O Deslize 🔞

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Mais de cinco anos haviam se passado desde a morte de Mari. Kelvin e Ramiro travaram uma guerra fria dentro de casa. Conviviam sob o silêncio de Kelvin e as provocações de Ramiro.

Mas algo que eles tinham em comum, era o amor pelas crianças.

Quem os visse de fora, juraria que eles eram um casal. Até mesmo compareciam aos eventos juntos, e fingiam amizade para as pessoas.

Esses eram os momentos mais aguardados por Ramiro, porque era quando a carapuça de Kelvin caía, e eles podiam conversar amigavelmente.

Apesar de apenas conversarem sobre os meninos, eles seguiam uma rotina muito bem organizada.

Ramiro acordava pela manhã e antes de ir pra cooperativa, preparava o café para as crianças (isso incluía Kelvin), voltava no horário do almoço para almoçar com as crianças e pela noite ficava com elas, enquanto Kelvin descansava.

Era noite de Natal. Nos Natais anteriores, Kelvin passara sozinho, por insistência do próprio, enquanto Ramiro passara na casa da mãe, com as crianças.

Nesse Natal, Ramiro se negou a faze-lo.

Kelvin se trancou como sempre em seu quarto, as crianças ficaram o período do dia com a avó enquanto Ramiro arrumava a ceia.

Ao fim da noite, com a mesa posta e antes das crianças retornarem, bateu na porta do menor.

— Piquitito.

— Já falei pra não me chamar assim.

Ramiro riu, sempre o chamava assim para irrita-lo. Kelvin levantou-se irritado, abrindo a porta em roupante.

— O que você quer?

— Vem pra sala, as crianças tão chegando.

— Já disse que não quero passar o natal com vocês. Eu amo as crianças, mas não é dia bom.

— Por favor... — Ramiro instintivamente tocou a mão de Kelvin, que a tirou em um roupante. — as crianças merecem passar um Natal com os pais dela.

— Eu não sou pai delas, sou tio.

Desde que aprenderam a falar, Thiago e Luna passaram a chamar Kelvin de pai.

Inicialmente ele repeliu, embora Ramiro incentivasse. Em conversas com a psicóloga, ficou definido que o melhor não era trava-los, e assim eles o chamavam.

— Você é pai deles sim! Você os cria junto comigo. Por favor, vamos estender a bandeira branca só hoje? Por eles?

— Só hoje!

Ramiro sorriu genuinamente, e Kelvin por um segundo ponderou como que ele podia ficar ainda mais bonito sorrindo.

Seus pensamentos se esvaíram quando Ramiro o puxou para um abraço.

Sentiu seu corpo relaxar, e apreciou um pouco o toque antes de empurra-lo quando sentiu um beijo em seus cabelos.

— Mas sem toques. Quando eu queria que você me tocasse, você não me tocava né.

O sorriso de Ramiro morreu, mas antes que pudesse dizer algo, viu duas crianças ruivas entrarem correndo, e pularem encima de Kelvin.

— Papai! Você vai passar o natal com a gente?
Luna sorriu, enquanto o ruivo fazia um carinho nos cachinhos da mesma.

— Vou sim, meu amor.

A noite se transcorreu de forma lúdica. Eles trocaram presentes, Ramiro havia comprado pijamas iguais para combinarem e as crianças estavam radiantes.

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