I - Exaustivo

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           2018

           Uma madrugada exaustiva, de fato. A última semana de férias se encerra assim, com uma longa e extenuante viagem de trem até Snezhnaya, o último lugar onde [Nome] desejaria estar agora.

          Ela carregava uma mochila com suas coisas mais importantes, enquanto roupas e calçados eram portados em uma grande mala de viagem repleta de adesivos colados ao longo de alguns anos, que provavelmente não descolariam tão facilmente. A coluna travada, o braço dormente e a boca seca, características comumente encontradas em napeiros de viagem.

          Ao desembarcar do vagão, a primeira impressão a se ter era a neblina densa ornando com o frio minuano que fustiga a pele mesmo sob tantas camadas de roupa quente. O ar frio invade os pulmões de qualquer um que fique por ali, deixando o peito pesado e o nariz rubro. A segunda impressão é a camada espessa de neve fofa que cede ao caminhar, mesmo na estação supostamente quente do ano.

          [Nome] não para de se perguntar os motivos de sua mãe ter escolhido uma escola tão extrema quanto um internato e tão longe quando Snezhnaya, e realmente não está errada em se questionar sobre isso.

          Afinal,
          por que logo aqui?

          -A senhorita que é a Srta. Yamazaki? - seus pensamentos são interrompidos pela voz áspera de um homem de idade, alto e do cabelo branco acompanhado de um bigode inglês da mesma cor. O senhor usava de vestes quentes com o emblema do Colégio Municipal de Snezhnaya estampado em algumas delas.

          -Sim, senhor. Sou eu. - ela responde direcionando um sorriso amigável ao moço, que por sua vez sorriu de volta e explicou que estava ali para levá-la ao prédio de estudantes, onde ela passaria a morar a partir de hoje.

          No carro, [Nome] tentava puxar papo com ele, e assim ela percebeu que ele falava bem menos do que aparentava. Apesar disso, ele gostava bastante de comentar sobre seu tempo de militar e de seu treinamento árduo na época que se alistou, o que convenceu a garota de que, caso esse senhor fosse um professor ou um inspetor, seria bastante rígido.

          - Chegamos. Você sabe onde é a sala do diretor, sim? A srta. precisa apresentar sua documentação e o comprovante de matrícula. - ele explicou ajudando a menina a descarregar suas bagagens do porta-malas.

          - Sim, senhor, já apresentei a documentação antecipadamente. Muito obrigada por me trazer aqui, Senhor...? - ela acompanhou o mais velho até a porta do motorista.

          - Fyodor. Senhor Fyodor. - ele riu - meu pai era um leitor obstinado de Dostoevsky. - completou.

          - Ah, sim, até mais Sr. Fyodor!
         
          -Até, garota. - o senhor acenou com a destra enquanto prendia o cinto de segurança novamente. Dito isso, o mais velho dirigiu para longe e sumiu na densa neblina.
O prédio era um espetáculo em forma de construção. Sua arquitetura antiga previa no mínimo algumas boas décadas pro lugar, minuciosamente detalhado. O edifício tinha formas angulares, com janelas amplas e varandas resistentes, no telhado apresentava formas curvas que lembravam as velas de um barco. Uma grande porta esculpida em madeira dava entrada ao salão principal, dividido apenas por móveis incluindo sofás, alguns tapetes da Era Vitoriana, quatro mesas gigantes cobertas por um tecido rubro acabado em costura dourada, fixado no lugar por algumas fruteiras e velas. Algumas portas levavam à cômodos diversos, provavelmente nenhum que sequer chegasse aos pés da pulcritude desse salão.

          A cada piscar de olhos era um novo detalhe chamando a atenção de [nome]. Os passos pesados dela no piso velho faziam a madeira ranger, enchendo a garota de constrangimento por atrair os olhos curiosos de quem quer que estivesse passando por ali. Pouquíssimos estudantes estavam ali, a maioria voltaria no dia seguinte, dia anterior à volta as aulas.

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⏰ Última atualização: Jan 09 ⏰

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Come Back to Me, Please - Scaramouche x leitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora