Capítulo 6

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Andaram pela cidade dos mortos encontrando Georgie e Emma no caminho, a última tendo o nome descoberto por S/n ao perguntar para sua noiva.

Subiram uma torre gasta e com risco de cair a cada lufada de vento, os degraus rangendo e estalando, alguns deles não existiam mais.

─ Tim? ─ A de branco chamou soltando a gata e andando entre as pilhas de livros e pergaminhos ─ Tim? ─ Chamou novamente ouvindo o som de algo se quebrando.

S/n olhava para tudo, até que sem querer se esbarrou em um monte de livro, acabando por derrubar um jarro de flor no chão.

S/n olhou para o topo de uma pilha onde uma luz iluminou melhor a poeira no ar.

Um esqueleto com óculos meia lua surgiu com uma vela na mão, o crânio do antigo homem possuía uma bipartição no topo da testa, não possuía pele ou músculo, não tinha os olhos nem nenhum outro órgão.

─ Olá minha garota ─ O esqueleto cumprimentou a noiva cadáver que sorriu gentil para o senhor ─ O que te trás aqui?

─ O senhor conhece minha noiva? ─ Jenna enlaçou o braço de osso puro com o de S/n que não conseguia desviar os olhos do esqueleto no topo da pilha de livros.

─ Então ela foi a sortuda de se casar com você? ─ O esqueleto arrumou os óculos no rosto sorrindo.

─ Sim, e sobre sua outra pergunta ─ A morena continuou sem soltar a outra morena ─ Nós gostaríamos de um jeito para visitar ─ Jenna apontou para o teto ─ Lá em cima.

─ Por que iriam querer visitar ─ O professor também apontou para o teto - Lá em cima? Tem gente que quer morrer e vim pra cá.

─ Eu queria apresentar Jenna aos meus pais ─ S/n falou soltando a noiva para pegar Cali no colo já que a gata estava tentando subir em uma pilha de pergaminhos instáveis.

─ Ah claro ─ O velho sumiu por um tempo surgindo logo depois com um enorme livro em mãos ─ Visitar os vivos...

Jenna tomou a gata das mãos da noiva e começou a brincar com o animal que tentava passar as patas em seu rosto e cabelo.

O esqueleto foleava o enorme livro passando os dedos pelas páginas como se lesse, Mas ele não tem olhos, pensou a morena.

─ Achei ─ O homem informou tremendo o queixo um pouco ─ Um feitiço básico de assombração.

O esqueleto começou a reunir alguns ingredientes misturando-os em uma taça de prata, fumaça colorida saia da mesma ao som dos inúmeros corvos batendo as asas para pousar nos livros.

O liquido ficou vermelho com a fumaça amarela em espiral, o homem então levou a taça no orifício da boca.

Expectativa pairava sobre o jovem casal, a gata Cali se remexia nos braços da cadáver como se tentasse se coçar.

Mas ela não tem pelo, a morena pensou, O que estaria tentando retirar?, não sabia dizer, aquele mundo a deixava confusa.

O esqueleto virou o líquido no momento em que um verme saiu pelo buraco da orelha de Cali.

O gato espirou e o crânio do velho explodiu com a fumaça vermelha vinda do líquido que bebeu.

Com sincronia o animal e o professor lamberam o que seria os beiços, Mas eles não têm língua nem lábios, pensou S/n novamente, olhou sua noiva que continuava fazendo carinho atrás da orelha da gata.

Ela não tem orelha, tornou a pensar, franziu o cenho, aquele mundo ainda era um mistério para si, concluiu.

─ Onde estávamos? ─ A voz trêmula pela idade alcançou os ouvidos da jovem viva.

─ O feitiço de assombração ─ Jenna respondeu calmamente.

O mais velho assentiu pegando um dos corvos atrás de si e o apertou até o animal botar um ovo do tamanho do pássaro.

─ Quando quiserem voltar basta dizer a palavra chave ─ O velho informou quebrando o ovo ─ Amarelinha.

─ Amarelinha? ─ A morena riu e enlaçou seu braço com a noiva.

O pó dourado caiu sobre o casal e sua gata, deixaram, então, a escuridão os guiar aos cuidados do luar presente naquela noite.

Quando S/n abriu os olhos, encontrou a floresta na qual tudo havia começado. A lua cheia brilhava no céu.

─ Faz tanto tempo que não vejo a lua assim, foram tanto tempo na escuridão.

S/n a olhou arregalando os olhos. Ela ainda estava lá.

─ Ah, meus pais ─ S/n disse.

─ Ah claro, vamos conhecer seus pais ─ Jenna disse começado a andar.

─ Eu acho que devo falar com os meus pais primeiro, a novidade, não quero... pegá-los de surpresa ─ S/n disse gesticulando.

─ Perfeito ─ Jenna disse concordando.

─ Ok, espere aqui então ─ S/n disse.

─ Tá bem ─ Jenna concordou se sentando no tronco de árvore.

─ Eu volto logo, não sai daí ─ S/n disse novamente.

─ Vai lá bobinha, estarei aqui ─ Jenna disse.

─ Ok, já volto.

S/n andou pela cidade. Primeiro pensava em ir até seus pais, mas eles acreditariam nela? Bom, ela pode falar sua prometida. E foi que S/n fez, preferiu escalar uma escada até chegar aí quarto de Camille, aonde bateu na janela olhando para os lados.

─ S/n?! ─ Camille disse surpresa.

─ oi ─ S/n disse. Camille deu espaço para ela entra em seu quarto.

─ Estou tão feliz por vê-la, aonde você estava? ─ Camille perguntou.

─ É uma história muito longa ─ S/n disse.

─ Você está tão gelada S/n, parece um morto, está com frio? ─ Camille perguntou.

─ Não eu estou bem ─ S/n disse.

─ Você voltou pra gente se casar?

─ Sim eu..

S/n viu na janela da sacada. Jenna fazendo esforço até pisar na varanda do quarto de sua realmente esposa.

─ O que foi? ─ Camille perguntou.

─ Camille você tem que saber que eu acidentalmente me casei com outra mulher ─ S/n disse nervosa.

─ O que? ─ Camille diz confusa.

A porta foi aberta. Camille olhou vendo a mulher morena puro literalmente osso. Jenna tirou o véu de frente do rosto olhando para as duas.

─ Quem é ela querida? ─ Jenna perguntou.

─ Quem é ela S/n? ─ Camille perguntou.

─ Eu sou a esposa dela ─ Jenna disse sorrindo.

─ O que! S/n você se casou com outra! ─ Camille disse.

─ Não, olha ela está morta, eu não me casei com ela ─ S/n disse segurando a mão de ossos de Jenna. Jenna a encarou séria com sua fala, entendendo tudo do por que ela quis ir para o mundo dos vivos.

─ Amarelinha ─ Jenna disse e segurou o pulso de S/n. Ela estava furiosa com ela.
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Até semana q vem esquizofrênicos 😘
Ou talvez n.👋👋

𝐀 𝐍𝐨𝐢𝐯𝐚 𝐂𝐚𝐝𝐚𝐯𝐞𝐫 ᴶᵉⁿⁿᵃ ᴼʳᵗᵉᵍᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora