Sophie e Agatha são melhores amigas, disso não temos dúvidas.
Mas e se a dupla fosse na verdade um trio? Onde não somente Agatha parou na "escola errada" sozinha?
E se um certo "Nunca", filho do Capitão Gancho, se apaixonasse por essa "Sempre" tão...
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Menodora ficará cerca de 3 dias seguidos pensando no acontecimento da noite anterior envolvendo Hort, o jovem pirata e filho do Capitão Gancho, o homem responsável pela escrita do, agora, livro favorito da morena. Seus desenhos envolvendo as criaturas marinhas, suas narrações egocêntricas e suas aventuras inesperadas pelo mar eram de grande fascínio para a jovem. Porém, toda vez que via o desenho de algum polvo minúsculo, um tubarão estranhamente manso, uma arraia simpática e um cardume de peixes esbranquiçados, ela se lembrava de Bolo, seu filhote de cabrito branco que estava na casa de Agatha com sua mãe feiticeira e seu gato preto sem pelos no corpo magrelo.
Mesmo que estivesse no jardim, tendo uma aula com a reitora Dovey sobre bondade e compaixão, Menodora não tinha ânimo aquela manhã para observar os passarinhos azuis que mais pareciam bolotas piantes de tão rechonchudas. Ao seu lado direito estava Agatha, distraída com a aula de espadas que os homens estavam tendo no outro lado do jardim, um morro acima. A morena preferiu encarar o lago a sua frente, cheio de peixes que se movimentavam de maneira estranha, mesmo nunca tendo visto aquela espécie tão translúcida antes. As pequenas criaturas eram agitadas, em seu peito, Menodora sentiu um certo desconforto com o desespero das criaturas amontoadas, a sensação de choro entupindo sua garganta como um acúmulo de impurezas durante algum resfriado perto do inverno. Seu nariz entupiu e seus olhos oceânicos lagrimejaram de repente, fazendo com que o desespero dos peixes, mesmo ela não sabendo com certeza se eles de fato estavam desesperados, transparecesse em si mesma. Rapidamente começou a fungar, tentando com todas as forças focar em não deixar as lágrimas caíram, mesmo que suas órbitas continuassem fixas naqueles peixes estranhos. "Como eu quero abraçar Bolo agora", pensou.
- Está tudo bem, querida?
A voz de Dovey surgiu na audição de Menodora, a despertando de seu devaneio e a fazendo finalmente desviar os olhos dos peixes agitados.
A morena acabou olhando ao redor e se arrependeu na mesma hora quando viu todas as princesas a encarando com estranheza, algumas com desprezo como Beatrix, e outras com deboche. A única preocupada sendo Agatha, que estava logo ao seu lado e era sua amiga de verdade. Menodora sentiu que estava sendo uma chacota novamente e tentou passar a ponta dos dedos embaixo dos olhos, garantindo que nenhuma lágrima havia escapado, antes de olhar para a reitora Dovey, que a observava com um misto de desconfiança e preocupação.
- Posso ir ao banheiro?
A pergunta de Menodora fez com que a reitora Dovey fizesse um movimento positivo com a cabeça e rapidamente ela se levantou de sua cadeira e foi em direção ao castelo em passos rápidos. Ignorando a pergunta preocupada de Agatha, "o que aconteceu?", e a fala irônica de Beatrix, "esquisitinha". Mas Menodora não seguiu até o castelo da Escola do Bem de fato, indo até um dos portões que indicavam os limites do território escolar, que por curiosidade era o portão mais próximo da Escola do Mal, rival a sua escola atual.
Chegando perto do portão sul, Menodora se sentou embaixo de uma árvore que a mesma não conseguiu identificar, mas pelos galhos cheios das frutas de manga logo ela soube qual árvore era. Olhando para as folhas verdes tocadas pelo sol da manhã, Menodora tentou não sentir a crescente angústia em seu peito. Um pouco do sol passava por entre os galhos e atingia suavemente o rosto da morena em pontos redondos de cor amarelada, iluminando seus olhos como o próprio mar em suas mares mais calmas, mas só quem olhasse com atenção iria perceber a tempestade ocorrendo em seu anterior. O tubarão dos maus agouros perseguindo um cardume de emoções positivas diante dos olhos de Menodora, que se afogava enquanto o tentáculo do polvo da incerteza a puxava ainda mais para o fundo, a guiando para um abismo negro altamente depreciativo.
