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Enquanto eu me acomodava na mesa, a atmosfera agitada do refeitório ainda ecoava em minha mente. Olhares intrigados e murmúrios sussurrados se entrelaçavam, revelando a disseminação de algum rumor que se infiltrava em cada canto da escola.

Sadie, determinada, tomou seu lugar na mesa, seu olhar furioso fixando-se na bandeja.
- Um confidente alertou-me sobre um boato circulando, Isabella. Parece que forjaram algo... íntimo, sobre nós. - Sua voz, carregada de indignação, ressoou no ambiente, ecoando a gravidade da situação.

Lancei um olhar significativo para Sadie, que compreendeu de imediato. Subimos para o quarto, onde a urgência de discutir estratégias tornou-se evidente. Sentadas, começamos a especular sobre quem poderia ter disseminado o boato, enquanto a atmosfera carregada pairava no ar.

Em meio a esse momento tenso, Millie entrou no quarto, sua expressão carregando apreensão. Antes que pudéssemos falar, ela soltou a bomba.
- Compartilhei com uma amiga íntima, Anastasia. Todo o boato que está rolando, provavelmente foi por minha culpa.- Suas palavras pairaram no ar, adicionando uma camada de traição à situação já tensa.

Sadie, ao ouvir o nome de Anastasia, não hesitou em expressar sua surpresa.
- Anastasia? A menina mais piranha, piriguete, marmita e rodada da escola? Depois seu pai diz que a minha amizade é ruim. - A ironia em suas palavras ecoava, indicando uma percepção menos que favorável da reputação da filha do diretor.

Millie, defendendo-se, explicou. - Eu achei que ela não falaria, Sadie. Era uma amiga íntima, eu confiava nela.

As palavras de Millie ainda reverberavam quando uma tensão pairou no quarto. Meu olhar refletia uma mistura de perplexidade e preocupação diante da revelação inesperada. Sadie, contendo sua indignação, permanecia focada na situação, enquanto Millie, com uma expressão de apreensão, continuava.

- Se isso chegar aos ouvidos dos professores ou do diretor, que é pai da Anastasia, isso pode nos prejudicar de maneiras que nem podemos imaginar. Precisamos resolver isso antes que a situação fuja do nosso controle. - Minhas palavras ecoaram, carregadas de apreensão diante das possíveis consequências.

Sadie, com um sorriso irônico, quebrou o silêncio tenso. - Claro, porque enfrentar a filha do diretor sempre dá certo. Ótima ideia. - Sua resposta, embora sarcástica, revelava uma pitada de provocação. Sem mais palavras, ela se jogou na cama, abrindo um livro como se estivesse buscando refúgio na leitura, enquanto a atmosfera no quarto se tornava ainda mais densa, cada palavra adicionando camadas à narrativa complexa que se desenrolava. A trama de amizade, traição e reputação estava prestes a alcançar seu ponto de ebulição.

Sadie, com sua sagacidade habitual, ergueu-se da cama e, com um sorriso travesso, encenou suas palavras com uma pitada de teatralidade. - Talvez eu devesse enviar uma carta ao rei da Espanha. "Caro Luís terceiro, por favor, vá amolar a guilhotina. Sua princesinha herdeira beijou a segunda na linha de sucessão da Suécia, e além disso, será a cunhada da mesma futuramente. Você deverá matar primeiro a ruiva, que além do cabelo vermelho, o chão também ficará. Depois, mate sua queridinha, afinal, você tem outra filha para assumir o lugar dela." - Sua encenação extravagante arrancou uma mistura de risos nervosos e olhares surpresos no quarto.

Diante dessa expressão teatral, eu, intrigada, não pude evitar comentar.
- Sadie, por favor, estamos em um drama adolescente, não em um enredo de realeza. Vamos focar em como lidar com a Anastasia antes que isso vire um verdadeiro caos.

Millie, acrescentou com uma pitada de humor.
- É, Sadie, salvar a monarquia pode ficar para depois. Temos uma fofoca para desvendar e uma fofoqueira para enfrentar.

A atmosfera, então, se equilibrou entre a leveza cômica e a seriedade da situação, enquanto nos preparávamos para o confronto iminente com Anastasia.

Diante da urgência de enfrentar Anastasia sem gerar mais turbulência, sugeri uma abordagem calma e estratégica.
- Precisamos abordar Anastasia de forma direta, mas sem alimentar mais drama. Se formos assertivas e maduras, podemos resolver isso sem causar mais alvoroço.

Millie concordou, acrescentando sua perspectiva ponderada. - Isabella está certa. Precisamos ser inteligentes e evitar cair no jogo dela. Se nos mantivermos firmes e calmas, poderemos confrontá-la de maneira eficaz.

No entanto, Sadie, como de costume, tinha uma abordagem mais agressiva em mente.
- Ela precisa aprender uma lição, e não será com palavras suaves. Vou garantir que ela se arrependa de ter mexido conosco.

Minhas tentativas de acalmar a situação foram ignoradas por Sadie, que partiu decidida a confrontar Anastasia. A tensão cresceu quando Sadie ameaçou a garota, deixando claro que suas palavras não seriam suaves.

Mabel, a aluna presidente, entrou no corredor acompanhada de Nathaniel, o vice. Eles observaram a cena com surpresa e se aproximam.

Mabel, com autoridade, questionou.
- O que está acontecendo aqui? Por que esse tumulto?

Sadie, mantendo sua postura desafiadora, responde antes que Anastasia pudesse dizer algo. - Estamos apenas resolvendo um problema de fofocas espalhadas por aí. Anastasia aqui acha que pode difamar a todos e sair impune.

Anastasia, tentando manter a compostura, negou imediatamente. - Não sei do que estão falando. Não estou envolvida em nenhuma fofoca.

Sadie, sarcasticamente, volta-se para Anastasia. - Está acontecendo algo, Anastasia? Alguma informação que você gostaria de compartilhar com a presidente da escola e Nathaniel aqui?

Nathaniel, o "Príncipe", olha para Anastasia com uma expressão atenta, esperando por uma resposta. Mabel, por sua vez, cruza os braços, aguardando esclarecimentos sobre a situação que se desenrola diante deles. O corredor tornou-se o palco de um confronto iminente, com segredos e acusações pairando no ar.

Sadie, encarando Anastasia com um sorriso irônico, soltou.- Acho bom, Anastasia. Saiba que está mexendo com fogo agora. - Sua expressão desafiadora deixou claro que a situação estava longe de ser encerrada.

Ao subirmos as escadas, a risada entre nós cresceu, uma sinfonia de alívio e camaradagem. Millie, entre risos, comentou. - Quem diria que nossa vida na escola viraria um enredo tão dramático? Sadie, você realmente sabe como roubar a cena.

Sadie, com um olhar penetrante, soltou uma frase que pairou no ar. - Anastasia mexeu com as abelhas erradas, e agora terá que lidar com a tempestade de um enxame. - Sua metáfora, cheia de intensidade.

Millie e eu encaramos uma a outra, claramente sem entender uma palavra do que Sadie dizia, ou melhor, tentava.

Sadie, visivelmente irritada, revirou os olhos diante da nossa confusão. - Vocês estão mais perdidas que abelhas em um campo de melancia. Estou falando de vingança, não de promover um encontro de insetos desorientados.

Millie, com um olhar perplexo, sugeriu.
- E se as abelhas forem treinadas para fazer desenhos de mel na sala dela?

Eu, tentando não rir, acrescentei.
- Ou quem sabe Sadie esteja armando um esquadrão de abelhas detetives para investigar os podres da Anastasia. Sadie, a detetive apícola!

Sadie, soltando uma risada sarcástica, respondeu. - Vocês realmente superaram qualquer expectativa de confusão. Estou falando de vingança, não de iniciar uma conspiração alada. - E assim, entre risadas e a confusão sobre abelhas detetives, continuamos subindo as escadas, cada degrau marcado por nossa própria comédia peculiar.

Enquanto continuávamos subindo as escadas, a atmosfera carregada de tensão no corredor se dissipou, substituída pelo calor da nossa amizade, e que amizade.

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