𝑭𝒊𝒓𝒆 & 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅

Capítulo 015

Narrador

Com a partida dos Pretos para Dragonstone, King's Landing voltou a cair nas mãos dos Verdes, desencadeando a execução do plano traçado por Alicent e Otto. Na noite seguinte, a princesa Helaena, pela última vez, preparou o chá para seu pai. Contudo, desta vez, o veneno utilizado não era o mesmo das ocasiões anteriores; este não o traria mais dor, ele iria se recostar em um sono pacifico.

A princesa acreditava que, finalmente, seu pai encontraria descanso, liberando-o das dores que o afligiam. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu um alívio, pois o peso que estava sobre seus ombros parecia prestes a desaparecer.

Como era de costume, Helaena dirigiu-se ao quarto do pai acompanhada de seus filhos.

- Helaena, querida, já lhe disse que não precisa se incomodar com esse velho doente e frágil. - disse o rei assim que ela entrou. - Mas me sinto feliz, sua visita e a dos meus netos são sempre calorosas. - agradeceu, acenando quando ela lhe serviu o chá.

- Vejam como estão grandes, lembro-me quando vocês me foram apresentados, ele eram bebês adoráveis. - observou o rei, encarando os netos. - Sinto muito, minha filha. Sei que não fui um bom pai, negligenciei você e seus irmãos. Espero que possam me perdoar. Quando eu partir, espero que permaneçam unidos, sem brigas. Sei que nunca foram próximos de Rhaenyra, mas ela é uma pessoa maravilhosa, assim como os filhos dela. Por favor, dêem uma chance; vocês são família, carregam o mesmo sangue. - concluiu o rei com um sorriso doce.

As palavras do pai foram demais para Helaena, que não conteve as lágrimas.

- Não chore, não queria entristecê-la com minhas palavras. - disse o rei, mantendo a calma.

Helaena aproximou-se e o abraçou; quando se afastou, o rei começou a beber o chá entregue pela filha.

- Me desculpe, mas é necessário. O senhor fez a escolha errada. - ela pronunciou enquanto o rei tomava o chá.

Após o gesto, Helaena e as crianças deixaram o quarto, dirigindo-se aos seus aposentos.

E naquela noite Viserys da Casa Targaryen, o Primeiro de seu Nome, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Território, entregou-se ao sono eterno, suas pálpebras pesadas fecharam-se para nunca mais se abrirem.

Logo após, a tempestade desabou e os dragões dançaram. A imprudência de um rei desencadeou a guerra pelo trono, mas foi sua morte que a deu início, com sangue contra sangue e dragão contra dragão. Poucos sobreviveriam, deixando um reino envolto em cinzas e uma linhagem destruída como testemunho inegável de que a profecia se concretizou.

O corpo do rei foi descoberto por um servo no meio da noite, durante o horário habitual em que o rei tomava sua xícara de hipocrás. O servo correu para informar a rainha Alicent, cujos aposentos ficavam no andar abaixo do rei.

A notícia não pareceu surpreender a rainha, que com tranquilidade, instruiu ao servo a permanecer em seu quarto até que ela retornasse.

Alicent dirigiu-se ao aposento do rei, acompanhada por sor Criston, para confirmar a notícia do falecimento. Uma vez confirmada, Sua Graça ordenou que o quarto fosse isolado e mantido sob vigilância. O servo que descobriu o corpo também foi isolado para evitar vazamentos de informações.

Sor Criston retornou à Torre da Espada Branca e instruiu seus irmãos da guarda a convocarem os membros do pequeno conselho do rei.

O conselho se reuniu nos aposentos da própria rainha, enquanto o corpo do senhor seu marido esfriava acima. Estavam presentes a própria rainha Alicent; seu pai, sor Otto Hightower, Mão do Rei; sor Criston Cole, o senhor comandante da Guarda Real; o grande meistre Orwyle; Lord Lyman Beesbury, mestre da moeda, um senhor já de idade; sor Tyland Lannister, mestre dos navios, irmão do Senhor do Rochedo Casterly; Larys Strong, conhecido como Larys Pé-Torto, Senhor de Harrenhal e mestre dos segredos; e Lord Jasper Wylde, chamado de Barra de Ferro, mestre das leis. Ali se encontrava reunido o conselho que passaria a ser conhecido como Conselho Verde.