O casamento da minha melhor amiga - Portiñon

Capítulo 3

***ANAHÍ***

- Eu não quero ir! - eu disse ao meu marido, irritada por não me compreender.

Manuel Velasco me olhou fechando a cara.

- Eu já te disse mil vezes que temos que ir. Esse casamento está muito visado pela imprensa e eu preciso desta visibilidade no momento. Ela é sua amiga e não consigo entender porque você não quer ir. - ele dizia nervoso. - Enche tanto a boca para falar dela e agora não quer estar junto em um momento tão importante?

Meus olhos encheram de lágrimas.

Era lógico que eu queria estar com ela. Queria abraça-la e dizer quer aquele momento também era especial para mim. A diferença é que eu não queria estar no papel de "convidada". Queria estar no papel de "noiva".

E era óbvio que eu não tinha como explicar isso ao meu marido. Esse era um segredo que só eu e Deus podiam saber.

- Vamos, Anahí! - ele me disse. - Além de me ajudar, tenho certeza que você vai deixar a sua amiga feliz.

Eu suspirei na falta de argumentos para rebater. Só queria ir ao banheiro e chorar em paz. 

 Vou ensaiar bastante e colocar o meu lado de atriz para funcionar. Porque se eu for ser quem o meu coração está pedindo, eu vou ser aquela que levanta no meio da cerimônia e responde "EU" quando perguntam se alguém tem algo contra aquele casamento.

***DULCE***

   Vi minha mãe olhar o meu vestido que estava pendurado e suspirar.

- Quem diria que a minha menina de 23 anos, que já tinha até escolhido vestido e fugiu correndo dizendo que casamento não era para ela... Agora vai casar! Imagina só! - ela apontou. - Quando o amor chega não tem jeito! A gente sente que é a hora certa!

  Pois é. Com 23 anos eu estava prestes a casar com o Pablo Lyle quando desisti de tudo. Uns diziam que era medo, outros diziam que era porque eu não o amava tanto assim e que por isso mesmo eu me separei depois.

   O que ninguém sabe é que um dia antes da minha decisão, a Anahí foi na minha casa. Não, não rolou nada demais. Já ter adianto esse spoiler para que você não fique com expectativa e se frustre depois.

   Sempre fomos muito amigas, sempre muito carinhosas uma com a outra e naquela noite não foi diferente. Assistimos filmes juntas, rimos e conversamos. 

   Como eu disse, sempre fomos muito carinhosas uma com a outra e tínhamos o costume de nos abraçar e dar beijos no rosto o tempo todo. Parecia uma necessidade. Eu amava aquela proximidade.

   Em um desses abraços, lembro dos seus olhos azuis me olhando com tanta ternura e perguntando:

"você ama ele tanto assim a ponto de querer casar?"

    Meu coração bateu mais forte. Quando eu casasse, ela não ficaria mais na minha casa daquela forma, daquele jeito.

"Amo. Não mais do quanto eu amo você."

   Falei simplesmente. Eu não pensei. As palavas só saíram da minha boca.

"Então casa comigo" - ela riu.

   Dei risada e um beijo na sua cabeça, no meio do cabelo. 

   Não sei o que passava na cabeça dela, mas aquela brincadeira mexeu muito comigo.

   Sempre tive uma certa esperança que nunca existiu. 

   Com o tempo, eu e a Any nos afastamos. Eu sinto que foi por ciúmes de novas amizades, mas ela dizia que não, que era porque eu estava diferente com ela. Essa história nunca ficou muito esclarecida.

   Hoje em dia estamos longe em distância física. Mas sempre conversamos para manter uma amizade. Devo confessar que isso me faz muito bem.

   - Mãe, vou te confessar um coisa. - sentei ao seu lado. - Eu quero casar porque já estou com quase 40 anos. Tenho que formar uma família. 

   - Filha, você não "tem que nada".

   - Mas já chega de esperar! Penso que chegou o momento mesmo de casar!

   Ela suspirou e passou a mão no meu rosto.

   - Acho que uma visita faria você desistir, não é verdade?

   Olhei para cima, com um breve suspiro. Minha mãe sempre foi a minha confidente e sabia de exatamente tudo.

   - Sim. Ela conseguiria fazer eu desistir de tudo. Mais uma vez...

   Minha mãe me puxou para um abraço. Ela sabia o quanto eu precisava disso.