Não Preciso de Ajuda

22 3 138
                                    

Tinha passado uma semana desde o incidente no jogo final do torneio de Quidditch. Chiyo Kogawa finalmente anunciara que Hufflepuff fora a equipa vencedora. A punição para Slytherin fora perda de pontos: dez pontos por cada jogador e trinta pela falta contra o próprio keeper. Assim, totalizara uma perda de cem pontos.

Se antes o ambiente na mesa de Slytherin não estava bom, tornou-se péssimo. Boa parte olhava Morgana de lado apesar da culpa estar longe de ser dela. E o que ela fazia? Nada. Preferia ser odiada do que amada, porque essa era a única realidade que conhecia e sabia lidar. Ajustou a máscara de indiferença no rosto e silenciou o grito de revolta que ameaçava quebrar a sua fachada. Levantou-se primeiro que Anne e Ominis, quando terminou a refeição, e saiu do Salão Principal.

Era sábado e tinha nos seus planos estudar para as provas de fim do ano. Tinha, porque havia quem tivesse planos diferentes para si.

– Onde vais, Malfoy? – Um colega de Slytherin disse no grupo de alunos que começou a rodeá-la, também eles da sua casa. Fecharam-se em círculo à sua volta num dos corredores do castelo. Para seu azar, nenhum outro aluno passava por ali. Estava por sua conta.

Morgana foi obrigada a parar e percorreu os olhos por cada um dos rapazes à sua frente. Reconheceu Henry Abbott entre eles. Foi ele quem se chegou à frente para a intimidar.

Olhou para cima para o fitar nos olhos. Cruzou os braços, o que pareceu a Henry Abbott que Morgana estava na defensiva. O que ela fazia, na verdade, era tatear o casaco atrás da sua varinha.

– Achavas que ias sair na boa depois do que aconteceu no jogo?

– Devo relembrar que não fui eu quem se ofereceu? – Deu de ombros e Henry cerrou os punhos. Reconheceu o quanto a sua indiferença o afetava.

Quando sentiu a varinha, puxou-a e enfiou-a completamente na manga na camisa.

– És amiga dos Sallow. Claro que iriam recomendar-te.

– E a Imelda não sabe decidir por ela própria? Eu entrei no lugar do Sebastian Sallow por aprovação dela.

Henry mastigou o ar e fez uma careta de nojo.

– Não sei o que ela tinha na cabeça para aceitar sem consultar a equipa.

– Então o que estás aqui a fazer? Vai e diz-lhe. Ou tens medo da Imelda Reyes? – Morgana não poupou no sarcasmo e ainda sorriu; a cereja no topo do bolo para deixar Henry furioso.

Ele avançou, de coluna ereta, ameaçador. Fuzilava Morgana do alto, embora não fosse suficiente para intimidá-la. Afinal, ela já tinha vivido mais do que uma ameaça silenciosa. No entanto, quando a mão fechou-se com força no seu maxilar, a sua respiração pesou. Henry sorriu e todos riram à sua volta.

– Hey! – Uma voz gritou da curva mais próxima do corredor, não muito distante.

Morgana aproveitou a distração do grupo, desvencilhou-se de Henry, e furou em direção à voz amiga. A cabeleira ruiva não deixava dúvidas: era Garreth Weasley. Assim que a viu, Garreth atirou uma garrafa de poção que se partiu aos pés do grupo. Uma nuvem densa e branca envolveu-os por um minuto.

Garreth agarrou a mão de Morgana e puxou-a pelo restante do corredor. Ao olhar por cima do ombro, viu o grupo de Slytherin preso numa camada de gelo.

Estava tão atónita que só teve reação quando chegaram ao exterior, na saída oeste do castelo.

– O que foi aquilo?

Garreth riu-se antes de lhe responder.

– Ainda achas a minha poção demasiado natalina?

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora