Menos um

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Todos estavam prontos para o enterro do antigo rei. A cidade inteira estava de luto, e todos os habitantes, juntamente com a família real, assistiam o padre Nathaniel Harrington realizar sua missa a céu aberto.

Jeongyeon permanecia ao lado de sua mãe, encarando fixamente o senhor velado à sua frente. Não podia negar que desejava que o que estava vendo fosse apenas um sonho ruim.

Talvez ele fosse a pessoa que mais gostou em sua vida.

Jeongyeon seria incapaz de amar qualquer outra pessoa mais do que a si mesma, isso é óbvio. Porém, Min-ho era diferente.

Ele não gritava sobre como ela só fazia coisas erradas, ele não tentava agredi-la. Em vez disso, ele a entendia, conversava com ela.

Ele a amava. Mais do que seus próprios pais.

[...]

1865

— Vovô!

— Jeongyeon, não corra! Você nunca aprende!

— Ah, pare de ser chato, Changjoon. Estou com saudade da minha margarida!

A quase adolescente correu até seu avô e foi pega no colo por ele, sem esperar para lhe dar um forte abraço.

— Também estava com saudade, vovô! Muita saudade!

— Mesmo?! Vamos deixar seu pai chato aí e vamos andar pela vila. Você quase nunca sai de casa.

Min-ho a colocou no chão, segurando sua mão com delicadeza.

— Ela não sai porque não merece! Não faz nada certo! Ela estava arrumando problema pela vila de novo!

— Por Deus, você só sabe gritar. Não te criei tão mal educado assim. Vou conversar com ela.

Jeongyeon, ainda de mãos dadas com o avô, começou a caminhar com ele pela vila, até um local escondido onde treinavam tiro ao alvo.

— Vovô, posso fazer uma pergunta?

— Claro, meu amor.

— Por que a mamãe e o papai não gostam de mim como gostam do Tae?...

O senhor suspirou ao ouvir tal pergunta de uma garota de 12 anos, sentindo seu coração doer.

— Eles são idiotas, não conseguem enxergar o quanto você é perfeita e preciosa. Eles querem apenas que você seja uma criada deles, que obedeça às suas ordens. Mas me prometa que você nunca será igual ao Taehyung. Eu não quero que você seja mandada igual a ele, por mim você seria a próxima a governar no lugar dele. Porém não posso mudar isso. Eu te amo e sua avó te amava ainda mais. Você promete que não vai ser igual a ele?

— Prometo, vovô. Eu também amo você e a vovó. Mesmo ela estando no céu com as estrelinhas.

[...]

Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha de Jeongyeon, porém ela não a secou. Ele merecia saber o quanto ela estava sofrendo. Sofrendo por ele.

Jeongyeon estava perdida em seus pensamentos e mal percebeu que já estava na hora de enterrar o senhor.

Essa era a última vez que iria vê-lo.

Cada membro da família foi até o caixão para se despedir do senhor. Quando chegou a vez de Jeongyeon, ela se aproximou lentamente e deixou a margarida que segurava com delicadeza dentro do terno do senhor.

— Eu te amo, vovô... E vou cumprir sua promessa... Não serei como eles... Serei muito melhor... Cuida da vovó para mim junto com as estrelinhas... Essa é a última vez que iremos nos ver, você e a vovó estão no céu... Mesmo no dia de minha morte eu não estarei com o senhor... Estarei no inferno pagando por tudo que fiz e irei fazer... Descanse em paz... E me perdoe...

Mais algumas lágrimas desceram de seu rosto, e dessa vez ela as limpou com um lenço que um dos guardas havia dado. Voltando para o seu lugar, permaneceu com seu olhar no senhor.

Com a permissão de Changjoon, o caixão foi fechado e enterrado. Antes que qualquer pessoa fosse embora, quatro disparos foram escutados, seguidos pelo baque do corpo de Sookyung no chão, já sem vida.

Todos os presentes ficaram aterrorizados ao ver a futura rainha cair após um tiro certeiro em sua barriga.

Os olhos de Jeongyeon se arregalaram, com suas mãos na boca em completo choque, lágrimas derramando por seu rosto e se misturando com pequenas gotas de sangue que haviam respingado nela. Ela se ajoelhou, pegando a mulher no colo, sem se importar em sujar seu vestido.

— N-não... Por favor, mamãe... Não, não, não... Alguém ajuda, por favor! Não fiquem parados olhando!

Após o grito da princesa, todos os guardas afastaram os plebeus que estavam muito perto. O rei, junto ao príncipe, correram para procurar o médico do castelo, que não havia participado do enterro por motivos de saúde.

[...]

3 horas antes do enterro.

— Quem é você? Como entrou no meu escritório?!

— Eu sou Mina Windsor, prazer. Eu preciso fazer algo com você, porém apenas um dos lados será beneficiado, e será o meu. Tchauzinho.

— Do que você está-

Antes de terminar sua frase, foi atingido por uma bala na testa, tirando sua vida imediatamente.

— Desculpinhas.

[...]

— Até mais... Te vejo no inferno, mamãe...

Jeongyeon sussurrou para a mulher em seu colo.

Menos um.

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