"Corro em direção ao momento em que iremos parar de correr uma vez mais. Senti uma pontada no peito, e levei a mão a ele. Penso nos meus netos e em toda minha rede de pessoas queridas que deixaria para trás com esse reencontro, subitamente consciente hoje de minha idade. A expectativa de vida média não costuma atravessar muito os oitenta, e eu mesma já passei orgulhosamente dessa casa, e isso não me preocupa em termos teóricos. Em termos práticos, me sinto fadada a sentir saudades.
E que privilégio é o fardo de sentir saudades... Quando somos crianças, às vezes temos cinco ou seis grandes amigos na escola e o final de semana parece levar uma eternidade para passar. Passam-se dez anos e quatro ou cinco desses ocupam, justamente, o espaço dos finais de semana, e o que antes era um castigo, torna-se comemorativo. Passam-se mais dez anos e talvez ninguém no grupo de três grandes amigos de infância estivesse realmente preparados para se ver durante as férias, mas a vida evoca com urgência todas as urgências, e parece que, os verdadeiros sobreviventes de espírito, passam a entender e respeitar que se manter perto tem mais a ver com o coração do que com pés. E conhecemos novos amigos, durante todas essas etapas, inclusive. O grupo de três da infância é somado com o grupo de dois amigos do trabalho, e mais uns cinco encontros da vida, das padarias, dos saraus e até mesmo os encontros de reencontros de pessoas que ficaram."
🎄Essa história é uma pós narrativa de Ceci e Lipe. Disponível em: https://www.wattpad.com/story/358943707-ceci-e-lipe
🎄Todos os direitos reservados.
🎄 Um feliz Natal e próspero Ano Novo! Com carinho, a autora.
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Ceci e Lipe
Short StorySuspirei, um suspiro cansado, não meditativo. Não seria o primeiro aniversário que eu iria dormir cedo. Tinham os de quando eu era criança, e teve também aqueles na casa dos quarenta, nossa! Traumáticos. Pelo menos agora eu estava livre. #15 em Crôn...
