05: Por que se esconde?

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Dandara Magalhães

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Dandara Magalhães

Eu não sei se aquele cara que tá te encarando quer te matar ou tá admirando... —Rita sussurrou ao meu lado me fazendo olha-lo de relance.

E ela tinha razão, desde o segundo que descemos do caminhão o cara não desgrudou os olhos por um segundo sequer. O olhar parecia querer me devorar ou admirar como Rita disse.

—Acho que ele tá mais pra assustado... —Sussurrei de volta vendo-a erguer as sobrancelhas.

—Como assim?

—Foi ele que me viu no hospital. —Quando o olhei descendo do caminhão senti um frio percorrer toda minha coluna e logicamente o reconheci. —Por isso esse olhar, mas pelo menos não é pena.

Esse é olhar que mais me irrita, sempre me olharam como se eu fosse um cachorrinho que caiu dentro de um buraco. Os olhos melancólicos da enfermeira que me socorreu no primeiro hospital, o olhar da policial, o olhar de todos da cidade... Mas isso não foi pior do que o olhar que eu mesma me dei.

Olhando sempre através de um espelho, a única forma que eu podia me enxergar. E ali era onde eu mais me odiava. Odiava tudo. E ainda odeio. Odeio a ideia de me sentir culpada, de sentir pena, de sentir remorço, de me sentir incapaz... Mas principalmente a de ter sido tão burra ao ponto de acreditar em todo aquele conto de fadas que nunca existiu.

...

Como uma moça tão linda anda por aí sozinha? —Sorri levemente encarando seu rosto sereno.

—Não tenho nada de bonita... —Murmurei vendo-o parar no mesmo instante.

—Como pode dizer uma coisa dessa? —Seus braços se cruzaram acima do peito. —Se seu namorado ouvir isso ele ficaria bravo.

Soltei uma gargalhada no mesmo instante, como se aquilo fosse a piada mais hilária que eu já ouvi em minha vida.

—O que? Vai me dizer que não tem namorado? —Balancei a cabeça negando parando de rir aos poucos. —As coisas são muito erradas... Como pode uma moça bonita não ter namorado?

—Dandara, meu nome é Dandara. —Ignorei seus elogios apenas querendo que ele soubesse meu nome.

—André... —Ele parou por um instante me olhando de cima em baixo com seus olhos azuis intensos.

—Eu sei. —Murmurei enquanto ele sorria.

Não sei qual sentimento se instalou em meu peito nesse instante, mas eu podia flutuar. Ele me achou bonita, ele me elogiou, sorriu para mim e me tratou bem.

ENLAÇADOS PELO DESTINO (MORRO)Onde histórias criam vida. Descubra agora