Deixado Para Trás

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                    San Lorenzo, Florença
                                    Itália
                            5 meses antes

Eu corria pelas ruas de San Lorenzo com meu bebê em meus braços, eu havia conseguido fugir deles por 2 meses, por que agora ?

As ruas estavam escuras, os postes de luz piscavam, eu não conseguia ver eles, só ouvia os passos se aproximando.

- Procurem por eles pelo bairro inteiro, e os tragam vivos. - Uma voz masculina tinha ressoado pela rua, e eu rapidamente me escondi em uma viela próxima.

- Sim, senhor. - Eu consegui ouvir os passos deles começarem a se dividir, mas aquele homen continuava de guarda.

Por que isso agora ? Quando eu finalmente tinha achado um homen que me amasse, que me tratasse bem, quando eu finalmente tinha tido o meu filho, isso acontece.

Vincenzo tinha começado a choramingar em meus braços, ele não podia chorar, se não, seríamos descobertos.

Eu balançava meu filho em meus braços, fazendo barulhinhos para ele voltar a dormir, no fundo, eu sabia que seria a última vez que eu o teria em meus braços.

- Shiiu filho, fique quietinho. - Eu o balançava, ele começou a se acalmar e voltou a dormir, eu precisava escapar, mas não tinha como, aquele homen continuava de guarda no meio da rua, se eu corresse, ele iria atrás de mim.

Antes de eu engravidar, eu trabalhava como empregada doméstica e Carlo como marceneiro. Nós até conseguíamos viver bem naquela época, mas depois que eu engravidei e a minha barriga começou a crescer, eu precisei sair do emprego.

Então eu e meu marido tivemos a ideia de pedir um empréstimo a um agiota. Nós pedimos 70.000 liras italianas como empréstimo, e assim recebemos.

O prazo para nós pagarmos tinha sido de 1 ano, ja que o homen que pedimos o dinheiro tinha simpatizado com Carlo.

Nós pagamos as nossas dividas, e ainda tinha sobrado 20.000 liras, eu comprei um cavalete e comecei a pintar quadros e a vendê-los.

Carlo tinha conseguido abrir uma pequena venda para vender os móveis que ele fazia.

Até então, tínhamos o dinheiro da dívida e para nós sustentar.

Mas, acabei entrando em trabalho de parto, e fomos para o hospital. Enquanto estávamos lá, ladrões arrombaram a nossa casa e roubaram tudo de valor que tínhamos, incluindo o dinheiro.

Nós ainda tínhamos 3 meses até o prazo final, então começamos a trabalhar durante todo esse tempo, mas mesmo assim, só conseguimos juntar 20.000 liras.

Nós até tentamos pagar a dívida com aquele dinheiro, mas ele não aceitou.

                           2 meses antes

Vincenzo mamava nos braços de Beatrice, ela o amamentava enquanto o balançava em seus braços, o garoto ainda apertava o peito dela enquanto bebia o leite, mas já estava pegando no sono.

De repente, um barulho estridente foi ouvido da sala, ela se escondeu atrás da porta, balançado seu filho para ele não chorar.

- Por favor, não matem a minha esposa e meu filho, por favor!- Carlo gritará da sala, mas logo, um barulho alto de tiro foi ouvido, e dali, Beatrice já sabia o que tinha acontecido.

A janela do quarto de seu bebê estava aberta, ela o enrrolou em uma manta e pulou da janela.

A janela era baixa, ela caiu em terra, logo começando a correr pelas ruas, buscando abrigo e sobrevivência.

                             San Lorenzo
                           2 meses depois

- Senhor, não os achamos. - Eu consegui ouvir os passos deles indo de encontro com o "guarda", eu tinha que correr, mas qualquer barulho que eu fizesse enquanto eles estavam ali, eu podia ser pega.

- Bando de inúteis, vamos, nós a perdemos de vista novamente. - O barulho dos passos deles começaram a ficar mais distantes, então, quando eu não os ouvia mais, eu corri adentrando mais naquela viela.

Eu virei a esquerda, entrando em um beco, eu conseguia ouvir sons de músicas vindo não muito longe dali.

A rua estava escura, mas quanto mais eu andava em frente, a luz começou a aparecer, e eu vi uma casa logo a frente.

Música alta tocava, e às luzes estavam acesas, a casa não era grande, mas também não era pequena.

Eu olhei para meu bebê em meus braços, e ele sorriu banguela para mim.

Eu não podia continuar fugindo com ele, ele poderia ser morto.

Eu andei até o primeiro degrau da pequena escada que tinha na casa, respirei fundo em voltei a olhar para o meu menino.

- Oi amor, você deve estar com fome. - Eu coloquei meu seio para fora, começando a amamenta-lo.

Quando ele estava satisfeito, eu me abaixei, ele tentava tocar o meu rosto com suas mãozinhas.

Eu peguei sua mão e beijei a palma, ele começou a rir com aquela risada gostosa, que derrete qualquer coração.

Minhas lágrimas desciam dos meus olhos, passando por minha bochecha e caindo em sua roupinha.

Eu não queria deixar o meu filho, eu não queria, mas eu não tinha escolha, ele estava correndo perigo comigo.

Eu peguei a carta que eu tinha escrito, lá estava o nome e a data de nascimento dele, e também todos os meu sentimentos e amor que eu tinha pelo meu pequeno pacote.

Eu tirei a minha medalhinha de santo Antônio de Pádua, e coloquei juntamente dentro de sua manta.

Eu beijei sua bochecha e ele segurou com suas mãozinhas o meu rosto.

"Me doe ter que deixar você aqui meu filho..."

Eu me levantei e toquei a campainha, dando um último beijo em sua bochecha, e correndo até uma árvore que tinha próxima dali, me escondendo atrás dela.

Eu iria olhar até que alguém o pegasse, mas no fundo, eu não queria que ninguém pegasse ele.

Até que um casal abriu a porta, a mulher se abaixou e o pegou no colo, ela olhou para o homen ao seu lado, e eles falaram alguma coisa, mas logo entraram com meu bebê em sua casa.

Pelo menos, ele teria uma família.

Amores RepartidosOnde histórias criam vida. Descubra agora