos na altura da cintura e utilizava um vestido branco e desgastado. Ela se virou em minha direção e assustado, notei o rastro das lágrimas douradas secas em suas bochechas cheinhas. Senti meu peito se contrair. Lágrimas começaram a escapar de meus olhos e me assustei quando percebi que estas também eram douradas, como as dela. 

— Mãe? — O chamado saiu sem que pudesse prever ou controlar. Tão certo que parecia terrível cogitar o contrário. 

A mulher sorriu sem dizer uma palavra desde que nossos olhos, ambos verdes, se cruzaram. 

As borboletas se multiplicaram, assim como as lágrimas que pareciam queimar sobre minha própria pele. 

Tudo parecia confuso, a falta de ar esmagava meu peito até que as borboletas fossem tudo que eu pudesse enxergar. Eu me abracei em meio ao redemoinho de asas e cores. O sentimento de abandono assolou meu peito, dolorido e familiar. 

— Mãe! — Gritei com todas as minhas forças a única palavra a qual me recordava enquanto o desespero crescia. 

Acordei em um salto, com uma dor de cabeça terrível. 

— Bom dia bela adormecida. Tem água e comprimido pra dor do seu lado. — A voz de Taehyung se fez presente no cômodo, mas não me dei o trabalho de procurar de onde vinha. 

Me sentei na cama e esfreguei meus olhos tentando me acostumar com a claridade. 

— Taehyung..? — Manhei com dor. Minha cabeça vai explodir. 

𝐂onstelação 𝐄udaimonia.🪞Onde histórias criam vida. Descubra agora