Olhar de sangue

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A dor não é só uma sensação, também é um sentimento, o sentimento é mais forte que a sensação, e tudo que te machuca de verdade tem gosto de frustração, ódio e tristeza.
No subsolo a maior dor é o silêncio, o silêncio de almas que queriam gritar por liberdade, mas as almas estão acomodadas em meio a cristais, e acorrentadas por chicotes.
Ethan sabia que sua mãe não aguentaria muito mais, os guardas são cruéis e não ligam para os Lix que morriam por exaustão.
É uma triste realidade que o subterrâneo teria que aceitar, pois eles não eram pessoas, não eram humanos, não eram animais e muito menos escravos, eles eram Lix, e em um reino como Palts, Lix é um sinônimo de "nada".
O clima do subterrâneo é tão pesado que os guardas de palts trabalham apenas 2 meses por ano, antes de trocarem os turnos, pois trabalhar mais que isso destruiria a mente dos próprios guardas.

- Filho, se quiser descansar você pode - A mãe de Ethan fala isso enxugando o suor de seu rosto enquanto usa sua picareta para conseguir os cristais

- Todos estão trabalhando, e você sempre trabalha duro mãe, preciso ajudar - Ethan fala isso enquanto agarrava os cristais do chão e encheria um balde

- Você é tão gentil, você me lembra seu Pai Ethan - A mãe de Ethan sorri enquanto continuava a minerar os cristais enquanto ofegava

Naquele local os garotos do beco da toupeira veriam Ethan de longe enquanto também ajudava seus pais no trabalho, eles ainda estariam com bastante raiva de Ethan.

- Esse idiota... - Um dos garotos encarava Ethan e logo fala algo no ouvido de seu amigo

- O que? Claro que não - O garoto ao ouvir a ideia de seu amigo ele se assusta e se afasta um pouco

- não quer se vingar daquele idiota? Afinal foi você que foi socado, você é tão frouxo? - O garoto que deu a ideia fala isso com um sorrido sádico

- se os guardas virem isso vamos acabar apanhando, e isso é muita maldade... - O menino olha pro chão um pouco confuso

- bom, eu não preciso de você, eu vou fazer, afinal alguém tem que dar um jeito naquela aberração. - O dois meninos voltam a trabalhar, mas o garoto que deu a ideia não parava de encarar Ethan sorrindo

- bom, acabamos Ethan - A mãe de Ethan finalmente se sentava após encher vários carrinhos de mineração e baldes de cristal

- acabaram é? - Um guarda paltniano se aproxima chutando um balde que Ethan tinha acabado de encher de cristais

O guarda que assassinou Aaron teria subido de cargo após tantos anos trabalhando no subterrâneo, agora ele comandava um grupo poderoso de guardas e deveria ser respeitado acima da maioria dos guardas.

- Natasha, tá linda como sempre, mesmo trabalhando tanto - Ele olhava para ela com malícia

- O que quer? - Natasha não esboçava nada em seu rosto, mas o ódio que ela sentia por ele era maior que todo subterrâneo

- Se terminaram mais cedo que os outros vocês não devem descansar, e sim continuar trabalhando, a meta de trabalho já é um pouco antiga, e a cidade de palts pediu para eu aumentar a remessa - Ele fala enquanto os guardas que seguia suas ordens logo atrás dele jogavam vários baldes na frente de Ethan e Natasha

- se lá encima estão pedindo para aumentar a remessa, mandem eles descerem e eles mesmo pegarem seus cristais - Ethan responde Moruh gritando enquanto balançava sua mão pro lado e o encarava

- que menino mais mal educado, puxou bem ao pai, mas se continuar assim vai ter o mesmo final que seu pai garoto, todos nesse subterrâneo sabem que devem respeitar o guarda Moruh - Os guardas comandados por Moruh ririam da fala da criança

A mira da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora