Alex
Ainda que parecesse dificil de comprimir meus gemidos ofegantes, meus olhos buscavam pistas por lugares onde eu pudesse me afugentar, mas antes uma voz grave, fez com que meu foco fosse perdido
- Onde pensa que vai ? - Um homem pouco mais alto que eu, cerca de 1,82, me levou junto de outros capangas para uma sala fechada semelhante a um necroterio, na sequência, após cobrirem minhas vias respiratorias, ambos puxaram uma especie de gaveta, deitaram meu corpo ali e então a fecharam
- Mais tarde temos mais um serviço, pelo visto, a sogrinha do mais novo morto - Comentou um deles - Se bem que depois da surra de ontem... - Pausou reflexivo - peguei ele agonizando proximo a pilastra !
- Mas será que ele morreu mesmo Erick ? Se ele não for, a patroa fara questão de matar nós dois - Comentou o outro, provavelmente era o mais baixo
- Que porra que eu falei sobre citar nomes Solimões ? - Minutos mais tarde pude ouvir alguns ruidos de saltos sobre o piso acimentado
- Bom trabalho meninos, onde ele está ?
- No 226 patroa - Assim que senti o cheiro daquele perfume, meus olhos se umideceram
- Por isso que eu tenho tanto orgulho de vocês, filhos ! - Creio que para minha sorte os policiais entraram em uma negociação
- E agora patroa ? - Gritou um dos baixinhos desesperado
- Larga ele ai e vamos fugir ! - Gritou até ser parada pela policia, junto deles Hazel e meu pai
- Amor, e-eu cheguei, não sei se na hora certa, mas eu cheguei - Ao abrir lentamente meus olhos, senti um ardor na região abdominal, um dos capangas as escondidas acabou me atingido, claro que na sequência ele já havia sido alvejado por tiros
- Alexandro, eu me recuso a perder você, não deixa seu pai garoto, fica, nem que seja pela Mavie - Eu nunca tinha visto meu pai tão mal desde a suposta morte da minha mãe, mas ainda que eu tentasse, não conseguia controlar meu corpo, minha ultima lembrança foi ver a Hazel abraçada ao pai dela e o meu pai se segurando para não chorar na minha frente, aquilo doeu mais do que outra facada ou tiro, mas mesmo desacordado eu podia ouvir as pessoas, reporteres, sirenes, os gritos da minha mãe e as helices do helicoptero
- Cuida do meu namorado moça, ele é muito importante para mim, não deixa ele morrer - Aquela voz embargada parecia ser da Hazel, dali em diante eu realmente apaguei, quando acordei, uma enfermeira limpava o canto do meu rosto com uma gase
- Bom dia meu bem, quanto tempo ! - Sorriu simpatica, porém mesmo derrotado eu queria me manter firme
- Que dia é hoje ? - Pelas minhas contas, eu deveria ter passado de duas noites
- Fazem 17 dias que você está aqui em cima, até que você vem reagindo bem, te deram como morto meu bem, a bonitona que namora contigo vem todo dia assim como seu pai
- V-você pode chama ela ? - Sentia como se a minha língua estivesse presa eu sequer conseguia falar direito
- Quer fazer uma chamada de video ? - A enfermeira perguntou, e claro, eu assenti - Hazel meu bem, olha quem quer te ver
- Oi amor, tá afim de um encontro no hospital ? - Acenei e em choque ela deu um sorriso amarelo
- E-eu tô indo para ai ! - Em uma fração de segundos ouvi batidas na porta, assim que foi aberta Hazel pulou na minha maca
- Calma, eu não tô 100% ainda não
- Eu senti tanto a sua falta amor - Beijo de saudades se tornou um dos meus favoritos - V-você tá bem ? Tem algo doendo ? Tá melhor ? Quer alguma coisa ? Um medico ?
- Calma amor, eu acabei de acordar, respira e para de chorar porque eu tô vivissimo ! - Hazel passou o restante do dia comigo e no periodo da noite, meu pai assumiu o posto, mas antes tivemos uma conversa que parecia franca, porém foi para outros caminhos
- Filho, e-eu não sei nem por onde começar sabe, eu te culpei anos por ter perdido a Vivian, quando na verdade, o erro era ela, ela que forçou a propria morte, me arrependo de ter sido tão duro com você, te bater sem motivos ou até mesmo das vezes que eu simplesmente te abandonei em casa, você pode não querer me perdoar e tem todo esse direito, mas me da uma chance de mudar tudo isso e me tornar um pai melhor ? - Assenti com os olhos tão marejados quanto os deles, assim que ele me abraçou o Alex de 12 anos voltou, hoje sem culpa, mas ainda coagido e cheio de traumas
- Eu te perdoo pai - Aquele foi o melhor e mais inimaginavel momento entre nós, nunca pensei que perdoaria ele, se estivesse em outra época, creio que ele não imploraria tanto pela minha vida
- Agora vê se trata de sair logo desse hospital, tá me ouvindo Alexandro ?
- Sim, senhor - Sorri sentindo segurança e alivio
- Bom garoto - Meu velho bagunçou meu cabelo assim como quando criança me tirando alguns sorrisos do rosto, na sequência me deu jantar na boca
- Pai isso é o cumulo da vergonha - Reclamei mastigando uma lasca de cenoura - Tá sem gosto
- Menos Alexandro, come tudo que daqui a pouco tenho que te levar para caminhar !
- Por Deus viu ! - Resmunguei - Vai logo com isso pai
Na hora de caminhar pelo hospital a cada 5 passos 4 eu soluçava na orelha do meu pai, os pontos repuxavam e doiam, aquilo era horrivel
- Eu quero voltar pai - Implorei em prantos
- Vamos dramatico!
VOCÊ ESTÁ LENDO
(Re) encontros
RomansaE se após anos, novamente estivesse de cara a cara com quem fez de você uma outra pessoa, mesmo sem intenção. Mudanças doem, porém são necessarias, mas até que ponto ? Ainda com medo, duvidas, paixões e inseguranças, você está pronto para assum...