Capítulo 4- Quem é o rapaz no rio?

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"Você me trouxe esperança onde eu apenas via destruição"
Danny Silva

Na manhã seguinte, Moly acordou ao meu lado, eu ainda não podia acreditar que ela seria minha guardiã e que também era guardiã de minha mãe, foi tanta coisa para processar que eu não sabia direito o que fazer.
Luisa chega no meu quarto sorrindo e me chamando para comer, eu coloco minha roupa para começar o dia e vou lavar o rosto.
- Eu espero me acalmar um pouco hoje...- disse enquanto saia do banheiro
Quando eu entrei na cozinha todos estavam sentados e eu me sentei ao lado de meu pai sorrindo, a comida estava maravilhosa e eu sabia que meu pai estava muito sobrecarregado com tudo que aconteceu no dia de ontem.
Depois de ajudar nas tarefas eu chamei Moly para me acompanhar para um passeio na floresta, meu pai hesitou um pouco mas permitiu que eu saísse com Moly e Luisa junto, assim ele ficaria mais tranquilo, eu o obedeci e sai com Moly e Luisa para a floresta.
O som de um riacho me chamou atenção, o cheiro das flores era doce e acolhedor, eu podia sentir a luz do sol no meu rosto, era tudo acolhedor e confortável. Andamos um pouco pela floresta e Moly sempre andava ao meu lado juntamente de Luisa que cuidava atentamente por onde andávamos.
Moly parou e rosnou ao sentir uma presença diferente, Luisa se preparou para atacar e a me defender, mas eu sentia que não era perigoso, eu sentia algo, alguém pedindo socorro.
- Kehe!- Eu disse para elas que ficaram surpresas
Eu fui mais para dentro dos arbustos que havia ali e encontrei um ser místico com chifres enormes, um cabelo com mechas azuis brilhantes como a lua à noite, asas incrivelmente grandes, elas eram da cor esmeralda e eram lindas de se ver, o ser também tinha uma cauda longa e estava completamente machucado.
Não sei por qual razão mas assim que o vi meu coração se apertou e eu corri para aonde ele estava, Moly correu ao meu lado enquanto Luisa gritava ao longe para mim voltar, eu não me importava com o que iria acontecer, eu apenas queria o ajudar.
Sem perceber um ser encapuzado saiu da floresta e correu em minha direção, era como o ser que havia me perseguido na floresta, mas este era muito maior, Moly se transformou em um Grifo com asas enormes e atacou a criatura rapidamente, Luisa veio ao meu lado.
- VAMOS EMBORA LUCY! DEIXE-O AI!- Disse Luisa
- Luisa eu não posso...- Eu fui ao lado do suposto rapaz
Assim que ele abriu os olhos e me viu disse algo que me pegou desprevenida
- Suma daqui ou eu te mato...
E com isso ele fechou os olhos, ele parecia assustado e com medo, eu não poderia deixar ele ali para morrer, enquanto Moly lutava com a criatura eu gritei para Luisa ajudá-la e ela ajudou na batalha, a criatura finalmente saiu correndo sumindo pela floresta, Moly ainda estava em forma de grifo e eu pedi para ela carregar o desconhecido até o esconderijo onde estávamos.
Correndo freneticamente, conseguimos chegar no esconderijo ilesas e salvas, eu chamei meu pai e Drake que vieram correndo, assim que viram o rapaz inconsciente me questionaram e perguntaram quem era ele.
- Não dá pra explicar, Luisa traga ervas medicinais e curativos o mais rápido! Ele está perdendo muito sangue! - disse freneticamente
- Filha o que está acontecendo?- Perguntou meu pai confuso
- Prometo te explicar depois pai, mas agora eu quero que você me ajude a salvar a vida dele!
No mesmo instante meus olhos ficaram brancos e meu pai recuou um pouco, quando Luisa voltou e me encarou ficou assustada assim como Drake, Moly sorriu e se aproximou de mim em sua forma de gato.
- Coloque a sua mão sobre ele Lucy- Disse Moly
- O que?- eu questionei enquanto olhava minhas mãos
Eu sentia uma sensação de alívio e assim que coloquei a mão do corpo do rapaz ele rapidamente recobrou a consciência lentamente, depois que ele acordou meus olhos voltaram na cor normal e eu caí de joelhos no chão, meu pai, Drake e Luisa vieram ao meu lado preocupados.
- Filha, você está bem?- Perguntou meu pai enquanto me examinava
- O que foi aquilo Lucy?- Questionaram Drake e Luisa
- Eu não sei.. Eu senti algo estranho..- Disse baixo
O rapaz acordou e assim que nos viu se colocou em posição de defesa, ele estava rosnando para nós e eu podia ver que ele estava assustado e irritado, pelo seu olhar.
- QUEM SÃO VOCÊS? SÃO CAÇADORES? SE VOCÊS ME MACHUCARAM EU MATO CADA UM!- Disse o rapaz gravemente
Eu me levantei com a ajuda de Drake e me aproximei lentamente do rapaz.
- Fique tranquilo! Não te machucamos, eu e minha amiga lhe encontramos caído no rio na floresta, você não se lembra de nada?
- Eu.. Eu fui atacado por alguns seres das sombras enquanto andava pela floresta..- Respondeu ele
- Você estava bem machucado, como se sente?- Perguntei enquanto rodeava o rapaz observando os ferimentos que haviam sumido
- Você usou o poder do ar Lucy, tu salvou a vida dele - Respondeu Moly
Todos ficaram surpresos pelo que Moly disse, eu não sabia controlar os quatro elementos e os seus poderes, tudo era novo e eu sempre evitava tentar praticar qualquer um deles.
- Olha, eu não sei controlar nada disso, foi tudo muito repentino sabe, agora eu preciso cuidar dele- Disse enquanto virava para o rapaz que me encarava
- Qual seu nome?- perguntei
- Não te interessa - Respondeu ele
Drake e Luisa ficaram irritados com seu jeito de falar, porém meu pai ficou calmo e saiu dali sentando-se na cadeira.
- Eu me chamo Lucy, não vou te machucar, eu prometo- Respondi com um sorriso
O rapaz pareceu confiar um pouco e ficou me observando, seus olhos amarelos chamaram muito a minha atenção, chamaram tanto a atenção que eu falei algo sem pensar.
- Seus olhos, são da cor do sol... Eles são realmente muito lindos...
- O que!?- Disse o rapaz envergonhado com as bochechas ficando vermelhas
Drake riu e Luisa bateu a mão na testa rindo também, eu era acostumada a falar muitas coisas sem pensar e isso me dificultava em ter amigos, eu rapidamente ri baixo da situação que ocorreu.
- Meu nome é Dalibor...- Respondeu o rapaz
- Muito prazer Dalibor- Respondi sorrindo
- Você deve estar com fome, quer comer alguma coisa conosco? Pode ficar tranquilo que não vamos te envenenar, pode confiar em nós
Depois de alguns minutos conversando e tentando ter a confiança dele, ele decidiu comer conosco e eu posso dizer que fiquei surpresa, ele comia muito, mais do que todos nós que estávamos ali, Drake ficou assustado com o quanto de comida Dalibor comia sem parar, meu pai por outro lado apenas riu da situação e ficou feliz por Dalibor se alimentar bem, isso mostrava que ele estava se recuperando bem.
Depois de se alimentar, Dalibor se sentou e eu me juntei ao seu lado para conversarmos, Drake estava dormindo no sofá, enquanto Luisa estava ajudando meu pai com alguns feitiços difíceis de serem feitos.
Dalibor era realmente muito belo, eu fiquei intrigada com sua aparência diferenciada dos demais seres místicos que eu já vi, ele era realmente muito belo e atraente, mas eu não queria falar isso para alguém que eu acabará de conhecer.
- Você é diferente dos outros Lucy - Disse Dalibor com a voz rouca
- Eu sou? Como assim diferente?- Questionei
Dalibor suspirou e olhou para a casa enquanto se arrumava na cadeira.
- Eu fugi de um mercado clandestino de seres místicos, meu pai me vendeu por algumas moedas de prata para pagar o remédio de minha mãe, fui obrigado a trabalhar durante minha infância e adolescência.
Ouvir aquilo deixou meu coração cheio de tristeza, jamais iria imaginar que Dalibor havia passado por tais coisas ainda quando jovem.
- Tudo que eu vivi foi só sofrimento... Nem meu pai me amou ou se quer me protegeu...
Eu gentilmente coloquei minha mão sobre a dele acariciando levemente, não gostei de ver a tristeza estampada em seu olhar, aquilo me deixou triste, Dalibor sofreu tanto e carregou essa dor sozinho por muito tempo pelo que vi.
- Assim que cresci e fiquei forte, eu fugi do mercado clandestino, matei o humano que me comprou e vim para a floresta, mas uma criatura me perseguiu e eu fui obrigado a lutar contra ela, mas eu infelizmente perdi...- Ele suspirou pesadamente enquanto observava nossas mãos
- Quando eu abri meus olhos e vi você, eu senti um calor bom, senti como se fosse minha mãe me ajudando naquela hora, mas eu vi você...
Eu sorri ao ver ele sorrindo para mim, ele sofreu tanto, foi machucado mentalmente e fisicamente durante tanto tempo, eu fiquei com tanta pena dele.
- Obrigado Lucy, você se mostrou esperança onde eu apenas via destruição - Disse ele sorrindo
- Não tem que agradecer, eu ajudaria qualquer um que precisasse- Eu disse enquanto segurava sua mão fortemente
Dalibor desviou o olhar e eu percebi suas bochechas vermelhas, eu não consegui evitar de rir da situação e o provocar dizendo o quanto ele estava vermelho, ele me empurrou e mandou eu calar a boca, mas eu sabia que ele estava brincando também.
Depois de conversar um pouco todos foram dormir em seus quartos, Moly me acompanhou até meu quarto e se deitou na cama enquanto eu me arrumava para dormir.
Na janela eu pude ver vagalumes brilhando e voando de um lado para o outro, enquanto o som de corujas soava pela noite escura.
- Boa noite Moly- Disse enquanto acariciava ela
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