Perdão

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Gengibre tremia dos pés à cabeça enquanto caminhava ao lado de Pinha em direção à sala de Noel

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Gengibre tremia dos pés à cabeça enquanto caminhava ao lado de Pinha em direção à sala de Noel.

Enquanto passava pelos longos corredores e descia as escadas caracol, recebia olhares curiosos seguidos de murmúrios mal disfarçados.

Pinha, que adorava receber atenção, adorando ficar com seu ego maior que si próprio, ignorava todos os chamados por seu nome; mexia a cabeça de um lado para o outro e cerrava os olhinhos para conter-se. Gengibre fazia um movimento parecido, tendo como diferença apenas a adição de aproximar sua bolsa para o lado de seu corpo.

A visão embaçada da duende desfocava a grande porta vermelha que estava logo à frente dos ajudantes. Os dedos miúdos de Pinha encontraram os de Gengibre, junto dos olhos grandes e brilhantes.

Quando o pequeno bateu os quadris nos da menina, impulsionando-a a erguer uma de suas mãos e mover seu dedo indicador até um grande botão de cor verde, Gengibre sentiu sua pressão baixar e seu mundo desabar.

No mesmo instante em que o botão foi aceso, a grande porta foi aberta por dois duendes de menor porte – ainda menores que Pinha –, que esboçaram contagiantes sorrisos ao verem os encaminhados da tão importante missão. Sem nada questionar, curvaram-se e abriram espaço para ambos entrarem.

E fizeram.

O pequeno elfo sentiu-se pressionado quando Gengibre apoiou seu peso no corpo dele, paralisada ao presenciar a figura de Noel observando-os com um sorriso que deveria ser reconfortante. Ele ainda vestia o mesmo pijama de antes enquanto comia biscoitos molhados ao leite, sentado em um confortável trono de veludo vermelho e branco. Um olhar surpreso foi jogado dele para os ajudantes.

– Hm… – soltou, engolindo o último pedaço de um biscoito. – Já estão de volta? – Retirou um pano de seu colo e passou em seus lábios enrugados.

Os amigos trocaram olhares arregalados enquanto engoliam em seco. Viraram-se para Noel e acenaram com a cabeça.

– Isso é ótimo! – continuou e ajustou o paninho. Pôs ambas suas mãos para frente, batendo seus dedos na palma de suas mãos. – Onde está a lista? – Virou sua cabeça para o lado, movendo seus olhos azulados para a bolsa da duende.

Gengibre deu um passo para trás e franziu o cenho, escondendo sua bolsa com um de seus braços. O velho juntou as sobrancelhas, e Pinha moveu os pés.

– Senhor… – balbuciou, olhando de relance para a garota. – Noel. – Juntou suas mãos em frente ao corpo e deixou sua postura ereta. Enquanto observava Noel, suas bochechas e orelhas tomavam um tom avermelhado. Procurava as palavras certas para o que gostaria de dizer, desistindo de frases antes mesmo de começar.

O velho apoiou seu rosto em uma de suas mãos, erguendo o queixo. O duende olhou para seus sapatos.

– De antemão, peço perdão tanto a mim, quanto à Gengibre…

A duende cerrou os punhos ao lado do corpo e passou à frente do amigo.

– Eu roubei a lista e a perdi, senhor.

Os pequenos duendes, que observavam tudo ao longe, exclamaram um “O que?!”, surpresos. Pinha arregalou ambos os olhos e deixou seu queixo cair, olhando para a duende.

E Noel manteve uma expressão estática. Deixou sua postura ereta na poltrona, cruzou suas pernas e posicionou suas mãos na frente de sua grande barba.

– Por quê?

Gengibre cerrou seus olhos.

– Porque… – começou, mas logo um suspiro lançou. – Porque pensei que isso salvaria o Natal, senhor Noel. – Abriu os verdes e encarou o velho. – Pensei que, sem os presentes, todos perceberiam que de nada eles significam! Pensei que, assim, todos aprendessem que o Natal não gira em torno de itens caros cobertos por embalagens coloridas…

Noel prestava atenção em cada palavra que saia da boca da garota. Gengibre virou-se para Pinha, que observava preocupado.

– Mas estava errada. – Se virou, novamente. – Foi uma atitude irresponsável tomada de forma desesperada. Aprendi que os presentes não são culpados por aqueles que não veem o Natal da forma que ele realmente é, e que roubá-los de nada adiantaria.

Um sorriso surgiu nos lábios de Pinha. O menino foi para mais perto da amiga, e acariciou um de seus braços. Quando ela o observou, retribuiu o sorriso. Depois, virou-se novamente para Noel e, sem pensar duas vezes, agachou-se ao chão, ajoelhando-se diante dele. Entre inspirar e expirar, lágrimas contornavam seu rosto e pingavam no carpete branco.

– Eu sinto muito… – murmurou em meio aos gaguejos. – Sinto muito por ter roubado a lista e ainda a perdido.

Aí, sentiu as mão enluvadas de Noel levantarem seu queixo. Ele a observava acompanhado de um sorriso sem dentes.

Um sorriso?

– Sinto orgulho de você, minha filha. – Ele se levantou de forma lenta. – Era por esta confissão que aguardava.

Gengibre franziu o cenho. O que ele quer dizer com isso? Encarou Pinha, que observava o velho com uma careta confusa.

E, com um estalar de dedos de Noel, a lista surgiu nas mãos daquele.

Gengibre soltou um alto suspiro, junto dos duendes e de seu amigo. A risada do velho ecoou pelo ambiente.

– Sou o Papai Noel, se esqueceram? – Sorriu, jogando a cabeça para o lado. – Vi a lista sendo roubada e, com um estalar de dedos, a recuperei.

A lista saiu flutuando até as mãos da ajudante. Os olhos verdes cintilavam junto das lágrimas ainda restantes. Ela realmente estava ali.

O velho cruzou os braços.

– Muito bem, Gengibre – disse, encolhendo os ombros e mexendo seus olhos para Pinha. – E Pinha. – Voltou-se para a garota, que ainda admirava o papel brilhante e flutuante. – Iremos começar um projeto para reajustar a forma como alguns cidadãos enxergam o Natal.

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2023 ⏰

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