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Todos conhecem seus próprios limites e finalmente percebi o meu

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Todos conhecem seus próprios limites e finalmente percebi o meu. Depois de uma infância ferrada, com pais abusivos e ser obrigada a fugir para um orfanato qualquer, apenas para ser assediada pelo diretor e ter que fugir novamente e acabar vivendo nas ruas, sobrevivendo de migalhas que mal conseguia com meu trabalho.

Mas diferente de muitos que cresceram na rua, recebi uma oportunidade ao ser acolhida por uma senhora que quis me ajudar e me deu um emprego em sua confeitaria. Uma oportunidade única na vida para alguém como eu, onde me esforcei e aprendi tudo o que podia, até finalmente abrir minha própria doceria e ter meu próprio espaço, para muitos não era algo tão grandioso, porém para mim aquilo era tudo.

Era um constante lembrete de que apesar de tudo o que eu passei, eu saí das ruas e agora vivia uma vida simples, mas decente onde não precisava me humilhar por nada mais que migalhas e onde não tinha a possibilidade do meu estômago ranger pela fome ao ponto de ver lixo como comida.

Entretanto acho que toda essa sorte veio com um preço, uma pegadinha de muito mal-gosto da vida, que me sabotou e destruiu todos os meus sonhos.

Agora já não tinha nada, porque um problema com a fiação da casa, queimou os meus sonhos e todos os meus esforços de uma só vez.

Perdi tudo e a única coisa que ganhei em troca foi algo que não queria, um montante de dívidas que não poderia pagar nem se eu conseguisse me multiplicar em duas.

Sim, em um piscar de olhos eu perdi tudo aquilo que construí durante minha vida e prefiro morrer a ter de voltar a viver nas ruas.

Isso pode explicar minhas atuais ações, provavelmente não passaria de mais um nome em um obituário, já que não havia ninguém nesse mundo que se preocupasse ou sequer se importasse com minha existência.

Então por que não acabar com tudo de maneira rápida e o mais indolor possível?

Sim, aqui estou eu, sentada na beira de uma ponte, olhando os carros que passavam apressados, já devia passar das 20:00 horas da noite, e o tempo estava fechado, provavelmente vai chover e talvez por isso algumas poucas pessoas corriam apressadas, provavelmente, para suas casas, sequer dando conta de que eu estava bem ali.

O que faz muito sentido, já que não sou ninguém para essas pessoas.

Respirei fundo a procura de ar quando o vento gélido me envolveu e cobriu meu rosto, um arrepio frio percorreu meu corpo gelando até mesmo minha espinha.

Será que aquela água estaria tão gelada? Provavelmente sim.

Mas não é como se eu tivesse muitas opções, mesmo que desistisse dar um fim a minha vida, isso não impediria que eu morresse de hipotermia, já que eu não tinha um lar ou uma cama quente para voltar.

INDESEJADA - Dark Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora