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CAPÍTULO VINTE E CINCO.
"problemas"
Maria Júlia's point of view.

🏟️

— MINHAS GAROTAS FRANCESAS NÃO CHEGAM aos seus pés. Me informa Gavi, três noites depois.

Do chão do quarto dele, ergo os olhos dos meus papéis e mostro a língua para ele. Então percebo que não está brincando. Gavi me encara com uma mistura de admiração e apreço nos olhos castanhos.

— Você é deslumbrante. - Insiste.

— Para. - Ordeno. — Vai me fazer corar.

— Até parece. Você adora elogios.

Bom, é claro que adoro. Mas a intensidade em seu rosto é um pouco enervante. Retomamos a nossa rotina, "ele me desenha enquanto eu escrevo", mas em geral Pablo não fala muito e certamente não usa palavras como "deslumbrante".

Costumo dominar a maior parte da conversa, lendo trechos do trabalho em voz alta e externando meus pensamentos antes de colocá-los no papel. Pra ser sincera, a presença de Gavi me ajuda a me concentrar. É como se criasse um senso de responsabilidade. O prazo de entrega é daqui a alguns dias, mas estou tranquila. Não digo que vou tirar dez, mas ficaria muito satisfeita com um seis ou sete.

Gavi estuda seu esboço. O bíceps flexiona à medida que ele move o braço para acrescentar outro detalhe com o lápis no papel.

O cara é mais quente que um incêndio. Não só na aparência, mas na temperatura corporal mesmo. Dez minutos depois de nossa sessão de estudo/desenho começar, tirou a camiseta, me provocando com o peito musculoso. Sinceramente, não sei como meu cérebro com TDAH consegue manter o foco no trabalho.

— Deslumbrante. - Repete ele, dessa vez para si mesmo. — Posso ver por que outras mulheres se sentem ameaçadas por você.

Sinto o rubor nas bochechas.

— Ninguém se sente ameaçada por mim. Deixa de maluquice.

— Não? Lembra a garota no bar?

— Ela se sentiu ameaçada pela Genevieve, não por mim.

— Por vocês duas. - Ele examina o desenho de novo. — É sério.

— Não consigo parar de te olhar. Você é linda, mas é um tipo de beleza tão... inatingível. Parece de outro planeta.

Deixo uma risada escapar.

— Que poético.

Por dentro, Selena Gomez e eu estamos fazendo uma apresentação completa de animadoras de torcida, cheia de saltos e piruetas. Ninguém nunca falou que sou de outro planeta.

Acho que gostei.

Ouvimos passos ecoando no corredor e ficamos rígidos. Isso é algo de que não gosto, a terrível nuvem de tensão que recaiu sobre a casa. Se estamos no meu quarto ou no de Gavi, a tensão desaparece. A conversa flui e uma facilidade que nunca experimentei com outro cara se estabelece.

Em qualquer outro lugar da casa, uma nuvem trovejante paira no ar.

Balde mal fala conosco desde quinta à noite. Estamos os dois pisando em ovos perto dele, e até Pedri, que não se deixa perturbar por nada, admitiu que está preocupado com a melancolia do cara. Não sei como melhorar a situação. Balde precisa de tempo para se acostumar com a ideia de que Gavi e eu estamos... namorando, acho. Ainda não demos um nome ao que estamos vivendo, mas não tenho pressa. Sei que ele gosta de estar comigo, e é tudo o que importa agora. Além do mais, não é como se eu pudesse levantar o assunto no fim de semana do Dia dos Namorados.

𝐒𝐄𝐍𝐒𝐀𝐂𝐀𝐎, pablo gaviOnde histórias criam vida. Descubra agora