Querido aluno

Capítulo 1

França

  Dou uma olhada para um ambiente bem decorado, uma entrada digna de respeito e claro, bem cuidada.
Nem preciso falar sobre a enorme área que estava me esperando.

  Para uma faculdade de artes, não poderia esperar menos. De cara já me deparava com um prédio enorme, com certeza era o prédio principal.
  Ao redor, vários minis prédios se encontravam - os dormitórios - provavelmente ficaria com meus irmãos, já que papai havia deixado claro para que eles cuidassem de mim.

  Tanta necessidade...Já era maior de idade, não necessitava de cuidados de um casal secreto.

  Entro para dentro e observo os arbustos cortados certinhos, poderia estar em um sonho, se não soubesse o quanto me dediquei para estar aqui.

  Não era brincadeira, as noites sem dormir, cartas enviadas e todas recusadas. Talvez eu fosse um pouco perfeccionista, mas tudo para chegar aqui.

✦

  Finalmente acho os dois garotos que tanto procurava, estavam abraçados e se amando - talvez dizendo coisas fofas um para o outro.

  Não era contra essa relação, mas papai sempre foi, então eles fingiram acabar tudo perto dele. E embora eu seja o preferido do papai, escondo muitas coisas do mesmo jeito.
E isso, é um deles.

  Me aproximo sorrateiramente para não atrapalhar o grude, fico parado do lado deles e escuto cada serenata de amor dita um para o outro.

   Espanha: — Você é o lírio do meu jardim, o encanto da minha vida — Ele dizia isso enquanto beijava as bochechas do menor, no caso, Portugal.

  Portugal por sua vez, olhava ele e dizia o mais seco possível que o amava.

  Não entendam mal, Portugal o ama, mas não demonstra tão bem seus sentimentos - não é muito aberto e romântico - ele se guarda bastante nessa questão.

  Não o julgo, às vezes me identifico com ele, quando tenho algum ficante ou namoradinho de momentos.

  Depois de meia hora de troca de demonstração de amor, dou uma pequena tossida e vejo os dois arregalando os olhos e virarem seus olhares para mim.

  Dou um sorriso de canto, enquanto eles se acalmavam. Portugal solta um longo suspiro de alívio e retribui meu sorriso.

  Espanha é quem quebra completamente o silêncio constrangedor.

   Espanha: — Quem diria que nosso irmãozinho seria aceito, depois de quantas recusas? — Ele me provoca, fingindo contar nos dedos todas elas.

   França: — Fique tranquilo, foram tantas que você mal conhece os números — Solto uma risadinha envergonhada e olho para o gramado.

   Portugal: — Pelo menos está aqui, e como já sabe, com seus dois irmãos favoritos! — o português vem rapidamente me abraçar, quebrando aquele constrangimento que crescia dentro de mim.

  Eu realmente fui recusado muitas vezes...E todos foram muito gentis, eles foram pacientes em me responder educadamente.

  Se fosse eu, responderia tão grosseiramente já na terceira carta enviada.