{Capítulo 3}

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Ao abrir os olhos na manhã de domingo, Ana confrontou a dualidade entre a realidade e o resquício de um pesadelo. As dores nas costas eram testemunhas físicas da queda, enquanto a luz dourada do quarto tentava acalmá-la. O lençol, familiar e acolhedor, oferecia um contraponto à imagem persistente da figura demoníaca.
A natureza lá fora sussurrava sua melodia matinal, Ana se convenceu de que o sótão sinistro era apenas uma fantasia noturna. No entanto, a inquietação persistia, pois o terror da noite anterior se entrelaçava com a clareza da manhã de domingo.
Ana desceu as escadas guiada pelo aroma delicioso que impregnava a casa. Ao chegar à cozinha, deparou-se com uma cena peculiar: seus pais, estavam em pleno movimento, preparando uma verdadeira festa matinal.
A mesa exibia um banquete de pães frescos, geleias caseiras, torradas douradas e uma variedade de sucos coloridos. O olhar perplexo de Ana buscava entender a origem daquela súbita inspiração culinária.

- Nossa, desde quando vocês cozinham? E que cheiro bom é esse? - perguntou Ana, expressando sua surpresa.

- Não sei, de manhã cedo me bateu uma vontade de cozinhar, e estou assando um bolo - respondeu Helen, sua mãe.

- Estranho né? Sua mãe mal faz um suco- disse seu pai, verificando se o bolo no forno estava bom.

O cheiro delicioso se intensificava, e a barriga de Ana roncou. Ela comeu um pouco de tudo que estava à mesa, mas antes que pudesse devorar tudo, Helen interveio.

- Não coma tudo, nós temos uma visita para desfrutar do café com a gente. disse Helen.

Antes que Ana pudesse perguntar quem era, a campainha tocou, e uma voz familiar alcançou seus ouvidos, aguçando ainda mais sua expectativa pela visita inesperada. A senhora Hostis reapareceu, vestindo a mesma roupa dos dois dias anteriores, conferindo à sua presença um toque peculiar.
- Querida, esta é a senhora Hostis. Ela afirmou ter vindo aqui antes, mas parece que não encontrou ninguém em casa. explicou a mãe de Ana.

-Na verdade, sua filha me recebeu. Até entreguei a uma torta de limão", comentou Hostis, dirigindo seu olhar estranho para Ana. Ana olhou para seus olhos e viu que estavam os dois castanhos, ela não era cega? Ana se perguntava.

- Não me lembro de ter visto nenhuma torta. disse Helen, a mãe de Ana, com um ar de perplexidade.

Ana, inventando uma desculpa, pensou em dizer que passou mal e jogou a torta fora, mas decidiu mentir:
- desculpa mãe, comi tudo, estava muito deliciosa, senhora Hostis.

-Ah, querida, deveria ter guardado um pedaço para seus pais", observando Ana com olhos parados. Como se ela não piscasse.

Dona Hostis não parecia ali apenas para café; seus olhos exploravam cada detalhe da casa. Quando questionou sobre o banheiro, Helen disse que ficava no andar de cima, e Ana, intrigada, seguiu dona Hostis, com a desculpa que ia até seu quarto. Dona Hostis naquela manhã estava agindo estranhamente, focada em algo além da família à mesa. Subindo as escadas, Ana percebeu a porta do banheiro aberta, mas dona Hostis não entrou. Ao se aproximar, ouviu murmúrios vindos do quarto dela.

Curiosa, Ana espiou pela brecha da porta e ficou chocada. Dona Hostis, de pé numa cadeira, mantinha uma conversa peculiar com o mofo

-Não pode ser tão descuidado assim falava com o mofo da parede.

Ana viu uma cena inesperada, a senhora hostis estava... lambendo o mofo incessantemente, e de uma forma desesperadoraCada lambida fazia o mofo recuar suavemente. Aquela cena era grotesca. Ana, ao pisar em falso, atraiu a atenção de dona Hostis, que olhou para trás rapidamente. Ana recuou rapidamente, perplexa. Os olhos de dona Hostis pareciam totalmente brancos. Sua pele cinza e enrugada como se tivesse envelhecido alguns milhares de anos, Ana saiu de frente da porta com o coração disparado. Foi descer as escadas apressadamente, perturbada pelo que testemunhara.

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