Capítulo 10

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Já era de madrugada quando Maegor pulou da cama assustado.

Ele tinha tido um sonho com uma mulher mais velha de cabelos brancos e traços muito familiares. Ela olhava para si com ternura, parecia quase emocionada. E naquele lugar estranho, com aquela mulher estranha, Maegor se sentiu bem pela primeira vez em muito tempo. Ele não sentiu calafrios, nem dores e nem tontura.

Somente uma paz.

A mulher parecia muito querer falar, mas algo a impedida, ele mexia a boca mas nenhuma voz saia. De repente, ela olhou para os lados assustada, e a atmosfera de tranquilidade foi se esvaindo. A imagem da mulher foi sumindo e ela começou a indicar alguma coisa com o dedo furiosamente.

Maegor apertou os olhos para tentar ver o que era, mas uma sombra preta começava a tomar conta de tudo. Felizmente, antes que tudo fosse tomado pela escuridão, o garoto conseguiu ler uma frase.

"Spiritus tenebrarum, in vinculis detentus, numquam liberari potest" O espírito das trevas, acorrentado, nunca poderá ser libertado.

Não era muito significativo para ele, mas sabia que já havia lido aquilo em algum lugar. Sua memória era muito boa e Maegor considerava isso uma benção dos Deuses Valirianos.

Mas ao mesmo tempo que era muito bom, também tinha suas horas ruins, como por exemplo agora, ele já havia lido aquela frase em algum lugar, mas isso poderia ter sido em qualquer parte de sua vida. Ele poderia ter lido aquilo na infância, na pré-adolescência ou até mesmo a uma semana atrás, não era uma coisa certa e isso irritava um pouco.

O príncipe levantou da cama vestindo um roupão qualquer que pegou da pilha de roupas na cadeira em um canto do quarto, e passou pela porta andando rapidamente até o quarto da irmã mais velha, agradecendo pelos guardas não lhe fazerem perguntas desnecessárias.

-- Helaena! - a chamou balançando seu braço. A mulher resmungou alguma coisa inaudível e agarrou o travesseiro para se acomodar melhor - Helaena! - balançou com mais forte e ela abriu os olhos assustada - Aconteceu uma coisa!

-- O que...? - tirou o cabelo grudado perto de sua boca pela baba.

-- Eu tive um sonho muito estranho, com uma mulher que parecia muito familiar, e eu vi uma frase muito familiar.

-- Sonho? O que... - ela ainda estava confusa por ter sido acordada tão de repente.

Maegor franziu o cenho e arrumou a postura.

-- Vou na cozinha pegar café, por que se não, você não vai prestar atenção em nada que eu falar.

Helaena assentiu minimamente vendo o irmão sair do quarto. Enquanto esperava, a princesa usou da água que tinha sobrado do banho da noite anterior para lavar o rosto, não se importando com sua temperatura fria, secou o rosto com a toalha macia e amarrou o cabelo voltando a se sentar na cama.

Minutos depois, Maegor entrou segurando duas xícaras e entregou uma delas para a mulher, que na mesma hora bebeu um pouco.

-- Eu posso falar agora? - ela assentiu ainda em silêncio - Como eu ia dizendo, eu tive um sonho com uma mulher, e pareceu tão real... foi a primeira vez em muitos anos que eu me senti bem, sabe? Ela estava tentando falar comigo, mas alguma coisa que impedia, depois disso começou a aparecer uma sombra escura que foi tampando tudo.

-- Como assim?

-- Eu não sei direito o que aconteceu, foi muito do nada - falou - A mulher ficou apontando para alguma coisa, era uma frase em latim que eu já li em algum outro lugar, mas não lembro onde.

-- Qual é a frase?

-- "Spiritus tenebrarum, in vinculis detentus, numquam liberari potest".

Maegor reparou que Helaena ficou muito calada e inquieta.

-- O que foi?

-- Eu também já li isso em alguém lugar - ela se levantou colocando a xícara em cima da mesinha, e começou a andar de um lado pro outro com a mão na cabeça - Onde foi que eu li? Onde foi que eu li?

-- Lena...

Ela continuou desse mesmo jeito até que finalmente parou e olhou para a parede.

-- A capela!

Maegor, que tinha se deitado enquanto esperava a irmã acabar de andar de um lado para o outro, se levantou rapidamente.

-- O que? O que tem a capela?

-- Essa frase tá na parede da capela da cidade.

O príncipe apertou os olhos e flashes começaram a passar por sua cabeça, ele se lembrou da frase escrita em tinta preta na parede cinzenta da capela que ficava no centro da cidade.

-- Lena, você é incrível! - comemorou - Aquela capela teve ter alguma ligação com a mulher bonita e a sombra misteriosa, eu preciso ir ver pessoalmente.

-- E como você pretende fazer isso? Mamãe infarta só de pensar em você no meio dos moradores da cidade, eles não são nossos fãs.

-- Eles não são fãs da mamãe, do avô e do Aegon. Eu nunca tive nenhum problema com eles.

-- Nem eu, mas a mãe acha que eles vão nos sequestrar ou sei lá, ainda mais com você podendo passar mal a qualquer momento.

Maegor fez um biquinho desanimado, mas logo se lembrou de algo e sorriu maldoso. -- A mamãe não vai ter como negar quando eu disser casualmente pro rei, que nosso sobrinho me chamou pra passear na cidade, e eu não posso ir porque não tenho permissão.

Helaena também sorriu com a ideia, claro que Viserys não iria negar essa oportunidade de fazer o filho e Jacaerys ficarem mais próximos, ainda mais porque ele tinha a intenção que todos morassem juntos no castelo, e precisava que todos tivessem harmonia pra isso acontecer.

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Play With Fire || Jacaerys Velaryon Onde histórias criam vida. Descubra agora