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"Estou chorando, eles estão vindo atrás de mim
E eu tentei guardar estes segredos dentro de mim
Minha mente é como uma doença mortal (...)
E todas as crianças gritaram
Por favor, pare, você está me assustando
Eu não consigo impedir essa energia terrível
É isso aí, acho bom ter medo de mim
Quem está no controle?"







A última imagem ma cabeça de Seokjin era o rosto choroso da amada Jieun, na trágica noite de lua cheia. Ele pensou nela, de olhos fechados. Seu corpo estava dolorido demais para se levantar e a visão era turva quando abria os olhos. Decidiu apenas pensar em sua Jieun. 

O gosto de seu batom matte que ela fazia questão de usar todos os dias, o cheiro do shampoo que deixava seu cabelo tão lindo. O jeito que ela ria de todas as suas gracinhas, a maneira que ela era a única esperta o tanto quanto ele. Ela era sua cara metade, sua âncora. Acordar e vê-la dormindo calma ao seu lado não era uma opção naquele momento. Porém pensar nela já era o suficiente. 

Lembrava do primeiro encontro que tinham ido. Uma taverna de seres sobrenaturais menores de idade. Tinha jogos de arcada, boliche e ping pong. Eles escolheram jogar truco com os dois lobos anciões e se ganhassem poderiam comer e brincar de graça. Com apenas 15 e 14 anos, ganharam com facilidade e tomaram pelo menos vinte milk-shakes cada. Foi a noite perfeita. 

Depois de lembrou e sua mãe. Kim Hyewon, nascida Im Hyewon, cabelos cacheados e o sorriso mais vivido de todos. Era uma mulher determinada e destemida, Seokjin nunca viu ela abaixar a cabeça uma vez sequer. Ela sabia o que era certo e lutava com cada fibra do seu ser. 

Toda vez que Jin chegava em casa com os joelhos ensanguentados — os machucados já curados – ela levaria o filho com um pano e faria para ele um chá. Depois do chá, os dois passariam o resto da noite juntos, contando histórias e explorando o grande castelo. Ela contaria de como chegou na Transilvânia sendo nascida na Coreia, como era sua vida antes, os planos que ela tinha para o futuro seu e do filho. Aquela mulher com certeza era sua maior inspiração. 

Ele tentou abrir os olhos novamente e sua visão finalmente focou. Não era sua cama e Jieun com certeza não estava ao seu lado. Era uma sala branca e pequena, com uma lâmpada de médio apontando direto para o seu rosto. A náusea tinha passado, tentou se sentar para se situar. 

Impossível. Correntes prendiam seus braços e pernas na cama de metal onde tinha sido colocado. Com uma pontada aguda na cabeça, se lembrou como tinha chegado ali. Tinha tomado a injeção do portal. Ele foi sequestrado. 




— Só quatro correntes? Me sinto insultado... 





Ele tinha aprendido como se livrar de uma dessas na primeira semana de treinamento do exército. Foi mais de um século atrás, mas tem coisas que não se esquece. Como andar de bicicleta, ele apenas deslocou os dedões para livrar as mãos. Colocou os dedos de volta no ligar sem problema algum e finalmente pode se sentar. 

A sala não tinha muita coisa além da cama que estava. Viu outras duas camas iguais do seu lado esquerdo, vazias. Do lado direito tinha uma mesa com um vaso cheio de um líquido transparente. Dentro haviam vários objetos cirúrgicos, incluindo uma seringa. Aquela maldita seringa. Na parede da direita, tinha uma porta de metal. Parecia grossa e pesada, com uma pequena caixa do lado. Provavelmente para colocar a senha. 

As suas roupas não passavam de meros trapos. Parecia o pano de cozinha que sua mãe usava no século 19. Para tirar os pés das correntes foi mais difícil. Ele mordeu o trapo para não fazer barulho e quebrou os próprios pés. 

Era a única maneira. 

Ele mordeu com força o trapo velho, segurando um grito enquanto tirava os pés das correntes. Voltou eles para o lugar e se sentou novamente — precisaria de alguns minutos para que aquilo se curasse. 






Luz da Lua. (Taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora