O clima frio era agradável para Lane. Mas já era exagero. Ele já não podia mexer os dedos dos pés e das mãos e já havia perdido a sensibilidade na ponta do nariz. Escutou uns ruídos vindos da entrada da cela onde ele se encontrava, se aproximando lentamente e murmurando coisas enquanto vinha. Pelo barulho, Lane deduziu que era um homem, provavelmente o carceireiro da prisão que mais parecia um filme de ficção cientifica, com uma arquitetura diferente de qualquer uma que já havia visto nas aulas de artes da Sra. Blake. À medida que se aproximava mais, ele conseguiu perceber que na verdade eram duas pessoas, que também murmurava coisas, mas numa lingua que agora ele entendia.
- Teg pu, renosirp!, disse a primeira voz que ele havia escutado, num tom de desprezo e ao mesmo tempo, intimidação.
- Levante-se, querida. Calma que vai dar tudo certo.
Assim que ouviu isso, Lane ficou mais atento pois já podia ver as sombras dos dois indivíduos na parede. E então o choque. Uma criatura cinzenta, de mais de 2 metros de altura, o encarou com seus olhos negros e lentamente colocou um tipo de arma de fogo no coldre de sua armadura prateada, com detalhes em amarelo e que claramente havia um símbolo ou brasão que ele jamais vira. Dessa vez, a criatura não disse nada, e somente o homem que o acompanhava lhe disse:
- Levante-se. Ande calmamente até o final da fila.
Lane calçou umas botas que lhe haviam deixado. Levantou e seguiu até a saída de sua sala, onde avistou pelo menos umas 5 pessoas com ele, seguiu até o final como ordenado e esperou.
- Parceiro, você sabe me dizer o que está acontecendo?
- Estou tão desinformado quanto você, companheiro.
Finalmente podia ouvir conversas numa língua que entendia, e se sentia um pouco mais seguro.
Com uma olhada rápida pelo túnel a frente das celas onde estavam, a enorme criatura bradou algumas palavras e olhou novamente para o seu companheiro humano.
- Tá legal pessoal, hora do show! Andando!
A fila começou a se movimentar e pouco a pouco um barulho chegava da sáida do túnel aos ouvidos de Lane. Quando finalmente ultrapassaram a saída do túnel, viram uma arena lotada dessas criaturas. Gritavam como se fosse um jogo da Barclays. Chelsea vs. Manchester UTD. Lane sentiu saudades de casa.
- Sgniteerg, onamuhs! - Disse uma das criaturas, que, avaliando pela posição e pela vestimenta, devia ser algum tipo de rei. Ao lado dele, havia uma mulher sentada em um trono bonito, mas nada que chegasse aos pés do trono do "rei". A mulher disse algumas coisas ao pé do ouvido do monarca e começou a falar:
- Saudações, humanos, companheiros de espécie. Devem estar se perguntando o que estão fazendo aqui, como chegaram aqui e várias outras dessas perguntas bobas! Bom, estarei feliz em responder todas essas perguntas na frente de toda a nossa platéia. Primeiro, o mais importante. Isso aqui não é a Terra, acreditem ou não! Estamos a mais de 30 jilirs, ou anos-luz, como costumam chamar no planetinha medíocre de vocês. E considerem-se representantes sortudos da raça humana, pois foram escolhidos à dedo entre os 9 bilhões de habitantes de seu planeta, devido as suas habilidades e características predominantes, que os diferenciam dos demais indivíduos de suas espécies. Matemáticos, militares, freiras, atores, lutadores e muito mais! Tudo para deixar mais interessante o nosso pequeno espetáculo, organizado cuidadosamente pelos nossos, vamos dizer, "produtores". Sim, agoram vocês são os personagens principais da Arena! Bem vindos e boa sorte!
Agora, vamos as respostas. Cada um de vocês foi resgatado de seu planeta e trazidos para cá pela ação generosa dos nossos produtores. Enquanto dormiam, inserimos vocês em uma de nossas cápsulas de teleporte e apagamos as memórias do seu planeta, exceto as habiilidades e conhecimentos que utilizarão pelo programa. As pessoas que estão nas mesmas filas que vocês agora são sua nova família. Reunimos vocês com base em suas habilidades e organizamos de modo a facilitar o cumprimento de seu objetivo principal. E qual seria ele? Sobreviver!
Assim que foi dito isso, a platéia composta pelas criaturas cinzentas se ergueu dos assentos e lançou um grito de euforia ao ar pesado do novo planeta. Vários alçapões se abriram sob os pés dos participantes, e então, a mulher iniciou novamente o discurso.
- Verifiquem no bolso de seus macacões se existe um papel neles. Neste papel está inserido o número do alçapão em que devem adentrar. Para mais explicações, entrem no túnel designado à vocês. Que o show comece!
E soltaram outro grito, mais eufórico do que o anterior. Lane havia ganhado o número nove. Fora o primeiro a entrar pelo alçapão e escorregar pelo túnel que havia por baixo do alçapão. Conseguiu ver algumas das pessoas que formaram a fila em atrás dele. O que foi que aconteceu?
Chegando lá, viu a sua nova "família" descendo também pelo túnel, uma a uma. Um homem que havia chegado logo depois de Lane, começou a falar.
- Alguém pode me dizer que insanidade é essa? - A expressão de medo era visível nos olhos do homem, que como alguém que acabara de levar um susto, passava a visão de um lado para o outro pela sala pequena onde se encontravam.
- Com certeza, deve ser alguma pegadinha de alguma emissora de televisão. Disse um jovem magro, portando óculos de lentes redondas e com o cabelo até os ombros.
- Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas se sobreviver é objetivo, é exatamente isso que eu vou fazer.
A iluminação foi aumentada, e assim conseguiram ver a corrente onde levava inscrito o seu codinome de exército, o homem que acabara de falar.
Todos presentes na sala se assustaram com a calma e frieza de Eagle-Shot, que tentou disfarçar o pavor que estava sentindo por dentro.
- Falou e disse, mano. Esses trutas tão viajado das ideias se eles acham que eu vo ficar dando mole nessa merda de lugar.
- Vocês realmente estão pensando em levar à sério esse programinha de TV? Não percebem que estão zoando com a nossa cara? Isso é tudo uma encenação, não percebem?
- Encenação ou não, eles estão nos mantendo sob custódia e, pra falar a verdade, eu realmente não lembro de nada sob a minha vida na Terra. Lane se pronunciou, depois de finalmente conseguir coragem suficiente para descolar um lábio do outro. - Tem um báu aqui, vamos ver se tem alguma coisa contida nele.
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A Arena
Science FictionObra de ficção cientifica escrita por mim, no tempo livre da qual disponho. Aproveite.