1°sessão

56 9 120
                                    

Hazel

Primeiro dia no estagio de psicologia, mesmo nervosa, botei na cabeça que daria tudo certo, hoje eu atenderia crianças na faixa etaria entre 7 e 9 anos - Oi pequeno, muito prazer eu sou a Hazel, no que eu posso te ajudar ? - A carinha meia marrenta já deixava claro que não seria facil lidar com ele, seus olhos reparavam a cor das paredes tematicas pouco se importando com a minha pergunta - Thiago, tá tudo bem ? Eu te fiz uma pergunta, no que eu posso te ajudar ?

- Calando a boca - Confessou rispido - Eu não tô afim de terapia, não sou doente, muito menos anti social, as pessoas se metem na minha vida como se fossem delas não a minha, para não atrapalhar ninguém eu não falo nada e você muito menos ! - Como uma criança de 9 anos poderia ser tão desaforada ?

- Thiago, eu preciso fazer o meu trabalho, se te trouxeram aqui algum problema tem, eu não vou contar para ninguém, só tenho a intenção de te ajudar - O garoto pouco se importou mas reparou no meu wallpaper do meu celular que vibrou assim que chegou uma mensagem

- Seu namorado ? - Questionou apontando para o meu celular

- Noivo, vamos nos casar esse sábado - Aqueles olhos desaforados me encaravam com tanto desdem que me fez refletir sobre a minha profissão

- Tá bom, meu pai disse a mesma coisa para minha mãe - Confessou frio, mas por algum momento pareceu preocupado com isso

- Como é ? - Perguntei curiosa

- Nada que seja da sua conta ! Agora vê se me deixa em paz !

- Você tem irmãos ? Qual cor mais gosta ? Tem amigos ? Ou algo assim ? E seus pais ? - Thiago revirou os olhos julgando até a minha alma

- Qual foi a parte do você não tem nada haver com a minha vida você não entendeu ? Aceita logo que você não nasceu para isso, aposto que nem seus problemas você sabe resolver maluca ! - Naquele momento senti vontade de expulsar ele, que em partes tinha razão, mas eu não daria o prazer de dizer que ele estava certo

- Tudo bem, ao final da sessão você só assina o termos de presença e tá tudo certo - As horas demoravam a se passar, ele resmungava e eu anotava o que podia e lembrava, ao final da sessão como dito, fiz ele assinar a ficha e sair, Augusto me esperava do lado de fora hoje de Audi R8 e um lindo buquê de rosas

- Boa noite amor ! - Sorriu me enchendo de beijos - Saudades em ! - Confessou me deixando um pouco melhor - Aconteceu alguma coisa ?

- Acho que psicologia não é para mim ! Tive uma consulta com criança e acredito que me sai mal

- Mas quem te afirmou isso ? - Questionou agora abrindo a porta do meu lado

- Uma criança, ou melhor, meu paciente

- Por Deus Hazel, não é um pirralho que vai definir seu futuro, para de ser infantil e imatura, vai me falar que a Hazel problematica de 5 anos voltou também ? - Augusto bateu a porta do carro, deu a volta e assumiu o volante com uma cara não muito boa - Você tem que parar de acreditar em criança problematica, te garanto que o moleque não sabe 1% do basico, você acha que eu já sofri alguma vez ? É claro que não, isso dai é que os pais não tem com que gastar dinheiro e ficam torrando atoa

- Então para você a minha profissão não vale de nada ? - Questionei meu noivo que tentou contornar a situação

- Não é isso que eu tô falando amor, é só que eu acho que esse negocio de problema psicologico é fogo de palha

- Augusto é comprovado cientificamente que isso existe ! - Enfatizei deixando ele um pouco alterado

- Então você quer dizer que eu tô errado Hazel ? Eu não sei nem porque eu inventei de pagar essa bosta de faculdade para você, se fosse para falar umas baboseira dessas era mais facil falar para você ficar em casa lavando roupa

- Para o carro - Vociferei já tirando o cinto - Vamos, anda

- Mas tá escuro lá fora ! - Justificou

- Eu quero descer e você não pode me impedir, para o carro que eu quero descer !

- Mas agora que você não vai mesmo - A cada rua ele acelerava um pouco mais

- Augusto para pelo amor de Deus, você está me assustando - O que demoraria 18 minutos se tornaram 7 pela velocidade dele, mas ao inves de me deixar em casa, Augusto me levou até o apartamento dele, agarrado ao meu braço, fui arrastada até o elevador, porém ainda com as pernas trêmulas, tentei tirar forças de onde não tinha para me desprender dele - Socorrooo - Não havia ninguém ao redor, minha voz sequer saia, um nó se formou na minha garganta enquanto eu temia pelo que viria pelos proximos minutos - Eu só quero ir para casa - Minhas lagrimas pingavam no chão, junto delas senti uma dor, eu havia levado um soco do meu noivo

(Re) encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora