Única alternativa

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Eu caminhava com o menor enquanto segurava sua mão, ele estava tremendo e ainda mantinha a cabeça baixa. Suas lágrimas derretiam a neve fria quando caiam, ele chorava silenciosamente esperando que eu me pronunciasse.

— Esses dias você me prometeu que não iria chorar, o que aconteceu com essa promessa, hm?

Ele ficou ainda mais quieto, aparentando estar arrependido. Levantou um pouco o rosto para se certificar que eu não fazia uma cara irritada e recuou o olhar novamente quando eu sorri para ele.

— Não sei se está pensando nisso, mas eu não estou bravo com você, Innie.

Parei de caminhar e soltei nossas mãos, me aproximei de seu rosto e afastei os fios de cabelo com os dedos, ele me olhava receoso, como se fosse levar um tipo de bronca mesmo com a minha afirmação anterior.

— Você não precisa ter medo, tá tudo bem - Jeongin recuou, ele não conseguia dizer as palavras presas na garganta - Me diz o que você tem, por favor...

É-É que... - o menor soluçava tentando controlar a respiração - Eu sinto muito... E-Eu realmente sinto muito mesmo...

Eu lhe encarava descrente, o que será que passava naquela cabecinha de vento? Quanto mais eu o via assim, mais o meu peito apertava, Jeongin era um garoto tão gentil, tão esforçado e muito especial para mim, quem poderia ter dúvidas disso? Ele escondia o rosto entre as mãos, fazendo com que qualquer som que soltasse fosse apenas um lamurio abafado.

— Pare de se desculpar assim, por favor... - o menor continuava com as mãos no rosto, limpando aquelas lágrimas teimosas.

É minha culpa, s-se eu me esforçasse mais eu poderia contar pra vocês e...

Eu suspirei e franzi a testa, não sabia como calar o garoto que só murmurava coisas ruins. Sem outra ideia na hora eu tirei suas mãos, cobri sua boca com a minha palma e pousei meus lábios sobre meus próprios dedos, deixando um selinho no local. Quando ele se mostrou surpreso eu me afastei um pouco, sorrindo constrangido enquanto coçava a nuca.

— Desculpa por isso, mas você não parava de falar - eu sorri como forma de perdão e vi ele limpando os olhos com a manga da blusa, finalmente tinha parado de soluçar.

— Tudo bem... Não foi ruim.

Eu ri nasalmente e lhe puxei quando vi que tinha um banquinho de cimento próximo a nós. Quando nós dois estávamos sentados eu tirei meu cachecol, enrolando a peça no pescoço do garoto. Ele tinha os olhinhos um pouco fechados, não conseguia ver por causa do tecido comprido, mas ele sorria para mim por conta desse ato tão caprichoso.

— Não tô pedindo pra você me contar tudo agora, eu sei que não sou ninguém pra te cobrar uma coisa dessas, mas realmente me preocupo com você, Innie - fiz um carinho atencioso em seu cabelo sujo de neve, assistindo seus olhos presos aos meus - Só quero que se concentre em ficar bem, quando estiver pronto pode falar comigo, ouviu?

Ele abaixou o cachecol e assentiu com a cabeça. O garoto dava um sorriso adorável, porém não se assemelhava aos outros que costumava dar, era muito mais do que isso, só não sabia definir muito bem o que ele queria transmitir - provavelmente um agradecimento, mas gosto de pensar por outro lado.

— Promete que não vai guardar tudo pra você? - eu lhe dei meu mindinho, pedindo em gesto para que ele entrelaçasse com o meu.

— Prometo - ele cruzou nossos mindinhos e desfrutou um riso baixo logo em seguida, era a coisa mais fofa do mundo.

Ele continuava a sorrir, por conta da choradeira anterior seu rosto parecia um pouco molhado, os riscos nas bochechas brilhavam com a luz dos postes, ele estava lindo no meio de todo aquele caos.

O Coelho e a Raposa - hyunin e minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora