4: Você não é tão ruim quanto imaginei. Mas continua sendo ruim

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— Não posso — isso, se faça de difícil! — meu melhor amigo está na minha casa e não tem o que comer. Já que não jantamos juntos ontem à noite, vou compensar com um café da manhã.

— Entendo — murmurou após suspirar.

— Mas podemos ir na mesma padaria — sugeri. Hyunjin assentiu e indicou para que eu fosse na frente.

— Me leve na melhor padaria da região, Felix. Estou contando com seu bom gosto.

Cocei a nuca e dei um sorriso torto, assentindo afirmativamente. Céus, o que eu estava fazendo?

— Jeongin me fez assistir uma série em que você participou ontem à noite — engasguei com o ar — só vi o primeiro episódio, mas parece bem interessante.

Parei de andar quando ele disse isso, porém ele não percebeu que estava congelado, tentando assimilar aquela informação inusitada.

— Falando nisso, não tem problema em me verem com você? Jeongin me disse que você é paranóico com essas coisas.

— O que exatamente Jeongin te contou? — murmurei entredentes. Após respirar fundo, apertei o passo até alcançá-lo — acredito que não tenha problema. Mas, por precaução — com a canhota, empurrei um pouco Hyunjin para o lado — vamos manter a distância de um palmo.

Os lábios de Hyunjin se contorceram em um quase sorriso, mas ele não se permitiu mostrar os dentes ao fazê-lo. Esse advogado é realmente alguma coisa.

[...]

Caminhamos por cerca de seis minutos até que atravessamos a avenida e entramos na padaria favorita de Minho, a qual eu só havia ido somente duas vezes com o Lee. Amarrei Zen do lado de fora, no metal que indicava para fazê-lo e lavei as mãos em uma das pias nos fundos.

Aproximei-me do balcão, saudei a funcionária e pedi um pedaço de bolo de chocolate e um capuccino para acompanhar. Hyunjin pediu dois cupcakes e um café amargo, e deu ênfase no amargo.

— Não é só você que é amargo — murmurei ao receber o prato em minhas mãos. Tenho certeza que Hyunjin ouviu, mas não disse nada. Andei até a mesa mais próxima da porta, para que eu pudesse ficar de olho em Zen.

O advogado veio logo depois, sentando-se de frente para mim. Ao ver que eu estava desconcertado e um pouco surpreso, bebeu um gole de seu café e disse:

— Viemos juntos. Seria estranho se eu simplesmente me sentasse uma mesa diferente.

— Entendi — falei baixinho.

Aquele foi o café da manhã mais estranho que já tive com um homem. Eu sentia o olhar de Hyunjin pairar sobre mim, contudo, quando eu o olhava de volta, ele simplesmente desviava o olhar. Suspirei e deixei o garfo de lado, já impaciente.

— Você precisa de alguma coisa, Hyunjin? — questionei.

— Não, por que?

— Deixe para lá — dei-me por vencido. Que homem mais cabeça-dura.

— É que eu nunca vi uma celebridade tão de perto, além de jeongin.

— Por que não me diz que sou bonito logo? — falei e ri.

— Qual o ponto de dizer se você já sabe?

Meus orbes se arregalaram nesse momento e senti minhas bochechas queimarem. Lee Felix, recomponha-se. É só um advogado normal, ele não tem nada que o destaque.

— Vou pegar algumas coisas para Minho comer — avisei ao me levantar. Meu corpo parecia que ia entrar em combustão por conta de um mísero elogio? Isso é falta de transar, Felix.

Pedi para a funcionária pôr seis pães na sacola e ainda pedi um bolo de limão, o favorito de Minho. Paguei por tudo e voltei para a mesa.
Hyunjin demorou a comer pois ficou lendo as notícias em seu celular. Fiquei observando sua pose e não pude segurar o riso ao ver que o óculos não tinham lentes. Ele levantou o olhar e inclinou a cabeça para o lado, interessado no motivo da minha risada.

— Seus óculos não têm lentes — falei — eu costumo usar quando não passo maquiagem.

Graças ao meu comentário, Hyunjin tirou os óculos e os colocou no bolso de seu sobretudo. Em seguida, voltou a ler os últimos parágrafos da notícia em que estava. Batuquei os dedos na mesa por um minuto inteiro até decidir me levantar.

— É melhor eu ir — nesse momento, Hyunjin olhou para mim e para a sacola ao meu lado.

— Eu levo seu cachorro.

— O que?

— Suas mãos vão estar ocupadas e eu gosto de cães.

Hyunjin não me deu tempo para protestar: levantou-se, pagou a funcionária e desamarrou a coleira de Zen do metal.

— Não vai chegar atrasado no trabalho? — indaguei.

— Ainda tenho uma hora até lá — Hyunjin fez carinho na cabeça de meu cachorro, com um sorriso tão largo e feliz que eu até me assustei. Por que ele não sorria assim para mim? — qual o nome dele?

— Zen.

— Ele é bem bonito.

O ignorei e comecei a andar. Hyunjin se apressou para me acompanhar e a todo momento que tínhamos de esperar para atravessar as avenidas, ele passava a mão pelos pelos brancos de Zen, como se fosse uma criança que nunca tinha visto um husky na vida.
Nosso caminho até meu prédio foi silencioso, de vez em quando Zen latia para um ou outro estranho e Hyunjin se desculpava em meu lugar.

— Obrigado — falei ao pegar a coleira que Hyunjin havia estendido — tenha um bom trabalho, senhor advogado.

— Obrigado, senhor celebridade — Hyunjin se agachou para brincar por poucos segundos com Zen e sorriu sem mostrar os dentes para mim antes de dar meia-volta e sumir pela multidão.

Hyunjin não era tão ruim assim. Mas continuava sendo ruim.

a lei do amor | hyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora