Fui envolto por uma atmosfera diferente, móveis antigos, tons intensos de vermelho, e a presença marcante de Cellbit transformavam o ambiente em algo peculiar
— Então, Roier, o que achou do meu aposento?
— É... curioso, pra dizer o mínimo
Cellbit riu e deu batidinhas no sofá, me convidando pra sentar. A beleza da vista pela sacada competia com a estranheza da decoração, criando um contraste no cômodo
— Vamos, sente-se aqui, não vou te morder... ainda
Sorri meio nervoso, escolhendo um lugar no sofá, Cellbit se movia pela sala com a graça de quem a conhecia profundamente, ele voltou da estante com duas taças de vinho tinto, vermelho que nem sangue
— Um brinde a nós dois — falou erguendo sua taça
Brindei em resposta, agradecendo por não ser sangue
A conversa era entre temas leves e comentários sobre suas caçadas a noite, a sala parecia um palco onde segredos eram expostos
— Roier, há algo que você ainda não sabe sobre mim
O tom sério na voz de Cellbit fez meu estômago se contorcer, ele se aproximou, segurando uma caixa decorada
— Este é um artefato especial, contém memórias muito antigas e experiências que compartilho com quem escolho
Ao abrir a caixa, uma névoa etérea envolveu o ambiente. Imagens e sensações fluíram, revelando algumas partes de sua vida, a sala agora exibia um ar calmo
Na caixa tinha muitas fotos bem antigas, as vestimentas entregam que com toda certeza não era nos dias atuais
— Isso... isso é incrível, mas por que ta me mostrando isso, Cellbit?
Ele se sentou ao meu lado, encarando as imagens que agora estavam em meu colo
— Guapito, há algo em você que despertou minha curiosidade desde o início, você é mais do que um simples humano, seu passado, sua escuridão, há algo extraordinário em sua alma. Eu sinto como se eu ja tivesse te conhecido antes
Enquanto as imagens se desdobravam, eu revivia partes da vida de Cellbit, suas fotos antigas, fotos com 2 pessoas que provavelmente eram seus pais, fotos até mesmo com a empresa dele logo quando começou, eu compreendi de alguma forma a solidão que ele sentia
— Gatinho, isso é... eu não sei o que dizer
— Não precisa dizer nada. Somos diferentes, mas compartilhamos um vínculo único, e agora, você também guarda essas memórias
A sala voltou à normalidade, Cellbit pegou as fotos colocando no lugar inicial e a caixa se fechou, o momento de intimidade nos uniu de uma maneira indescritível
— Conte-me mais sobre você, guapito
— Não tenho muito mais o que contar
— Certeza disso? seu passado é curioso
— Bom, gatinho, você ja sabe de Natalan, que eu fui internado e agora estou aqui recomeçando a vida
— Mas quero saber mais detalhes
Essa curiosidade com meu passado era estranho
— Mais detalhes? Hm... já te contei até a parte em que ele estava assustado e ligou para o hospital mas não contei o resto
ele me ouvia atentamente, seus olhos eram vidrados em mim e as vezes escapavam para minha boca
— Eu fui levado a força por uma ambulância branca, lá foi terrível, as pessoas injetavam coisas em mim, usavam aparelhos torturantes e eu tive que ficar naquela sala branca por anos
— Mas você não foi pra cadeia?
— Isso é uma coisa que eu também não entendi, Natalan mentiu, ele não falou que eu tinha matado, disse que aquele homem tinha cometido suicídio mas eu enlouqueci e estava achando que tinha o matado. Ele com certeza sabia que aquele lugar ia ser bem mais perturbador que uma prisão.
Fico quieto por um tempo, não tinha que dar mais detalhes do que aconteceu depois, e nem ia
— Continue...
— Ja chega. Você soube demais, gatinho
Me dou a liberdade de acariciar seu cabelo, ele realmente parecia um gatinho
— Acho que a prisão é bem melhor que um hospício, nunca fui para uma mas essas são as minhas expectativas
— A prisão é ruim
— Você ja foi preso, Cellbit?
— Já, eu tenho séculos de vida Roier, e em alguns anos cometi coisas terriveis
Eu apenas escutava com um olhar curioso
— Canibalismo, homicídio, e mais uma listinha
Isso é medonho
— Fiquei lá por um bom tempo e depois fugi, ate que conheci algumas pessoas legais
— Entendi...
Um suspiro pesado vindo do mais alto
— Roier, o sol está prestes a nascer, precisamos encerrar por hoje e eu preciso descansar
A gente se despediu, uma sensação de compreensão mútua e aceitação prevalecia, Cellbit abriu a porta, revelando o sol se aproximando no horizonte
— Até a próxima, Guapito... E não tema seu passado, ele pode ser uma força extraordinária — Cellbit pisca pra mim
Sai do escritório, carregando não apenas minhas próprias lembranças, mas também as experiências compartilhadas na sala
Fui até meu quarto trocando minha roupa e me deitando
Aquela noite alterou para sempre minha percepção do mundo, mergulhando-me em um universo onde as fronteiras entre humano e sobrenatural se entrelaçavam
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OIEEEEE!! espero que vocês gostem desse cap
vou começar a postar 2 por dia galera
caso tenha gostado não esqueçam de votar, até o próximo cap!!
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Noites escuras - q!Cellbit x q!Roier
FanfictionEntre as sombras de segredos ocultos, Roier, o novo morador com um passado atormentado, se encontra com Cellbit, cujo mistério sangrento guarda uma conexão peculiar. ''O seu sangue é delicioso, querido guapito...'' desencadeia uma teia sobrenatural...