Prólogo

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      Acordo pela manhã com mas um dia nublado na grande capital de São Paulo, pelo o que percebo pela pequena janela de vidro não vai demorar a chover. Sento calmamente na  minha cama que está com colchão surrado de tantos anos sendo usados que está quase criando uma gigante cratera no seu meio de tão velho , não reclamando dele pq já é uma lei saber que quanto mais velho mais confortável se torna. Levanto meu queixo na direção do meu relógio redondo de ponteiros que fica na parede do meu quarto e percebo que ainda está marcando cinco e meia da madrugada,  Me espreguiço e coloco
meus pés no chão gelado, que arrepia meu corpo pela diferença de temperatura.

Olho para os lados e vejo alicia, minha irmãzinha caçula dormindo serenamente a minha esquerda , levanto da minha cama ainda sonolenta amassando meus grandes olhos castanhos , acabo dando alguns bocejos vez ou outra, saio em silêncio do quarto sem fazer escândalos para não acorda-la, tranco a porta atrás de mim lentamente e ando a passos curtos  pelo corredor que tem as  paredes vermelhas desbotadas pelos longos anos sem pintura, vejo os quadros de fotos pendurados nas paredes, que de tanto olhar  já decorei de olhos fechados a posição que cada um se encontra, algumas do casamento simples dos meus pais e outras minhas e de meus irmãos juntos rindo e felizes, avisto o  quarto dos meus pais logo à frente, percebendo que a porta do mesmo está entreaberta ,empurro ela devagar para conseguir  colocar o rosto brevemente dentro do quarto já percebendo que está vazio.

desço as escadas da minha casa que dá logo acesso a pequena cozinha onde vejo minha mãe  com um avental rosa de  ursinhos preparando o café da manhã, enquanto falava felizmente com meu pai que estava com um charuto no lado equerdo de sua boca e segurava um jornal que parecia ser da semana passada, ele olhava para ela a escutanto fielmente deixando a leitura de lado , pelo o que parece estava adorando o papo ,ou se não, ele sabia fingir muito bem.

meu pai e  um homem que já está na casa dos cinquenta anos mas parece ser mais Velho pelos anos de trabalho pesado.

Mamãe me avista descendo as escadas, provavelmente com uma cara horrível e inchada pq ela toma um susto quando me vê.

- querida o que está fazendo acordada essa hora ?-ela pergunta olhando o relógio no seu pulso, provavelmente sabendo que ainda é muito cedo para eu levantar.

- Não consigo dormi - digo com a voz ainda grogue, o que é verdade, Porque desde o dia em que fiz a prova de bolsas para uma das mais prestigiadas faculdades de medicina na Argentina um mês atrás não consigo mais fechar os olhos como uma pessoa normal,tenho insônia quase todas as noites o que não é comum para mim. 

sempre fui uma menina com sono pesado, poderia estar  acontecendo a terceira guerra mundial e eu não acordaria, mas depois que fiz o teste que pode mudar meu futuro eu não durmo bem e não sei como ainda não comecei a comer os dedos juntos das unhas, se é que isso ainda pode ser chamado de unhas.

- essa ansiedade não vai te levar a lugar nenhum Amélia, só está te causando transtornos, aconselho que relaxe e tente fazer algo que te faça esquecer dessa carta pelo dia de hoje - meu pai diz soltando a fumaça do charuto pelos ares , ele sabe que eu odeio esse cheiro e sinceramente minha mãe já cansou de pedir pra ele parar.

apesar de ser rude e brigarmos por idiotices vez ou outra sei que meu pai me ama e que vai me apoiar para o que decidir ser meu futuro, o fato de eu escolher uma faculdade em outro país deixou meus pais aflitos e receosos, mas como disse que era algo que iria me fazer bem eles cederam pela minha felicidade, ou pelo menos minha mãe sim, meu pai continua com o pé atrás e vive dizendo que é perigoso é que tem milhões de faculdades por todo o Brasil. No entanto, eu quero voar, ter a sensação de liberdade que nunca vou ter embaixo das asas dos meus pais, poder ser independente e criar uma nova história em outro país parece assustadoramente empolgante.

- Eu juro que vou tentar - falo quando nem eu mesma crédito no que digo.

- Filha, sei que já conversamos sobre isso, mas você tem certeza que esse é o seu sonho? - minha mãe diz limpando as mãos em um pano de prato e vindo até mim para um abraço.

- Mãe eu nem sei se fui aceita ainda é vocês já querem que eu fique ? - digo com humor na voz.

- Você continua sendo nossa pequena e vai ser tentador ver você crescer tão longe - sei que vai ser difícil para eles, vai ser pra mim também nunca imaginei que seria fácil, crecí com o amor e carinho dos meus pais e irmãos, nunca fomos uma família rica em dinheiro mas nunca faltou afeto e companheirismo em nosso meio. 

- Eu sei, eu sei - disse resmungando quando minha mãe veio me encher de beijos nas bochechas e meu pai rindo nos observando.
            

                                          ✌🏻

- chegou, chegou, chegou... - alicia veio pulando com um sorriso amarelo eufórica em minha direção,  uma carta amarelada estava em suas mãos pálidas.
 
Eu já tinha noção do meu nervosismo mas depois de ver meu   futuro em um pedaço de um simples pedaço de papel fiquei mais pálida e nervosa do que estava.Eu podia sentir meu coração martelando forte no meu peito, a aflição e ansiedade chegou atacando de uma forma irracional, me sentei atordoada e com as mãos soando frio no sofá pequeno e duro pela falta de enchementos, vendo minha irmã de quinze anos sentar ao meu lado mais empolgada do que o necessário. Ela deixou a carta em uma mesinha de vidro logo ao centro da sala ,  segurou minhas mãos com uma força que transmitia segurança?
Ali olhava nos meus olhos passando conforto.

- eu acredito em você, confio no seu potencial, não é atoa que é a minha maninha mais inteligente da família.
- - disse me cutucando me fazendo rir de leve, já sentia meus olhos marejarem.

- Ohhh mãeeeeee - ela berrou alto, é tenho certeza de que por pouco não fico surda.

Nossa mãe aparece com um semblante assustado no rosto, saindo da cozinha correndo provavelmente achando que alguém morreu.

- o que foi menina- ela olha em volta , se aproxima de nós duas e puxa alicia pelo braço analisando seu corpo pra ter certeza de que está inteira e não em pedaços.

- a carta da faculdade de Amélia acabou de chegar.- ela disse apontando para a mesinha de centro.

- você me deu um susto Alicia, da próxima vez meu coração não aguenta- ela diz com a mão no peito. Ela desviou os olhos de minha irmã para mim com os mesmos semblante acolhedores que ali , passando a tranquilidade de que tenho elas ao meu lado não importa o que acontecesse.

- ninguém vai pegar a carta ? - minha mãe pergunta para nós e meio que para ela também.

Nós três olhávamos a carta como se fosse um mostro sinistro que acabou de habitar na terra. Ninguém se atreveu ir até lá, percebi que a única opção era eu. Levantei do sofá pegando a carta que parecia fogo em minhas mãos, retornei ao meu lugar e fiquei olhando aquele pedaço de papel tão importante para mim.

- abre Amélia, eu tenho ansiedade- minha irmã disse agoniada pela demora.

- calma filha, deixa no tempo dela- minha mãe Esmeralda disse acalmando a mine capetinha de quinze anos.

Eu não poderia ficar o dia todo esperando por um milagre, nada iria mudar o resultado, então porque prolongar meu sofrimento ?
Abri a carta com as mãos trêmulas, dando pequenos olhares discretos para minha família que me abraçava pelos lados. Sentir a falta de meu pai e meus irmãos mas todos trabalham tanto que vejo o meu pai só quando vem dormir e meus irmãos moram do outro lado da cidade o que virá uma fortuna se locomover de tão longe e gastar o dinheiro que não tínhamos.

- sim o que diz, o que diz Amélia. - minha irmã disse surtando.

-sim ou não ?- minha mãe perguntou serena.
Sentir meu olhos marejarem e começarem a molhar o papel em minhas mãos. Olho para as duas sorrindo e balançando a cabeça freneticamente.

- sim, sim , sim e sim...

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