Ruthless » dojae

15. Lobo Pt.1

Amigável jamais seria a palavra que Doyoung usaria para descrever o fim daquela reunião, mesmo apesar das conversas tranquilas. Lim tinha reservado um tempo só para ele, só para lhe mostrar que estava orgulhoso de todas as atrocidades que tinha submetido o sobrinho a cometer até chegar ali. E mesmo não aprovando o comportamento de nenhum deles ao sorrir e brindar com olhares falsos de respeito, Doyoung se forçou a manter uma expressão calma.

Fingia não ouvir os pais de Ten discutindo com sorrisos, ou os convites animados dos pais de Yuta para que o filho passasse uma temporada em "casa". Yuta não era um bom mentiroso, mas mesmo com o sorriso fraco e a expressão confusa pelo convite inesperado, seus pais continuavam a forçar conversas sobre a vida da qual o filho nem fazia mais parte.

Sem paciência para continuar assistindo, Doyoung virou o rosto com um revirar de olhos disfarçado, mas acabou encontrando Sicheng em um canto olhando para Yuta. Sicheng não o notou olhando, e talvez achasse que ninguém prestaria atenção nele para notar seu olhar fixo no ruivo.

— Olá — o sussurro rouco o pegou desprevenido a ponto de arregalar os olhos, mas seu coração e temperamento logo se acalmaram ao ver Jaehyun sorrindo com uma taça de água na mão. — Aqui, pra você.

Doyoung segurou a taça e girou o líquido discretamente, arranjando uma desculpa para não olhar em seus olhos depois de Lim contar para todos o que ele tinha feito com aquele homem. Não que se arrependesse das coisas que tinha feito para sobreviver, e aquele homem mais do que merecia, mas não conseguia deixar de pensar se Jaehyun mudaria de opinião sobre ele se soubesse dessas coisas.

— É estranho aqui estar tão cheio — comentou Jaehyun, olhando ao redor.

Com o olhar dele longe, Doyoung levantou a cabeça e percebeu a mãe de Jungwoo passando ao lado do marido, com um sorriso gentil para ambos. Ela deveria ser a única a não receber sua desconfiança, mesmo que fosse meio obcecada pela segurança do filho.

Doyoung a entendia, pois ela tinha crescido em uma família de renome dentro da máfia. Migyeong devia ter visto muita coisa antes da chegada de Jungwoo. E depois do que aconteceu com ele no final do ensino médio, ela não pretendia deixá-lo sem supervisão tão cedo.

Jungwoo tentava arrastar o pai para a briga contra ela, mas o homem era tão inútil que apenas repetia as ordens dela ou dizia para o filho ouvir a mãe.

Todos sabiam do potencial de Jungwoo para ser imprudente e se colocar em situações que necessitariam de ajuda.

Doyoung acenou com a cabeça levemente e voltou o olhar para Jaehyun.

— Você está livre?

— Claro. — Jaehyun inclinou a cabeça para o lado quando olhou seu rosto novamente, como se tentasse ler alguma coisa em seu rosto.

— Tem um lugar que eu... — Doyoung parou de falar quando viu Lim se aproximando de novo. — Tio?

Lim passou o braço por cima de seu ombro e o apertou, olhando para Jaehyun.

— Talvez a primeira coisa que devêssemos fazer é uma festa naquele hotel. — O sorriso de Lim era enorme e provocador enquanto o olhar de Jaehyun parecia ter esfriado à graus negativos. Doyoung ficou tão tenso que não conseguia pensar. — É uma pena que Yun não esteja com cabeça para festas agora. — Lim fez uma pausa curvando as sobrancelhas e tossiu num guardanapo que levava no bolso de sua calça. Quando ele parou de tossir, recuperado o suficiente para continuar mexendo com Jaehyun, Doyoung avistou o sangue no tecido e disfarçou fingindo não ter visto. Seu sorriso falso ameaçava desaparecer com mais uma palavra do tio, mas por sorte Lim foi chamado por Thara enquanto seu ex-marido se retirava.