𝒸𝒶𝓅 4

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A A garota pareceu assustada com a forma em que meus pais morreram, o que já era de se esperar. Dei apenas um sorriso um pouco forçado, peguei meu celular e vi o horário que era 10:34PM.

Conversamos sobre coisas aleatórias por mais algum tempo, e após uns 25 minutos o garçom chegou e colocou a barca na mesa.

Estava um pouco nervoso já que era a primeira vez que eu estava em um encontro; eu normalmente não saio com muitas pessoas e muito menos a sós com garotas. Tomei um gole do vinho que havíamos pegado junto com a barca, e fiquei olhando para ela com um sorriso alegre, ouvindo o que tinha para dizer.

- Você é uma pessoa muito interessante, Max. Quais seus gostos musicais?

Perguntei para a garota que ficou um pouco pensativa antes de responder.

- Bom, eu herdei o gosto musical de Rock e Jazz por causa do meu irmão... Mas às vezes ouço músicas calmas que minha mãe e meu pai gostavam, é bom lembrar deles também.

A garota disse com seus pensamentos longe, e um sorriso cativante no rosto.

- Ah, são ótimos gostos! Também gosto de Rock.

Sorri e continuei comendo.

- Você herdou algum gosto musical de seus pais, ou de algum irmão?

Ela me perguntou parecendo interessada em saber mais sobre minha família.

- Não Max. Eu não quero lembrar da minha mãe, e eu não consigo lembrar do meu pai. Meio que eu não sou bom com lembranças, odeio viver no passado.

Dei uma pausa dramática.

- Já sobre meu irmão, eu não sei o que aconteceu com ele, ou sequer se ele está vivo.

Me senti um pouco mal após terminar aquela frase, mas continuei tentando manter um bom humor.

- Espera, você já teve um irmão?

Ela perguntou curiosa.

Soltei meu garfo no canto do prato, e olhei para a janela, tentando lembrar.

- Eu não lembro muito bem. Quando eu ainda era um adolescente de 14 anos, cheguei a ver minha mãe grávida. Meu pai agrediu ela algumas vezes, provavelmente por eles não terem tomado cuidado para aquilo não acontecer. Depois de alguns meses, eles ficaram dois ou três dias sem voltarem para casa, e quando voltaram, minha mãe não estava mais grávida. Provavelmente eles abortaram a criança, já que eu nunca mais a vi.

- Poxa, eu sinto muito Nichollas...

Ela falou com uma expressão de pena.

- Você não tem culpa Max. E aliás, eu ficaria mais triste se ele tivesse nascido e tivesse que conviver com meus pais. Eles não eram as pessoas mais agradáveis do mundo, acredite.

Apesar daquilo ser um pouco triste, eu acabei soltando uma risada para descontrair o clima.

- Eu imagino. Você cresceu muito bem se pararmos pra pensar em tudo que você passou.

Ela deu um sorriso carinhoso, e eu o retribuí.

- Obrigado ruivinha.

Ficamos bastante tempo conversando no restaurante. A Max me contou várias coisas sobre ela, e eu várias coisas sobre mim o que tornou nossa relação bem mais próxima e confiável. Fico muito feliz por ter a conhecido na verdade.

Quebra de tempo.

P.O.V Max.

Já era bem tarde quando decidimos pedir a conta e ir embora daquele local. Como a casa de Nichollas era bem perto, decidimos ir a pé até lá.

ꜱᴇʀɪᴀʟ ᴋɪʟʟᴇʀ 𝟸𝟸Onde histórias criam vida. Descubra agora