Capítulo 018

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Daenerys

Eu estava em meu aposento quando uma criada entregou a carta chegou, que trazia consigo uma notícia que eu temia mais do que ousava admitir. O papel, marcado pelo selo da Casa Baratheon, estava nas minhas mãos trêmulas. Ao quebrar o lacre, senti um calafrio percorrer minha espinha, como se pressentisse a dor que me aguardava nas linhas escritas.

À medida que meus olhos percorriam as palavras, a notícia cruel se desenrolava diante de mim. A presença de Aemond, o apoio ao usurpador, o embate e, finalmente, a sentença de morte para Lucerys. Um soluço escapou involuntariamente dos meus lábios, meu coração apertando-se com a tristeza avassaladora.

As lágrimas começaram a embaçar minha visão, obscurecendo as palavras no papel. A notícia da morte de Lucerys, meu doce irmãozinho, ecoou por todo meu aposento. Vi-me incapaz de conter a onda de emoções que me tomou, e a carta escorregou de minhas mãos, caindo no chão com um som abafado.

Ajoelhei-me para pegar a carta, meus dedos tremendo enquanto tentava processar a cruel realidade. Senti como se uma parte de minha própria essência tivesse sido arrancada junto com Lucerys. Permitindo-me um momento de silêncio, as lágrimas caíram livremente, como testemunhas silenciosas de minha dor.

A carta manchada de tinta tornou-se um elo físico com a perda que agora me assombrava. Permaneci ali, no chão, tentando dar sentido à dor avassaladora que me envolvia. O mundo ao meu redor parecia sombrio, marcado pela ausêcia de Luke.

Consumida pela dor e raiva, ergui-me do chão com um ímpeto repentino. Um grito sufocado escapou de meus lábios enquanto meus olhos, agora inflamados de fúria, fitavam a carta como se ela própria fosse a culpada pela tragédia. Sem hesitação, meus dedos cerraram-se em torno do papel, amassando-o com força.

Mesmo enquanto lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto, avancei para a mesa próxima, derrubando-a com um golpe. Meus objetos pessoais voaram pelo ar, espalhando-se pelo chão.

Um vaso na beirada de uma estante chamou minha atenção. Meus olhos faiscavam com uma determinação sombria quando o agarrei e o atirei contra a parede. O som nítido de cacos de cerâmica se espalhando pelo chão se assemelhavam ao meu coração.

Eu conseguia sentir a adrenalina pulsando em minhas veias, uma mistura de tristeza e raiva incontrolável. Cada ação agressiva parecia um grito de desafio ao destino cruel que me fora imposto.

Quando minha tempestade interior finalmente se acalmou, encontrava-me no meio dos destroços de meu próprio desespero. Permaneci ali, entre os escombros, respirando fundo, tentando acalmar o dragão que parecia viver dentro de mim.

Após um tempo, ergui-me do chão enxugando as lágrimas que insistiam em molhar meu rosto. Enquanto me recompunha, ponderei sobre o peso da responsabilidade que carregava.

Caminhei até o corredor e chamei uma criada. Pedi à criada que levasse meus irmãos até a porta de entrada do Salão a Mesa Pintada, onde minha mãe, Rhaenyra, liderava a reunião do Pequeno Conselho.

Enquanto meus irmãos se dirigiam à minha direção, os observei com um misto de preocupação e determinação. Sabia que o caminho que estavam prestes a trilhar seria difícil, mas também era necessário.

Com meus irmãos posicionados ao meu lado, percebi o olhar deles, perdidos e preocupados. Respirei fundo e, com expressão determinada, adentrei a sala do Pequeno Conselho. A atmosfera densa e séria que pairava sobre a reunião foi imediatamente quebrada pela nossa presença. Meu olhar, um misto de pesar e fúria contida, encontrou-se com o da Rainha Rhaenyra, minha mãe, que liderava a reunião.

Narrador

Ao longo de toda a sua vida, Daenerys jamais testemunhara sua mãe em tal estado, mas em um breve intervalo, pôde vê-la desolada em três ocasiões. A primeira foi ao descobrir que os Verdes usurparam seu trono, e possivelmente causando a morte de Viserys. A segunda foi a perda de sua filha Visenya, nascida natimorta, e a terceira foi exatamente quando Daenerys sussurrou aquelas palavras no ouvido da mãe.

𝑭𝒊𝒓𝒆 & 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora