03. Feliz Natal, Vante

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VANTE

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VANTE

Quando você pensa: "Não tem como piorar", sim, sempre piora. Acho que o natal é a pior data comemorativa do ano, os enfeites, as músicas, o falso amor familiar que, uau, todos do nada se amam! Ou talvez eu seja ateu até sobre isso.

Ethan pediu dois expressos e sentou na mesa que eu acabo de limpar, mas sequer troco palavra com ele, se possível pediria para outro garçom servi-lo, mas sabemos como esse garoto é. Foi meu último pedido da noite, entro no vestiário minúsculo e troco o avental vermelho com verde, temático pro natal, para um moletom beje claro e calças jeans. Saio pelos fundos, dou dois passos e Ethan estava apoiado com um café expresso na mão, provavelmente bebeu o outro. Finjo que ele não existe e volto a andar.

- Eu posso me acostumar com isso. - Diz ele, vindo atrás de mim. - Por que está trabalhando no natal?

Puta merda, eu vou bater nele.

- Pensei que todos comemoravam com a família.

- Que irônico. - Cuspo aquilo, só queria que ele calasse a boca.

- Não é? Eu não tenho família pra isso, então vim atrás de um amigo pra comemorar.

- Amigo errado. - Ele da uma leve corridinha para minha frente e coloca o café no meu peito. - O que é isso?

- Café expresso, você gosta? É seu presente de natal, mas se não gostar, joga fora, já gelou de toda forma.

Observo ele dizer aquilo pra mim, apenas aceito para não precisar ouvi-lo chorar o resto da caminhada. Já estávamos na ponte que eu gostava de passar, a neve sempre caia no riacho por baixo da ponte, como tinha folhas, pareciam bolas de gelo flutuando na própria água.

- Paris nunca muda. - Sou tirado do meu transe, esperando ele explicar o porquê. Não deveria, mas sou curioso sobre os assuntos que ele decide falar. - Suja, sem graça e com enfeites legais, de resto é um monte de merda.

Descreveu muito bem, mas me surpreendeu algo verídico vim dele. Continuamos andando até a praça, com o café na mão, eu odeio café, mas ele não sabe, porém eu amo ter um copo de café em mãos, e ele também não sabe. Os mendigos esquentavam as mãos no fogo, as casas eram iguais, mas com neve, e minhas pernas doíam por andar tanto, mas hoje foi diferente, eu tive companhia, não foi tudo igual, pela segunda vez.

- Pode ir, minha casa é por aqui. - Paro e Ethan também.

- Aqui? - Parecia julgar o ambiente, não o julgo, eu também odeio esse lugar. - Onde, exatamente.

- Por que quer saber onde é minha casa?

- Somos amigos, são informações básicas, caso o diretor queira nos testar novamente. - Cruzo os braços, parecia empacotado ao fazer isso.

- Isso tudo é realmente importante?

- Sim. Onde é sua casa?

Bufo e abaixo os braços, como se tivesse perdido, e realmente perdi. Começo a andar até meu condomínio. Tinha um único bastão de doce na porta do vigia, ele era legal, faz sentido gostar dessa data. Subo as escadas de ferro, o barulho pra quem nunca pisou nelas é horrível, mas me sinto em casa a cada degrau que subo. Ethan reclamava de tudo, cor das paredes, escolha das telhas e até mesmo da fonte dos números dos apartamentos, que ridículo. Retiro minha chave do bolso e abro a porta, tocando no interruptor e ligando a luz da sala e da cozinha, praticamente coladas.

Sem tempo pro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora