My Dear Grandma

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Naquela manhã, tudo indicava ser um dia como outro qualquer. Mayla, seguindo sua rotina habitual, despertou ao primeiro toque do alarme às 6h. Com a disciplina que sempre a caracterizou, vestiu-se para a academia, onde dedicou uma hora do seu dia, buscando não apenas o fortalecimento físico, mas também uma forma de preparar sua mente para os desafios diários. Após o exercício, ela retornou ao seu apartamento, onde tomou um banho reconfortante, vestiu-se cuidadosamente e preparou-se para visitar sua avó no hospital, um compromisso que, apesar das circunstâncias, ela cumpria com um misto de esperança e preocupação.

No entanto, enquanto dirigia pelas ruas já conhecidas que levavam ao hospital, seu telefone começou a vibrar insistentemente. Na tela, o nome da enfermeira Dani apareceu, uma presença constante e nas atualizações sobre o estado de saúde de sua avó. Com o coração apertado, Mayla atendeu, esperando ouvir notícias de melhora ou ao menos um relato estável de sua condição. Mas a voz do outro lado carregava um peso diferente desta vez, uma hesitação que preparava o terreno para o impacto das palavras que viriam.

"Mayla," começou Dani, sua voz embargada pela tarefa que lhe cabia, "eu sinto muito ter que te dar essa notícia por telefone, mas... sua avó não resistiu essa noite. Ela veio a óbito algumas horas atrás. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance."

As palavras de Dani atingiram Mayla como um soco no estômago, cada sílaba uma lâmina afiada que cortava por dentro, deixando-a sem fôlego. A realidade ao seu redor pareceu desacelerar, os sons tornaram-se distantes, e o mundo perdeu sua cor. Em um reflexo instintivo, ela pisou no freio e girou o volante, estacionando de forma brusca no acostamento. O carro parou, mas sua mente continuava a mil, incapaz de processar completamente a magnitude da perda.

Lágrimas começaram a formar-se em seus olhos, turvando sua visão enquanto ela tentava dar sentido à realidade que, até aquele telefonema, parecia um dia comum. A dor da perda era uma tempestade que se formava dentro dela, devastadora e implacável. O silêncio do carro tornou-se um vácuo, engolindo os sons do mundo exterior, deixando-a sozinha com sua dor e as memórias de sua avó, que agora pareciam tesouros frágeis e preciosos, irrecuperáveis no tempo.

Naquele momento, Mayla sentiu-se profundamente perdida, como se o mundo ao seu redor tivesse desaparecido, deixando-a flutuando em um vazio onde o tempo e o espaço perdiam seu significado.

O choque da notícia fez com que até o ato mais básico e instintivo, a respiração, parecesse estranho e inalcançável. Ela se esqueceu de como inspirar, a dor em seu peito era tão intensa que bloqueava o fluxo natural do ar, deixando-a presa em um limbo entre a necessidade de respirar e a incapacidade de fazê-lo.

Era como se, naquele instante, toda a orientação sobre o que fazer ou para onde ir tivesse sido apagada, substituída por uma névoa densa de incerteza e desorientação. Mayla estava imobilizada pelo peso do luto, sem saber como seguir em frente ou o que fazer a seguir, completamente à deriva em um mar de tristeza.

Após alguns momentos imersa em sua dor e confusão, Mayla conseguiu reunir forças suficientes para retomar o controle de si e do carro, seguindo caminho até o hospital. Sua chegada ao local foi marcada por um silêncio pesado, que parecia preencher os corredores e salas, refletindo a gravidade de sua perda. Foi recepcionada com olhares de compaixão e palavras suaves por parte dos funcionários, que conheciam a frequência de suas visitas e o laço especial que ela compartilhava com sua avó.

Com sensibilidade, guiaram-na para que se preparasse adequadamente, fornecendo-lhe vestimentas apropriadas para o momento solene de despedida. A compreensão e o cuidado dos que a cercavam ofereceram um pequeno conforto em meio à tempestade de emoções que Mayla enfrentava.

Permitiram-lhe, então, entrar no quarto onde sua avó repousava, um ambiente agora tranquilo e silencioso, onde o tempo parecia estar suspenso. Ali, Mayla aproximou-se do leito, observando a serenidade no rosto de sua avó, uma expressão que contrastava com a turbulência em seu próprio coração. Esse momento de despedida, embora dolorosamente difícil, permitiu-lhe um último contato, uma última chance de dizer adeus, antes que sua avó fosse gentilmente retirada do leito, marcando a conclusão de sua jornada terrena.

sᴛɪʟʟ ᴡɪᴛʜ ʏᴏᴜ - ᴊᴇᴏɴ ᴊᴜɴɢᴋᴏᴏᴋ Onde histórias criam vida. Descubra agora