Não consigo mais chorar

Amável

Acordou cansado, a primeira coisa que fez foi ver o celular, nenhuma mensagem, nem do próprio marido, e isso causou uma dor imensa no seu peito, mas parecia que as lágrimas se recusavam a sair, se virou para o lado e vendo Kayn deitado em um colchão no chão, os cabelos soltos e o olho que antes coberto por um tapa olho, agora com uma cicatriz e o outro estava aberto, fitando Yone.

- Quanto mais olhar no celular esperando algo dele, pior vai ser, deixa as mensagens de lado, Yone, olhe para você... cansado... - Disse se levantando e se sentando ficando ao lado da cama de Yone. Ele passava a mão nos cabelos rosados, puxando as mechas para trás de sua orelha. - Se eu tivesse alguém como você nas minhas mãos eu me puniria por te fazer chorar.

Yone sorriu suavemente, aproveitando do carinho que recebia do mais novo. - Devo levar isso como um interesse de sua parte? -

- Nunca fui do tipo que gostava de esconder o que sentia, só esquece ele um pouco, falemos mais sobre você, do que gosta, do que não gosta. - O Shieda sentiu a mão de Yone tocar seu olho fechado, onde tinha a cicatriz, era um toque tão suave, doce, poderia derreter apenas com aquilo, como um homem como Thresh podia fazer desfeita de uma doçura como aquela? - Creio que esteja curioso sobre ela, não é?

Yone concordou acenando a cabeça, vendo Kayn abrir o olho, a pupila era muito fina e onde deveria ser a íris dos olhos, era completamente branca e em torno da íris sem cor, era tudo rosa. Yone por um momento mostrou preocupação mas em nenhum momento tirou a mão do rosto do rapaz, seus dedos deslizavam dos olhos até a franja bagunçada a deixando para trás da orelha dele.

- Eu sei, é feio, tentei cuidar disso sozinho mas deu no que deu. - O mesmo tombava o rosto para o lado da mão de Yone, como um gato querendo mais carinho.

- Como conseguiu ela? Como ficou assim? - Yone indagou.

Kayn riu olhando para o lado, um tanto acanhado. - Antes disso ser marca no meu rosto, eu namorava um homem chamado Zed, eu tinha uma banda mas todos fizeram um complô contra mim e bem, fui chutado pra fora dela, foi assim que conheci ele, me ofereceu casa, comida e amor, comida e casa nunca foram coisas que me faltaram, nunca fui de ficar no mesmo lugar, mas o amor... Era algo que eu nunca tive, mergulhei de cabeça nessa relação e aos poucos fui descobrindo quem realmente era Zed. Ele passou a sair de casa por dias e voltava alterado, às vezes agia frio e com indiferença comigo, até que um dia quem se cansou fui eu, saí de casa e fui para uma balada, enchi a cara e enfim... Ele me ligou, dizendo que iria me buscar e eu disse pra ele se fuder. - Kayn riu com certa satisfação. - Ele me buscou do lugar e me levou pra casa e enfim, rolou uma briga feia, prato ia, prato vinha, até que um caco acertou meu olho... foi quando tudo parou... pela primeira vez ele me olhou com culpa mas eu tava com tanto remorso no coração que apenas liguei para Yasuo nesse dia e ele me buscou, me levou pra cá e ele e Varus passaram a cuidar de mim, dessa cicatriz, tanto interna, quanto externa.

- Eu sinto muito... se eu pudesse eu... -

- Nah, não se preocupe, já faz um tempo, Yasuo ficou impressionado que eu nunca mais voltei pra casa do Zed depois desse dia, não pertenço a mais ninguém. - Disse se levantando e indo até a escrivaninha do quarto, pegando uma escova. Ele se sentou na cama de Yone e então bateu com a mão no próprio colo.- Quer sentar no meu colinho ou prefere se virar pra mim escovar esse cabelão?

Yone corou fortemente, deixou o celular de lado e então saiu de baixo das cobertas, engatinhou até Kayn e sussurrou no pé do ouvido dele. - Vai precisar se esforçar muito se quiser ter o prazer de ter essa visão de mim sentando em você. - Viu o rosto do Shieda avermelhar e um sorriso sacana surgir nos lábios dele.

- Vou me dedicar, não sou do tipo que larga o osso fácil. - Disse vendo Yone se virar de costas para ele e então escovou com cuidado o cabelo dele, era tão macio, os fios deslizavam como água entre seus dedos, olhou para a raiz do cabelo do mesmo e viu que ela estava crescendo, eram negras. - Cabelo preto então é? a cor do pecado. - Brincou e logo continuou. - Por que rosa?