Rebecca Pov'
Peter está a minha frente, lendo cada sílaba de seu contrato. Estou desesperada. Acho que tenho conseguido disfarçar, mas manter um sorriso forçado dói o rosto.
Meu filho está tão feliz, eu sinto que deveria estar feliz por ele. Alguns diriam que sua felicidade é contagiante, eu adoraria que ela conseguisse me contagiar, mas só consigo pensar no motivo de Luka ter contratado ele.
Ele se manteve ausente durante todos esses anos e agora vai querer se aproximar do filho? Não faz sentido, para mim não. E também não aceito, se for isso o que eu estou pensando, ele não terá meu apoio.
É muito fácil querer aparecer agora que o garoto já está criado, já está entrando na fase da adolescência, já tem suas certas vivências e tudo o que um pai poderia fazer já foi feito.
Seria muita falta de respeito comigo e com todos envolvidos na criação de Peter.
Maria sempre me assegurou que ele nunca procuraria pelo filho, que se fazia de louco quando o assunto era a minha gravidez. Isso me doía tanto, isso me dói tanto.
Saber que o único homem que eu verdadeiramente amei não pensou duas vezes antes de me deixar... De nos deixar.
É o tipo de cicatriz que o tempo não cura, pelo contrário, só faz doer ainda mais.
Chega, Rebecca. Chega de lamentações.
Preciso encontrar uma maneira de contar a ele toda a verdade, até porque ela vai vir a tona a qualquer momento. Prefiro que seja pela minha boca, com minhas palavras.
Vai saber o que Luka pode inventar para ele, as barbaridades que pode dizer ao meu respeito. A essa altura do campeonato eu já não duvido de mais nada, pelo contrário, eu temo tudo.
— Você assina aqui. — Peter murmura e me tira de meus pensamentos. Faço que sim com a cabeça e pego a caneta, assino meu nome e devolvo o contrato para ele.
— Como foi seu primeiro dia? — Preciso de informações, saber onde ele está e com quem está se envolvendo.
Será que ele já ficou frente a frente com o pai?
— Eu esperava mais, não vou mentir. Pelo visto minha função é ficar sentado em frente a um computador já que a produção dos matérias só ocorre nas filiais. — Ele responde, sua voz oscila entre a felicidade e a tristeza
— Você é menor de idade, não pode mexer com essas coisas ainda. — Lembro ele, que resmunga.
— Tinha esquecido desse fato.
— Você ainda vai produzir muita tecnologia, é só esperar. Você chegou a conhecer alguém importante? — Jogo uma isca.
— Não, mas eu vou ficar no setor da diretoria, ou seja, a qualquer momento eu devo dar de cara com o presidente.
Sinto uma pontada na cabeça. Só de pensar nisso me dá arrepios. Ele vai estar do ladinho do Luka, ou é armação ou muita coincidência. Eu sabia que deveria ter impedido isso, eu sairia como uma vilã mas manteria minhas preocupações nulas.
— Lembre-se de manter postura e educação. Um setor importante requer pessoas importantes, adapte-se a elas. — Aconselho. Apesar de não gostar da ideia não tem como voltar atrás, o que posso fazer agora é garantir que ele seja um exemplo.
Isso enquanto a bomba não explodir.
— Eu sei, mãe. Já separei minhas melhores roupas, meus melhores tênis, minhas melhores falas. — Ele pisca para mim e não consigo evitar rir.
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Na Sombra Do Passado
RomanceRebecca vive uma vida corrida, trabalhando diariamente para sustentar a si mesma e ao seu filho. Peter, que está prestes a completar dezesseis anos, decide arrumar um trabalho de meio período para poder ajudar a mãe em casa. Sua admiração pelo ramo...