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NITARA COLOMBO

Coloquei os s'mores no forno da minha casa e observei a Lilith, irmã do Ronald Araújo. Antes que me perguntem: não, eu não tenho nenhum envolvimento com a equipe blaugrana.

A não ser pelo idiota do meu ex-namorado.

Lilith estudava comigo no último ano. Estávamos em dezembro, então eu me formaria em junho. Todos os meus parentes perguntaram para mim qual curso eu faria na faculdade e eu escolhi medicina para depois me especializar em psiquiatria.

O vestibular aqui era mais fácil do que no Brasil, então eu resolvi continuar em Barcelona por causa disso. Caso contrário, eu já estaria no meu país Rio de Janeiro.

No ano passado eu tive uma grande desilusão amorosa com um jogador do Barcelona. Devo deixar claro que desde o início ele era um esquisito, um mongoloide... Mas como toda mulher apaixonada, eu não conseguia enxergar isso, porque para mim ele era o garoto mais perfeito do mundo.

Eu deveria ter desconfiado quando ele disse que gostava de Taylor Swift e Lana Del Rey. Esses são os piores.

— E o que você vai fazer nesse natal, bebê? — Lilith perguntou. Eu alinhei os meus lábios e movimentei os meus ombros para cima e para baixo.

— Devo passar com o meu primo. A minha família toda está no Brasil. — eu respondi. Ajeitei o meu cabelo e recolhi o resto dos ingredientes para guardar no armário. Meu primo era quatro anos mais velho do que eu, mas ele parecia ser mais novo pela mentalidade dele. — E você, tchuchuca?

— Devo passar com a Isis. — a morena respondeu. Um sorriso malicioso surgiu nos meus lábios e eu encarei-a sugestiva. — Nem me olhe assim, Nitara. Eu vou conhecer a família dela e nós vamos cear.

— Tenha mais respeito no natal hein. Não seja a ceia dela. — eu retruquei. Lilith me encarou perplexa e eu assobiei, fingindo que nem era comigo.

— Você fala assim, mas quem perdeu a virgindade com o Héctor em um natal não fui eu! — Lilith pontuou. Eu chiei para ela e pigarreei.

— Não falamos do Héctor aqui. — eu esfreguei o meu dedo indicador nos lábios dela e ela lambeu-o. Eu fiz uma careta e fingi que ia vomitar. — Sai fora, Lilith.

— Foi você quem começou. — a minha melhor amiga exclamou. Eu movimentei os meus ombros para cima e para baixo e apoiei a minha cabeça na minha mão. O meu corpo estava apoiado na ilha da cozinha. — Homem é tudo uma praga mesmo... Se você ainda namorasse com ele, nós poderíamos passar o natal juntas.

— Ainda bem que eu não namoro mais. — eu mordi o meu lábio inferior e ergui as minhas sobrancelhas. — Você tem sorte de gostar de mulher. Nós, mulheres, somos perfeitas e não erramos, diferente dos homens que sempre erram.

— Ícone do feminismo. Palmas. — Lili bateu palmas para mim. Eu soltei uma risada e mandei beijo para ela. — Se sofrer por homem é ruim, imagina sofrer por mulher? Eu sofria por algo que tem a mesma fruta que eu tenho!

— Você tem um ponto. — eu disse. — Mas sofrer por mulher com certeza é menos pior do que sofrer por homem.

— Fala sério, Ni. Você sofreu por um homem meio-bicha. — a morena lembrou. Encarei ela, extremamente ofendida.

— Esses são os piores. — eu me defendi. — Os meio-bichas começam falando que gostam de Taylor Swift e odeiam o Kanye West, depois falam que gostam de Barbie e por último terminam com você em uma quinta-feira aleatória, às quatro e trinta e sete da tarde no horário de Brasília, quando você está na sua cidade natal e ele está na cidade dele no outro lado do mundo. O que me impede de pensar que ele pode ter me traído com o Marc? Ele é meio-bicha e os dois vivem tanto tempo juntos que parecem gêmeos siameses.

exmas, hector fort.Onde histórias criam vida. Descubra agora