capítulo 3

20 5 0
                                    

                                Maraisa:

Sábado, cinco da tarde. Minha mãe acabou
de jogar em meu colchão um vestido curto no
tom preto, o decote parecia vulgar, um salto
preto e assessórios.

Não quis desobedecer, tentei relutar pela
manhã sobre isso e ela me deu um tapa no
rosto. Me senti um lixo.
Havia acabado meu banho, estava apenas
de toalha olhando o que estava sobre meu
colchão.

Suspirei pesado e fui até ali, peguei a pequena
lingerie que também havia ali, e vesti. Era
desconfortável. Muito vulgar. Após vestir
a peça íntima, vesti o vestido e pus o salto,
fazendo a maquiagem e pondo os assessórios.
Fui até o quarto dos meus pais me olhando no
enorme espelho do guarda-roupa.

- Você está extremamente atraente e bela,
minha filha.

- Mamãe, eu não quero me vestir assim. É
vulgar. Pareço trabalhar nas ruas.

Ela pegou forte em meu maxilar, levantando
minha cabeça que, até então, estava
abaixada. Ela fitou meus olhos com fúria.

- Fica quieta e apenas se comporte! Não de
um "piu"!

Pla soltou meu maxilar empurrando minha
cabeça para trás. Voltei a olhar para o
espelho..

Aquele sutiã fez meus seios pequenos
parecerem enormes, e o decote deixava
extremamente visível aquilo.

Estava extremamente desconfortável.

Eu não tenho preconceito com quem se veste
assim, acho lindo em outras mulheres, mas
eu não gosto de me vestir assim, não gosto de
expor meu corpo dessa forma.

Minha mẫe me arrastou até o carro, onde
entramos e fomos até um lugar desconhecido,
mas parecia ser o lugar mais movimentado de
Veneza.

Paramos em frente a um enorme prédio,
onde havia escrito em letras prateadas e
bem visíveis "galeria de artes". O prédio era
completamente de vidro. Incrível!
Saímose entramos no local, onde os
olhares se direcionaram ao meu corpo. Que
desconforto.

Me olhavam com cobiça, eu que não vejo
maldade em nada, via toda maldade nos
olhares dos homens mais velhos em meu
Corpo. Obviamente, eu parecia ter uns vinte
anos com aquela roupa. Parecia uma mulher
"fácil".

Ao chegar no ponto de encontro de todos,
nos sentamos. Minha mãe não parava de
conversar com um homem que eu arrisco
dizer ser o dono do evento. Eles conversavam
e me olhavam, minha mãe Sussurrava coisas
em seu ouvido me olhando enquanto o
homem de terno e gravata olhava para meu
corpo. Logo ela se sentou ao meu lado.
Aquilo estava um saco. Era um leilão. Eles
vendiam objetos de alta classe. Os preços
eram absurdos.

Estava brincando com meus dedos de cabeça
baixa sem prestar muita atenção em volta.
Escutei meu nome ser chamado no microfone
por uma voz grossa, e minha mãe se levantou
me puxando pelo braço.

Andando em direção ao "palco", meu coração
estava disparado. Eu estava com medo. Medo
do que viria pela frente.

- Bom, uma menina de quatorze anos, virgem
e com o corpo intacto, como podem observar.

Disse minha mãe a todos os homens e
mulheres dali.

Queria correr, sair dali. Mas ela segurava
minha mão com tanta força que doia. Fechei
meus olhos sentindo todos os olhares sobre
mim, ou melhor, sobre meu corpo.

Após longos minutos em silêncio, minha mãe
volta a falar.

- Começamos as apostas em dez milhões.
A olhei assustada.

Onze milhões. - Disse um velho na plateia.

- Doze milhões.

As propostas começaram a aumentar junto ao
meu desespero. Percebi que todos os velhos
que estavam ali estavam em discussão em
quanto pagariam por mim, menos um. Era
alto, usava terno e gravata, relógio no pulso,
sapatos e calça social, pra variar, careca e
usava um óculos escuro.

Ele se mantinha quieto, as vezes fazia
ligações que eram rápidas, mas nunca tirou
sua atenção da minha direção. Assim, ao
terminarem os lances por uma quantia
exorbitante, minha mãe decide fechar em um
velho asqueroso, gordo e com o pé na cova.

- Quem dá mais de vinte cinco milhões?
Alguém da mais? 3.. 2.

- Cinquenta milhões! - Disse o homem de
terno e gravata vindo até nós, - Entrego o
dinheiro em mãos nesse exato momento! -
Ele abre a maleta em suas mãos, onde havia
milhares de notas do mais alto valor.
- Ve-vendida!
Minha mãe gaguejou ao ver todo aquele
dinheiro.
Ao escutar sua última palavra, me corroi por
dentro.
Como assim "vendida"? Eu sou apenas uma
adolescente, e primeiro de tudo, não se vende
pessoas.
Minha mãe não hesitou em pegar a maleta
pesada de notase entregar-lhe o contrato, que
logo foi assinado.

O homem me olhou não sei ao certo para qual
lugar do meu corpo por seu óculos tampar
minha visão de seus olhos, mas esticou sua
mão pra mim. Eu imediatamente fui para trás
da minha mãe, na defensiva, achando que ela
poderia me proteger.

Eu estava errada..

- Vá logo, garota!

- Venha comigo, Maraisa! Não vamos fazer
nada com você. - Disse o homem com uma voz grossa,
fechando a mesma novamente. Logo entrou e
pôs seu cinto, me mandando por também.

Não retruquei e coloquei, mesmo tremendo.
Ele deu partida sem falar nem uma palavra.
Eu estava destroçada.

Como minha mãe me vendeu assim? Por quê?
Minha irmã pode encontrar o amor da sua
vida e eu tinha que ser vendida a um maníaco
de provavelmente irá se aproveitar da minha
pureza., irá me maltratar e depois me largar
em um lugar qualquer depois de cansar de
fazer o que quer comigo.

Fui chorando calada até o carro parar em
frente a enorme mansão Mendonça.

A mansão mais famosa de Veneza..
Meu Deus, ele era um Dias? Não, não, não.

Assim que o mesmo abriu a porta eu tentei
correr, mas ele sem qualquer esforço, pôs a
mão na frente passando por minha barriga
segurando sem força minha cintura, mas
suficiente para me parar. Tentei relutar
em seus braços, mas ele não fazia nem um
esforço, e isso me cansou rapidamente.

Solte-a!
Escuto uma voz doce feminina e em seguida,
barulhos lentos e sincronizados de seus
saltos.

- Não trate sua mais nova patroa desta forma,
Fernandez!

A mulher era extremamente linda..
Usava uma calça social preta e uma blusa
branca quase transparente de botões com sua
costura para dentro da calça, em seus pés, um
salto preto e branco, seus cabelos loiros que
batiam em sua cintura, estavam soltos com
ondas e em sua mão havia o celular do ano.
O homem me soltou e eu fiquei parada no
mesmo lugar olhando para a mulher que até
então estava em frente a imensa porta da
mansão, me olhando fixamente.

o leilão  (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora