Capítulo I

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 O amargo eco do sangue sendo derramado pode ser ouvido por toda a propriedade, sendo seguido pelo corte seco de uma lâmina afiada.

Edgar acorda com uma dor aguda em seu peito e um peso em seu quadril, abrindo seus olhos, ele vê o seu até então amigo, Alexander, estava com uma faca ensanguentada acima de seu peito e sentado em seu colo, se apoiando.

– O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – Edgar vocifera enquanto lágrimas de dor e de medo rolam pelo seu rosto.

Alexander, um jovem de pele pálida, olhos castanhos, cabelo escuro e curto e vestes vitorianas, apenas olha Edgar com desgosto e sai de cima dele, limpando o sangue da faca em suas vestes.

Edgar tenta se levantar e agarrar a gola de seu companheiro, mas apenas cambaleia e cai no chão. Por sua vez, Alexander apenas dá uma risadinha e se despede.

– Até mais, meu caro amigo... sentirei sua falta, sim, mas era preciso... saiba que nunca fui seu amigo, apenas queria me aproveitar de sua vulnerabilidade e te assassinar, para então, roubar toda a sua fortuna, a lendária fortuna dos Cavendish!

– Você não presta, sua merda... – ele desvia o olhar tosse sangue e volta a olhar nos olhos escuros e raivosos do seu assassino – eu te amaldiçoo... você nunca mais dormirá tranquilo, você irá dormir com medo até o fim de sua vida!

– Como se você conseguisse isso... deixe de ser um bebê chorão e aceite logo seu destino, a morte! – ele chuta o outro no rosto, que cai inconsciente por falta de sangue e pelo forte impacto.

Poucas horas depois, a casa estava completamente bagunçada, vazia e escura. Os cômodos da casa foram revirados em busca de preciosidades, os candelabros foram apagados e as janelas foram quebradas. A casa então, se tornaria inabitável por qualquer ser que seja, humano, animal, ou até mesmo um fantasma.

Um jovem fantasma se ergue, com fortes calafrios e temor pelo que a morte reservara a ele. Ele se desespera e se põe a chorar por longos minutos, horas, dias, meses, anos, remoendo a sua vida miserável. Seu nome era Edgar Cavendish, um jovem nobre e inocente, com cabelos compridos da cor de fogo, belas sardas pelo seu rosto bochechudo e sorridente, olhos claros com um belo tom esverdeado, órfão de mãe e de pai, criado pelo tio-avô, Lucius Cavendish, que vivia viajando pelo mundo fora, em busca de preciosidades, até que um dia morreu e foi enterrado no jardim da casa, ao lado do pai e da mãe de Edgar, que estava só, novamente.

Em determinado ponto de sua existência, ele constata que ele não amaldiçoou Alexander, mas Alexander havia o amaldiçoado, sua maldição seria uma forma de fantasma.

Logo, sua angústia se tornará em ira. Quebrou o que ainda estava intacto em sua casa, prometendo ver seu antigo companheiro no inferno. Seus punhos fantasmagóricos ardiam de alguma forma, talvez fosse pela força que Edgar fez enquanto cerrou seus punhos para a destruição final.

Novamente, lágrimas rolaram pelo seu rosto patético e fantasmagórico. Ele não aguentou a dor da ferida que o matou e não aguentou o fato de seu melhor amigo ter sido seu assassino. Ele estava só, com sua casa destruída, seu peito dilacerado e sem esperança de futuro.

– Eu sou só um fantasma patético agora... quem diria que aquele que eu mais confiava, que eu salvei da morte, um dia se tornaria meu assassino e eu faria sofrer tanto, me fazendo virar um fantasma que vive em sua mansão milenar que agora, está destruído...

Ele se recosta em um canto e tenta dormir, para esfriar a cabeça e poder pensar melhor no dia seguinte, mas não conseguiu. Fantasias não dormem! Que tolo seria Edgar ao pensar que poderia dormir...

A Mansão do InconscienteOnde histórias criam vida. Descubra agora