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Ainda processando os variados acontecimentos ocorridos em apenas uma hora, Gengibre caminhava, de cabeça baixa e com um olhar distante, ao lado de Pinha, que descia a escada-caracol entre pulos e sorrisos

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Ainda processando os variados acontecimentos ocorridos em apenas uma hora, Gengibre caminhava, de cabeça baixa e com um olhar distante, ao lado de Pinha, que descia a escada-caracol entre pulos e sorrisos.

A garota olhava para seus sapatos, que haviam substituído as pantufas, para suas meias compridas e, finalmente, para a ponta de seu vestido, contornado em algodão; tudo isso para impedir que sua mente flutuasse até sua bolsa, até aquilo que o objeto armazenava.

Apertou ainda mais a alça.

A postura de Pinha era o oposto da sua; leve e solta, mexia seus braços de um lado para o outro enquanto assobiava uma canção natalina, a qual os pensamentos de Gengibre impediam-a de reconhecer.

Quando ainda encarava os sapatos que utilizava, viu o chão de ladrilho se transformar em neve. Levantou seu rosto ao ouvir a risada característica de Pinha ecoar junto de outra já conhecida, enxergando, ao lado de um trenó pequeno, a Rena chamada Bolota com ele conversar.

Ao ver Gengibre encarando-a, a convencida ergueu seu nariz e moveu-se até a frente do automóvel. Ambas não tem uma boa relação, por assim dizer, desde o dia em que a garota revirou seus olhos em meio a uma palestra de Bolota e foi flagrada por uma das amigas dela, que informaram a palestrante e, juntas, passaram a odiá-la.

Ao notar o ato, Pinha lançou uma careta debochada acompanhada de um sorriso de orelha a orelha, acomodando-se em um dos lugares do trenó e chamando Gengibre.

A duende engoliu em seco. Como iria explicar para seu amigo, para a Rena ou, pior, para Noel, que a lista estava com ela? Explicar que a lista foi roubada por ela? Em passos lentos que afundavam na neve, moveu-se até o automóvel.

Um longo suspiro soltou. O nariz vermelho de Bolota brilhou.

– Para onde vamos, Pinha? – fez questão de deixar claro para quem estava dirigindo a frase.

Pinha, com um sorriso, bochechas coradas, soltou um breve grito animado.

– Para o Centro de Câmeras, Bolota! – exclamou, levando o dedo indicador para frente.

Gengibre se encolheu.

Centro de Câmeras? Desde quando existe algo assim?

– Pinha…? – engasgou, virando seu rosto lentamente para o amigo, que a observou com um cintilar no olhar. – Onde… Que lugar é esse?

Bolota relinchou e bateu os cascos contra a neve, anunciando partida e saindo do chão.

Gengibre cerrou os olhos ao ser jogada contra o banco macio,  ainda com uma mão na alça de sua bolsa enquanto a outra segurava o ouro que contornava o veículo. Sentia o vento gélido em seu rosto e suas tranças de seus ombros afastarem. Ouviu a risada animada de Pinha.

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