Tão próximos e tão distantes

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Cumprimentei o mesmo com um leve curvar, e sentei na cadeira mais longe que existia. O silêncio na sala era absurdo, eu não abria a boca para nada, ele parecia querer puxar assunto, mas estava sem jeito. Afinal, eu não pareço nem um pouco oriental, e eu não havia aberto a boca, então, com certeza ele estava no mínimo tentando decifrar se eu falava a língua dele.

Mais um tempo passou, e ninguém chegou. Comecei a pensar que talvez o pessoal tivesse desmarcado, e eu e Dong-wook fomos os únicos desavisados. Tive que abrir a boca, afinal, ia ficar naquele silêncio ensurdecedor até quando?

— Que demora. Será que confundi o horário?

Ele demorou um pouco a entender o que eu havia dito. Mas assim que fui repetir o que havia dito, ele então falou:

— Sim, estou estranhando ninguém ter aparecido ainda. Mas sou tão cuidadoso quanto ao horário, sei que não me confundi.

— Ufa. Menos mal, então agora posso ficar tranquila.

— Eu a conheço? Acho que nunca a vi, mas vejo tantas pessoas. Peço perdão se não tiver te reconhecido — disse ele.

— Bom, não se preocupe. Nós nunca nos vimos antes, então você não me esqueceu.

— É um prazer conhecê-la então, sou Lee Dong-wook.

— Eu sei quem é você! - escapuliu da minha boca antes que eu pudesse pensar no que dizer corretamente.

Logo tentei consertar e disse a ele meu nome.

— Karina, nome bonito - disse ele baixinho, mas o suficiente para que eu ouvisse.

Agradeci com um leve aceno de cabeça.

Enfim, os atrasados chegaram e logo preencheram os lugares vagos. Foi naquela hora que me arrependi de ter sentado tão longe dele, pois agora diversas pessoas estavam entre nós, então eu sequer conseguia participar de uma conversa em que ele estivesse junto.

A coisa começou a ficar animada, todos bebiam e conversavam. Era óbvio que eu já estava acostumada com esse "jeito de ser", mas achei que os atores em si seriam um pouco mais recatados e reservados. Mas foi um engano pensar assim. Ali todos estavam livres, se divertiam sem medo. Ouvi relatos engraçados sobre os bastidores do drama que estão gravando, até senti falta de estar em uma produção.

Chegou uma hora que a atenção de todos se voltou para mim. Eles ficaram curiosos para saber sobre os bastidores das produções brasileiras que participei. Como eu já tinha me enturmado bem, foi fácil falar. Contei como funcionava, algumas curiosidades, e até mostrei vídeos das novelas em que trabalhei. Como a diferença cultural é grande, eles ficaram surpresos com algumas coisas que falei, mas em nenhum momento senti que estavam julgando.

Mais duas horas de conversas avulsas, e o jantar chegou ao fim. Agora, aquilo ficaria apenas na minha lembrança.

[ALGUNS DIAS DEPOIS]

Eram meus últimos dias no país, afinal como eu já disse, planejei ficar apenas seis meses no país. Eu já havia me apegado ao lugar, mas, não nasci rica, e precisava voltar para a minha realidade, trabalhar novamente.

— Não vá! Você disse que seu contrato no Brasil acabou, você não tem nada garantido ainda. Fique conosco, eu já lhe disse que a produção do próximo drama que participarei está precisando de pessoal qualificado — disse Na-rae.

Eu respondi a ela que eu não tinha confiança em começar um trabalho no país, afinal, há muitas coisas diferentes, e eu precisaria de um certo tempo para me adaptar. E ela insistiu que eu podia aprender enquanto trabalhava e que eu tiraria tudo de letra. Ainda assim, continuei com a minha resistência.

Na minha última semana, recebi uma ligação de um número desconhecido, era alguém da produção de um drama. Me disseram que estavam procurando por uma assistente de direção e que haviam me recomendado, portanto, gostariam de marcar uma entrevista e que eles já estavam cientes da minha inexperiência com a produção sul-coreana, mas que ainda assim tinham interesse em me contratar. Pedi um dia para pensar e foi concedido.

Logo, pensei "vou matar a Na-rae", mas depois, pensei que talvez isso seria muito bom para a minha carreira e realização pessoal. Não custava tentar, já que eles de fato estavam cientes das possíveis dificuldades que eu poderia ter. Decidi ir na entrevista. A qual ocorreu três dias depois. Tudo saiu melhor do que o esperado, e na mesma hora já me deram a notícia de que eu estava apta para o trabalho, bastava apenas aceitar, e é claro, aceitei, pois já tinha considerado tudo que era necessário pensar.

Voltei para o Brasil, afinal meu visto de seis meses acabou, aproveitei para organizar minhas coisas da mudança. Me despedi dos meus pais e irmão mais novo e parti rumo a essa nova aventura.

Meu namorado é uma super estrela - Lee Dong WookOnde histórias criam vida. Descubra agora