Capítulo 13

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VITTORIO CASSINI

Eu não tive coragem, fui um fraco. Um tremendo merda, desgraçado por não ter conseguido ir até ela quando me chamou, dando o recado que iria embora, através de Chiara. Os pais dela estavam tomando medidas drásticas pelo bem de Giullia, e eu era o mal, com toda certeza!

Andava de um lado para o outro, levando as mãos a cabeça, completamente perdido e irritado. Eu já havia quebrado tantos objetos para descontar a minha raiva , o meu desapontamento comigo mesmo. Eu olho o relógio de pulso, quando observo Stefano entrar no quarto para me informar algo relacionado a trabalhos, e ele olha para os cacos de vidro espalhados no chão. Eu necessitava descontar minha raiva em algo, como não havia nenhum desgraçado merecendo uma surra nesse momento, então desconto nos objetos.

— Você vai quebrar a casa inteira. — ele afirma — Aquele vaso ali valia uma fortuna.

Ele aponta para o canto do quarto e me olha inconformado.

— Junta os pedaços dele e vende então, porra !— eu grito, tomado pela ira.

— Não está mais aqui quem falou — ele levanta as mãos gesticulando que se rendia.

Eu ignoro, não gosto de pessoas repreendendo o que eu faço, pois , estou bem grandinho para isso. Passo por ele com tanta pressa que chego a esbarrar em seu corpo, seguindo para fora da casa, apressado. Alguns dos homens que ficavam espalhados pela casa, responsáveis pela guarda do local, me olham confusos, achando que seria algum ataque que poderia estar acontecendo, mas não fazem nada sem a minha ordem ser estabelecida. Eles ficaram imóveis, atentos a qualquer sinal que eu desse.

— Precisa de ajuda Chefe ? — um deles grita.

— Não!!

Afirmo, correndo para a garagem. Olho para todos os carros, e também motocicletas estacionadas , observando cada um deles até escolher qual iria utilizar. Eu opto pela motocicleta, por ser mais rápida e conseguiria ter a melhor visão de Giullia. Eu precisava ao menos vê-la antes de ir embora, já que fui um desgraçado, fraco a ponto de não ter coragem de trazer ela para minha vida.

Eu subo na motocicleta, acelerando feito um louco. Primeiro, me direciono para a casa de Giullia, na esperança de que ela ainda esteja por lá. A medida que desviava dos carros e acelerava ainda mais, minha mente fica presa a imagem do seu rosto, lembro do dia que quase fiz dela a minha mulher. Seu cheiro, sua pele... droga, como eu ficaria sem ela por perto ?

Eu paro a motocicleta em um lugar afastado, fiquei sobre ela, apoiando os pés no chão e tiro o capacete, observando a movimentação dos pais de Giullia, colocando malas no carro, e meu coração estava simplesmente dilacerado. A sensação era que um tiro estava perfurando meu peito . Era justamente isso que eu não queria presenciar , vê-la ir embora, muitos menos olhar em seus olhos e me despedir , eu não conseguiria suportar.

Ela sai de dentro da casa com algumas bolsas em mãos, sinto minha respiração falhar, o semblante dela é abatido. Eu estava destruído por dentro , quebrado em vários pedaços como aqueles copos e jarros que quebrei em minha casa.

Eu tentava aceitar que os pais dela estavam fazendo a melhor para o futuro. Eu queria muito acreditar nisso, e logo Giullia estará com a sua vida promissora, se tornando uma grande artista, tocando piano pelo mundo.

O carro começa a se mover, eles tomam o caminho eu acompanho , e observando um pouco mas afastado. Porém, quando o veículo esta mais a frente, acompanho.

Um carro acelera ao meu lado, olho para o Vidro e Stefano está dirigindo. Eles não me deixam sozinhos, sempre vigilantes.

Eu acelero a motocicleta, acompanhando o carro que Giullia está. Quando eu olhei para o lado, os olhos dela estavam direcionado a mim, e aquilo me fazia sentir como se eu estivesse sendo torturado lentamente. Nem no dia que ela me salvou, sendo espancado por vários inimigos, doeu tanto quanto vê-la me olhar daquela maneira.

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