Capítulo 2

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Nada explicaria o terrível pesadelo daquela noite. A brisa estava fresca, o quarto arejado, os lençóis eram novos e macios, o jantar tinha sido leve e ela estava muito feliz. Tratava-se de uma realidade tão perfeita que era consigo mesma que Denise sonhava. Sonhava que estava dormindo em sua casa nova, ao lado de seu marido, depois de um alegre jantar no jardim.


No sonho, experimentava passar o peito do pé de leve sobre o lençol. Ia sentindo a maciez do tecido como um carinho até que seu pé tocasse o corpo de Tiago. Então, voltava para a posição inicial e começava tudo de novo. Deslizar a pele pelo algodão fresco, tocar a perna do marido, recolher o pé.


No entanto, num desses movimentos, esbarrou numa coisa diferente. Em vez da suavidade do tecido ou do calor do corpo de Tiago, seu pé tocou numa superfície áspera e úmida, como um osso recoberto por escamas geladas. Abriu os olhos, sobressaltada, e viu uma criatura sentada em sua cama, entre ela e o marido.


Não dava para saber ao certo do que se tratava, se bicho ou assombração. O corpo, muito magro, era recoberto de couro rugoso. A coisa estava sentada de cócoras, com os joelhos dobrados, mas não da maneira como uma pessoa encolhe as pernas. E os pés e mãos, mais parecidos com garras, lhe diziam que aquilo, decididamente, não era humano.


Nem precisaria dizer, bastava olhar o rosto. A cabeça pendia do pescoço e girava em todas as direções como a de uma galinha. Mas os olhos estavam cravados nela. Miúdos, brilhante, tão estúpidos quanto cruéis.


Embora a coisa não a tocasse com as mãos, Denise sentia a garganta comprimida de tal modo que não conseguia gritar. Tampouco podia mover o corpo. Muda e paralisada, viu quando a criatura abriu a boca - seria aquilo um sorriso? - e lhe disse:

 - Gostaria de saber quem a autorizou a roubar minhas frutas.


Denise queria se defender. Não tinha roubado nada. A casa era sua. Mas a voz não saía. A criatura, no entanto, pareceu ler seus pensamentos.


 - A casa é sua? - Uma risada debochada ecoou pelo quarto. - Quem lhe contou um absurdo desses? Esta casa me pertence. Ela e tudo o que está dentro dela.


Antes que Denise pudesse retrucar, o estranho ser pulou para o chão e completou, sibilando:


 - Inclusive você.


Dizem que quando uma pessoa morre vê toda a sua vida passar diante dos olhos numa fração de segundo. Coisa parecida aconteceu com Denise. De repente, tudo o que já tinha ouvido falar a respeito de fenômenos sobrenaturais passou por sua mente ao mesmo tempo. Informações às quais jamais dera a menor importância. Histórias que sempre julgara pertencerem ao folclore às crendices populares. Subitamente, tudo fazia sentido, tudo parecia totalmente real.


Figueiras são as casas do diabo, sempre lhe dizia sua avó. O tinhoso escolhe essas árvores como moradia porque elas foram amaldiçoadas por Jesus.


Denise nunca dera muito crédito às histórias da avó. Tivesse prestado atenção nelas, teria desconfiado do casarão tão barato, do pavor que a vizinhança manifestava do local. Mas nunca tinha sido supersticiosa.


 - Superstição? - debochou o diabo, lendo seus pensamentos. - Ora, minha querida, você é minha propriedade e está em meus domínios. E roubou uma fruta da minha árvore. Vai ter que devolvê-la.


Sentada na cama, quase sufocando de pavor, Denise não conseguia responder, nem se mover, nem sequer respirar direito.


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BOA NOITE GENTE :D

MAIS UM CAPÍTULO AÍ PRA VCS, ESPERO QUE GOSTEM...

COMENTEM O QUE ACHARAM POR FAVOR, NOS VEMOS NO PRÓXIMO CAPÍTULO, ATÉ LA UM ABRAÇO...

FLW...



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