Motherly Love

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Apenas uma ideia que quis compartilhar com vocês, espero que gostem e comentem o que acharam, será dividida em duas partes.

Beijinhos!

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P.OV. Helena

Dei mais um gole no meu vinho favorito enquanto observava os fogos de artifício que explodiam no céu, olhei para o relógio portátil ao lado da minha cama e marcava 00:00 finalmente era ano novo e eu nunca quis tanto que um ano terminasse quanto esse de 2020 como se ele fosse o responsável pelas perdas que eu tive.


Bebi o restante do vinho e mentalmente torci que não só o ano ficasse para trás, mas todo o sofrimento e dor, olhei para as pessoas do lado de fora se abraçando, comemorando e por um instante eu senti uma pontada de inveja.

Fazia pouco mais de um mês que eu havia voltado a trabalhar após uma longa licença médica, havia perdido o meu marido para a Covid-19 após 25 dias entubado, e antes disso meu primeiro filho veio a óbito logo após seu nascimento.

Foi o momento que meu chão se abriu e muitas vezes pedi para ser levada junto com eles tamanho era o sofrimento que eu sentia.

Obriguei o meu corpo a dormir mesmo sem estar com sono, pedi para o meu superior me deixar voltar a trabalhar, sentia que em casa eu iria enlouquecer se não ocupasse minha mente.

[...]

— Alô... — Atendi o telefone ainda grogue por causa do sono, sem olhar para o visor.

— Doutora, Helena?

— Quem é? — Perguntei enquanto sentava na cama.

— Sou eu Gomes, desculpa ligar a essa hora mas não sabia para quem ligar. — Falou se atrapalhando com as palavras.

— O que houve, Gomes? — Interrompi querendo que fosse direto ao ponto.

— Aquela garota, arrumou uma confusão das grandes e...

— Chego em 20 minutos, segura as pontas — Falei sem esperar respostas e levantei abrindo meu guarda-roupas.

A garota que Gomes se referia no telefone é uma jovem de 16 anos que vive se envolvendo em brigas, pequenos furtos e até com alguns traficantes, isso desde os seus 14 anos, já passou por diversos lares e casas de recuperação e sempre acaba sendo pega por causa de algum ato infracional, pedi pra me ligarem caso houvesse outra ocorrência envolvendo ela.

Demorei alguns segundos para me levantar e procurar uma roupa, coloquei uma calça social preta e uma blusa de botões na cor branca, Peguei alguns absorventes de seio e coloquei o sutiã calcei meus saltos e arrumei meu cabelo na frente do espelho. coloquei minha arma na bolsa e sai de casa ligando o alarme.

Mesmo com o passar dos meses o meu corpo jorrava leite como se meu pequeno Matheus estivesse ali comigo, a ideia de que eu não teria mais meu filho e nem meu marido me deixou em um estado de depressão quase profundo e mesmo sem querer fui afastada pelo meu chefe que orientou que eu fosse buscar ajuda, por fim resolvi ficar no sítio onde meus pais moram e com a ajuda deles fui me recuperando da melhor forma.

Ao chegar na delegacia era perceptível que os ânimos estavam alterados, quando cheguei na porta da sala a cena que eu vi me deixou atônita.

— Posso saber o que significa isso?

Haviam dois policiais na sala assistindo a cena grotesca de outro agente encurralando a garota na parede que não se deixou intimidar notei que havia sangue no rosto e na roupa e em volta mais respingos de sangue.

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