A Saga HOPE - Livro 1

A lanchonete e a bola de sinuca

Ele estava atrasado, definitivamente estava. Era quase meio dia quando abriu os olhos e se levantou calmamente para beber água, como um menininho despreocupado que acabou de sair da naninha. Mas não era. Era um jovem adulto muito atrasado pra uma entrevista de emprego.

Estranhou a claridade absurda que fazia lá fora, mas julgou que era mal da cidade, porém quando voltou a cama e se deitou seu celular vibrou com violência. Era uma mensagem de Guilherme, o homem que havia ligado na última noite, gerente da Big Burguer, homem esse que havia marcado uma entrevista com ele para aquele dia às 12h em ponto mas que agora mandava mensagem 11h49 perguntando se Jonathan estava a caminho.

PUTA MERDA! - exclamou e se levantou num salto tão intenso que quase caiu quando aterrissou
"Oi Guilherme, tudo bem!" ele escrevia com uma mão enquanto tentava por a calça jeans (ao contrário) com a outra  "Sim, estou a caminho!"

"Tudo bem, estou no aguardo!" respondeu

"Ta bem!" respondeu desesperado e incrementou "Talvez eu me atrase alguns minutos, tá um trânsito aqui saindo do terminal."

Seu burro! Por que você falou que já tava no terminal? - disse Matheus surgindo com uma roupinha social e uma maleta, parecendo um baby-executivo
Não deve demorar muito daqui até lá!
Mas agora ele pode calcular a rota, imbecil!
Merda!
É, merda mesmo! Anda logo!

Saiu de casa 12h09, sem nem ao menos tomar café. No caminho até lá se virou para arrumar os cabelos desgrenhados, o hálito mal escovado e as olheiras fundas. Chegou no Hospital Geral de Taipas pouco depois das 13h15, porem teve que parar no banheiro do terminal para arrumar sua calça e dar um jeito no cheiro de álcool que saia de sua boca suja. Sem sombra de dúvidas estava atrasado e isso não era nada bom.

Correu para o estacionamento do supermercado, ignorando o sinal e atravessando as pressas fora da faixa. Quando chegou na lanchonete havia um homem careca e musculoso do lado de fora, comendo o que parecia ser o fim de um misto quente, e do lado de dentro havia duas pessoas magras e uniformizadas com camisetas laranja com listras pretas e bonés pretos. Um deles NT já conhecia, era Guilherme, já o outro ele não conhecia.

Quando Gui o avistou se aproximando da loja, logo o mediu dos pés à cabeça. Seu cabelo crespo (mal penteado), os olhos fundos e desesérados ( que denunciavam que havia dormido um pouco a mais ), a roupa bem cuidada ( embora com marcas de dobras indesejadas porque bão teve como passar a roupa), dois brincos em uma orelha ( um buraco solto na outra ) e a mochila pesando em suas costas. Mesmo suado e desesperado, NT tentou parecer confiante, estufando seu peito, olhando direto nos olhos de Guilherme e se aproximando com a mão estendida para um aperto firme.

Boa tarde! Tudo bem?

Oi Jonathan, boa tarde! - ele retribuiu o aperto com firmeza, chegou a tentar apertar a mão do outro rapaz mas este apenas se virou e continuou trabalhando sem interesse algum em Jonathan- Teve algum problema no caminho até aqui?

Desci no ponto errado. - ele mentiu rapidamente - Tive que vir caminhando

Entendi! - Disse o outro rapaz lá no fundo que olhou para alguma coisa acima do balcão que NT julgou ser um relógio denunciando sua irresponsabilidade

"Não gosto dele!" Teteu reclamou

Bom, Fabiano, é ele. - disse Guilherme se direcionando ao careca.
Esse é o Nathan? - perguntou medindo NT como Gui fez mas sendo um pouco sutil