MEU CORAÇÃO SUSSURRA SEU NOME - [CONTO GAY]

CAPÍTULO DOIS

JASPER

Eu tinha dois objetivos e um sonho.

O primeiro era ser um modelo reconhecido, requisitado, disputado entre as marcas mais famosas. E isso não estava longe de acontecer, modéstia à parte. Acredito no meu talento e aos poucos estou construindo isso, subindo degrau por degrau. Uma pequena prova disso é estar em Nova York agora, meu novo lar, o que significa um novo recomeço e tudo indica que meu sucesso está garantido.

Mas por outro lado…

Meu segundo objetivo tem nome, sobrenome e uma bunda linda.

E sim, é mais fácil eu me tornar um modelo requisitado, disputado entre marcas, famoso, do que simplesmente… conquistar meu melhor amigo.

É muito difícil tentar algo depois que se tem uma amizade tão firme e tão duradoura. Porra, nos conhecemos no jardim de infância. No jardim de infância! São mais de 20 anos de amizade. Já até perdi as contas. Na adolescência, quando os hormônios começam a falar mais alto, eu tentei me declarar e dizer o quanto eu era louco por ele. Até ele me soltar a frase amaldiçoada e que tenho trauma até hoje: “Ah, Jasper! Espero que nossa amizade permaneça assim para sempre!”

E esse é o tutorial de como acabar com os sonhos de um adolescente apaixonado pelo seu melhor amigo. Ps: Não reproduzam esta merda a não ser que você odeie seu amigo com todas as forças e queira ele longe!

Desde então, eu nunca cogitei dizer algo sobre meus sentimentos ou o que seja. Não quero correr o risco de tentar me declarar e ele vim com aquela maldita frase — que não pode ser pronunciada —, e eu precisar de terapia novamente.

Mas isso até ele começar a ser notado por outros caras.

Eu estava lidando bem com nossa amizade, nossa rotina juntos, fazendo tudo juntos. Até ele receber inúmeras mensagens no celular e mentir descaradamente para mim. Agora ele tem um novo admirador.

Nem conheço, mas eu o odeio com todas as minhas forças.

Me tranco no quarto, batendo a porta com mais força do que deveria, mas eu precisava descontar minha frustração em alguma coisa. E já que no momento não posso quebrar a cara do novo admirador do Vallen, então a porta é minha única opção.

Deito em minha cama e tento esquecer tudo isso, mesmo sabendo que é outra tarefa impossível, até acabar ouvindo batidas fracas na porta do quarto. Suspiro, irritado. Eu não tinha razão para ficar assim, quer dizer, para ele certamente era anormal minha reação. Então não podia simplesmente me trancar no quarto e tacar o foda-se enquanto ele estava do outro lado da porta sem entender absolutamente nada.

Respiro fundo, tentando aparentar normalidade e me levanto, abrindo a porta e o encarando, me arrependendo no mesmo segundo ao ver aqueles olhos expressando chateação e os lábios levemente formando um bico.

Ah, pelo amor de Deus, garoto! Colabora!

Para minha sorte, sou muito bom em autocontrole, então por fora, eu parecia normal.

— Sim? — digo, o olhando sério. Mesmo com todo o meu autocontrole, ainda assim não conseguia disfarçar meu desgosto.

— Você está bravo? — questionou, me olhando nos olhos por alguns segundos, mas nunca durava muito tempo e logo desviou o olhar.

Se eu estou bravo?!

Ah, não. Imagina. Só queria socar a cara do maldito que anda te mandando mensagens, sumir com o corpo dele e trancar você dentro do quarto para ninguém mais cobiçar aquilo que me pertence!

Respira, Jasper.

— Não — respondo.

— Está sim.

— Não estou! — insisto, irritado.

Ele aponta o dedo para mim.

— Você franze as sobrancelhas quando está bravo! — acusou, o que me fez praguejar mentalmente. Tinha momentos que eu odiava que ele me conhecesse tão bem. Momentos como esse.

— E daí?

— Por que está bravo?

— Por nada.

— Não tem como ficar bravo por nada! É por causa do Gavin? — perguntou, cauteloso. O desgraçado agora tem nome?! Que droga de nome. A mãe deve odiá-lo por colocar um nome tão ridículo. Nem é excitante gemer esse nome.

Aghr! Que merda, agora estou imaginando Vallen gemendo o nome dele. Mas que porra!

Respira, Jasper… respira!

— Por que eu ficaria? Nem o conheço! — resmungo, impaciente.

— Certo… — suspirou em desistência, para meu alívio. — Bem, já que estamos no mês natalino, queria te propor algo — Murmurou, e eu já sei que provavelmente eu tinha 80% de chances de odiar a ideia. Especialmente quando ele ficava cauteloso demais para me falar.

— Hum?

— Fotos no tema natalino! — exclamou, com uma animação exagerada e que quase me fez pular da janela do meu quarto.

— Nem ferrando! — Nego prontamente, vendo seus lábios novamente formarem um bico de chateação.

Ah, não, porra. Não jogue tão sujo comigo…!

— Por favor! As fotos vão ficar incríveis e… quero te sugerir como modelo da Calvin Klein. Eles acabaram de abrir vagas para novos modelos, especialmente para este mês. E obviamente, eu quero sugerir você! — Justificou, me fazendo suspirar.

Não era exatamente pela proposta tentadora que eu aceitei fazer esse ensaio…

Mas sim porque simplesmente não consigo negar nada para ele.