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Duas semanas para o Natal. Talin, Estônia. ☃️
Dezembro é o pior mês para quem está longe da família. Você até pode não gostar do Natal ou mesmo da sua família, mas você vai sentir falta deles, apesar dos pesares, tem o mesmo DNA.
As tradições familiares vão fazer falta, as perguntas bobas sobre a sua vida, as fofocas sobre os outros membros, a bagunça pós festa, os presentes que vão ser trocados, até mesmo a reclamação quando todos forem embora, levando as sobras da ceia.
Tudo isso fazia falta para Erika, por mais bobo que isso possa parecer. Sentia falta da sua avó, dos seus pais, irmãos e dos milhares de parentes que às vezes esquecia o nome e o grau de parentesco. Em certos momentos apenas queria abraçar sua avó e sentir o cheiro de vinho e maçãs que a matriarca emanava, ouvir conselhos que tudo ficaria bem. A sua loucura era tanta que chegava a ter saudades de brigar com os irmãos mais novos, de gritar com eles por motivos fúteis.
Batidas na porta a fizeram se afundar entre os cobertores grossos e apertar o coelho de pelúcia que tinha trazido consigo de casa, passos pesados ecoaram pelo quarto a fazendo bufar irritada. Rika gostava de ficar sozinha quando estava triste, normalmente se afundava nas suas mágoas com sorvete e lágrimas, era seu ritual sagrado há dois anos.
Sentiu a cama afundar ao seu lado, mas não se moveu. Por sorte, iriam embora logo a deixando sozinha mais uma vez.
— Rika? — Seu coração se alegrou ao ouvir a voz do seu piloto favorito. — Eu sei que está acordada, anjinho.
— O que você quer? — Perguntou manhosa como uma criança birrenta. — Me deixa quieta, por favor.
Paul não a obedeceu, tirou os cobertores do rosto dela e se deitou ao seu lado. Rika se acomodou nos braços dele, ele a envolveu com cuidado em um abraço desajeitado e forte, se inclinou beijando a bochecha da grega.
— Não vou te deixar sozinha. — Murmurou baixinho contra os ouvidos dela. Um arrepio nada familiar percorreu todo o seu corpo. — Vou ficar aqui até você sair do quarto. Estou disposto a fazer tudo para te deixar animada, Rika.
— Qualquer coisa, loirinho? — A grega perguntou esperançosa.
— Qualquer coisa! Estou disposto a assistir todas as animações da Disney com você.— Sua voz acariciou o rosto da loira, Rika entrelaçou seus dedos nos dele. — Fazer biscoitos natalinos, chocolate quente, te levar às compras…Qualquer coisa pra te ver sorrir.
Uma vontade impetuosa crescia no peito da grega naquele instante, queria ser ousada o suficiente para fazer um único pedido ao piloto estoniano, um desejo que vivia trancado a sete chaves em seu coração.
