Capítulo 6

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— Então esses são os seus novos horários? — O policial perguntou olhando com atenção o papel em suas mãos, enquanto com a outra levava uma xícara de café até os seus lábios. Ele já havia percebido que Tighnari parecia ansioso e esperava algum tipo de resposta sua. O que achava bastante estranho — E você está... Bem com isso? Com esse trabalho?

— Ele vai me pagar bem, um pouco menos por conta da redução de carga horária, mas acho que será bom, minhas economias já estão acabando e não quero ser incoveniente dependendo de você.

— Eu não me importaria de sustentar você e a Collei por um tempo — Cyno falou olhando novamente para aquele horário — Já assinou o contrato?

— Não. Eu disse que precisava de mais um dia, então quis conversar com você.

O policial não entendia por que sua opinião era tão necessária para o menor, mas talvez não fosse. Talvez Tighnari só quisesse uma desculpa para recusar a vaga e ele seria sua melhor chance — Olha... Tighnari. É uma boa oportunidade e se a sua preocupação é com os sábados eu posso cuidar da Collei por você.

— Não!

— Não?

— Não!

— Ma... Mas o que não?

O feneco suspirou fincando de pé e andando de um lado para o outro ao menos umas cinco vezes antes de sentar novamente — Não me dá uma alternativa! Não facilita, só diz que precisa de mim em casa e eu... Eu não aceito.

— É... — Cyno repetiu aquela mesma vogal várias vezes, sem saber o que falar exatamente — Eu não sei o que falar Tighnari...

Ele suspirou mais uma vez pegando o celular — Eu vou ligar e dizer que aceito a vaga... Vou me arrepender se perder uma oportunidade dessas...

Cyno segurou sua mão e pegou o celular deixando de lado — Vai se arrepender mais se aceitar, não é o que você quer, você não gosta de trabalhar em clínicas e hospitais, sempre me disse isso e eu via você infeliz sempre que saía daquele hospital — O policial acariciou a mão macia e a segurou com mais firmeza — Eu não me importo se você decidir não aceitar esse emprego, você tem um lugar pra morar e eu vou ajudar no que precisar enquanto não conseguir algo que realmente queira.

Era a primeira vez que o feneco se sentia amparado e teve que lutar muito para não chorar. Ele não era de chorar e não faria isso naquele momento — Obrigado — Os dois passaram longos minutos acariciando suas mãos e perdidos no olhar um do outro.

Ao menos até Collei acordar puxando a blusa de Cyno e pedindo por colo — Bom dia — Ela murmurou o abraçando e voltando a cochilar.

— Vou fazer um lanche.

— Não precisa se preocupar comigo, eu estou indo para a academia — Tighnari assentiu e pegou Collei dos braços do policial.

— Você tem certeza que vai sem comer nada? Só tomou aquele negócio...  — Cyno acabou rindo para o menor assentindo e deixando o apartamento logo em seguida — Ele é doido.

— Você gosta dele — Collei murmurou fazendo carinho na bochecha do mais velho.

— O que? De onde você tirou isso?

— Tio Kaveh que disse.

— Você tá passando tempo demais com o tio Kaveh — Tighnari a deixou no sofá, era uma manhã de sábado e ele simplesmente não sabia o que fazer, tudo o que poderia fazer naquele momento era preparar o café da manhã para eles dois e pensar no almoço, ele não sabia o que o policial tanto fazia na academia que demorava quase duas horas para voltar.

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