6 - Não Preciso de Ajuda

26 3 138
                                    

Tinha passado uma semana desde o incidente no jogo final do torneio de Quidditch. Chiyo Kogawa finalmente anunciara que Hufflepuff fora a equipa vencedora. A punição para Slytherin fora a perda de pontos: dez pontos por cada jogador e trinta pela falta contra o próprio keeper. Assim, totalizara uma perda de cem pontos.

Se antes o ambiente na mesa de Slytherin não estava bom, tornou-se péssimo. Boa parte olhava Morgana de lado apesar da culpa estar longe de ser dela. E o que ela fazia? Nada. Preferia ser odiada do que amada, porque essa era a única realidade que conhecia e com a qual sabia lidar. Ajustou a máscara de indiferença no rosto e silenciou o grito de revolta que ameaçava quebrar a sua fachada. Levantou-se primeiro que Anne e Ominis, quando terminou a refeição, e saiu do Salão Principal.

Era sábado e tinha nos seus planos estudar para as provas de fim do ano. Tinha, porque havia quem tivesse planos diferentes para si.

— Onde vais, Malfoy? — perguntou-lhe um colega de Slytherin, enquanto o grupo de alunos da mesma casa começava a rodeá-la. Fecharam-se em círculo à sua volta num dos corredores do castelo. Para seu azar, nenhum outro aluno passava por ali. Estava por sua conta.

Morgana foi obrigada a parar. Os seus olhos percorreram os rostos dos rapazes à sua frente, reconhecendo Henry Abbott entre eles. Foi ele quem se chegou à frente, determinado a intimidá-la.

Ergueu o olhar para o fitar diretamente. Cruzou os braços, o que, para Henry Abbott, parecia um gesto defensivo. O que ela fazia, na verdade, era tatear o casaco atrás da sua varinha.

— Achavas que ias sair na boa depois do que aconteceu no jogo?

— Devo relembrar-te, e aos teus, que não fui eu quem se ofereceu? — Deu de ombros e, instintivamente, Henry cerrou os punhos. Nos olhos dele faiscou a raiva. Morgana quase sorriu vitoriosa, não estivesse ela ainda em desvantagem.

Enfim, sentiu a varinha. Puxou-a e enfiou-a completamente na manga na camisa.

— És amiga dos Sallow. Claro que iriam recomendar-te.

— E a Imelda não sabe decidir por ela própria? Eu entrei no lugar do Sebastian Sallow por aprovação dela.

Henry abriu e fechou a boca como se mastigasse algo invisível, antes de torcer o rosto numa careta de nojo.

— Não sei o que ela tinha na cabeça para aceitar sem consultar a equipa.

— Então o que estás aqui a fazer? Vai e diz-lhe. Ou tens medo da Imelda Reyes? — Morgana não poupou no sarcasmo e ainda sorriu; a cereja no topo do bolo para deixar Henry furioso.

Ele avançou, de coluna ereta, ameaçador. Fuzilava Morgana do alto, embora não fosse suficiente para intimidá-la. Afinal, ela já tinha vivido mais do que uma ameaça silenciosa. No entanto, quando a mão fechou-se com força no seu maxilar, a sua respiração pesou. Henry sorriu e todos riram à sua volta.

— Ei! — Uma voz gritou da curva mais próxima do corredor, não muito distante.

Morgana aproveitou a distração do grupo para desvencilhar-se de Henry, e furou em direção à voz amiga. A cabeleira ruiva não deixava dúvidas: era Garreth Weasley. Assim que a viu, o ruivo atirou um frasco para os pés do grupo. Os estilhaços perderam-se na nuvem espessa que os envolveu.

Garreth agarrou na mão de Morgana e puxou-a pelo restante do corredor. Ao olhar por cima do ombro, viu o grupo de Slytherin preso numa camada de gelo.

Estava tão atónita que só esboçou alguma reação quando chegaram ao exterior, na saída oeste do castelo.

— O que foi aquilo?

Garreth riu-se antes de lhe responder.

— Ainda achas a minha invenção demasiado natalina?

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora