LEGADO DO PODER | CAOS (VOL. 1)

4 | LUTO

Ao amanhecer, Aurora despertou quando uma brisa fria soprou sobre a pele de seu rosto. Os olhos se abriram lentamente e logo ela pôde ver que estava em um dos quartos do palácio de Astraluna. Tudo ali era tão majestoso e brilhante como o resto do lugar e, embora inicialmente desconcertada pela mudança de cenário, a princesa não pôde deixar de admirar a beleza e o esplendor do quarto desconhecido.

As paredes, suavemente curvadas e adornadas com arabescos em tons de violeta profundo, refletiam a luz de maneira sutil; na cama ornamentada, um suave cetim violeta bordado com fios prateados reluzentes, cobriam a princesa; os móveis do quarto, esculpidos em madeira nobre, também exibiam detalhes em violeta e prateado, criando uma harmonia de cores; uma mesa lateral, adornada com delicadas peças de porcelana, sustentava uma jarra de cristal com água fresca; uma cadeira estofada com tecido macio, na mesma tonalidade vibrante, estava posicionada junto à janela.

Quando se levantou da cama, Aurora recuou diante do chão frio sob seus pés, mas logo se apressou para matar a sede. Em alguns pequenos passos, ela se colocou em frente à janela admirando os raios de sol que permeavam a terra. A princesa arfou em surpresa, há meses não via o brilho solar daquela maneira, não era como o sol da primavera e nem tinha calor como no verão, mas era como um raio de esperança iluminando a escuridão. Ela correu para calçar os sapatos e rapidamente se colocou para fora dali.

Com uma expressão de determinação e antecipação, a princesa correu pelos corredores do castelo em direção ao pátio, onde os raios de sol cintilavam entre as nuvens. Seus passos eram ágeis, movidos por uma urgência tranquila, enquanto ela ansiava pela suave carícia da luz do sol em sua pele.

Ao alcançar o pátio, um raio de sol intenso rompeu as nuvens, iluminando o chão de pedra com uma luminosidade dourada. A princesa avançou para o centro de luz como se fosse um presente divino. Os primeiros raios tocaram sua pele, e ela fechou os olhos, permitindo que a luz solar a envolvesse como uma bênção.

Uma sensação calorosa começou a se espalhar por todo o seu ser, pois cada raio de sol trazia consigo uma energia revitalizante. A magia que residia dentro dela começou a pulsar e a fluir com força. Ela sentiu a vitalidade solar penetrar cada célula de seu corpo, restaurando seu vigor.

Um sorriso iluminou o rosto de Aurora enquanto a energia do sol a envolvia. Era como se a luz estivesse dançando dentro dela, despertando seus poderes há muito tempo fragilizados. Cada respiração tornou-se uma inspiração de renovação, e ela ergueu as mãos para sentir a magia fluir por seus dedos como raios de sol líquidos.

A alegria inundou seu coração à medida que ela se sentiu mais conectada à fonte de sua magia. Sob o raio de sol, ela absorveu a vitalidade, e a sensação de fortalecimento era como um abraço acolhedor da natureza. Naquele momento, sob o céu aberto e a luz do sol, a princesa se sentiu verdadeiramente viva e renovada.

Os sapatos de Damien bateram forte no chão, chamando a atenção de Aurora para sua aproximação e a princesa observou sua chegada com um sorriso terno. Agora, sob a luz resplandecente, as feições do príncipe estavam mais claras e visíveis. Aurora não pôde conter um leve suspiro quando encarou os olhos cor violeta que contrastavam com a pele branca e cabelos escuros, nos lábios ele tinha um sorriso calmo e apreciador.

— Está se sentindo melhor? — Sua voz soou como música aos ouvido de Aurora.

— Estou mais viva do que nunca — disse ela.

— Posso ver — sorriu. — Como se sentiu hoje pela manhã? Algo diferente?

— Não, uma boa noite de sono era tudo o que eu precisava. — Aurora mordeu o lábio e seus olhos transpareceram a preocupação de seu coração. Ela abaixou o olhar e tentou se lembrar dos detalhes da noite anterior, os segundos antes de apagar. — O que houve comigo?