Dança das cortinas

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Tsetseg sibilou quando o respingo de água quente pousou de repente em seu braço

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Tsetseg sibilou quando o respingo de água quente pousou de repente em seu braço. A chaleira de água quente parecia ter vida própria em alguns momentos, oferecendo seu conteúdo para além do coador de café , o que sempre resultava em dedos ou braços com pequenas bolhas de calor.

Talvez ela devesse ter prestado mais atenção nos passos de sua mãe na Mongólia, ao invés de correr pelo pasto o dia todo como um garotinho. Mesmo que ficasse por horas seguidas na cozinha, sua omma jamais ficaria com uma única marca nas mãos, pelo contrário, sua pele se equiparava à mais pura seda, sempre fina e viscosa. Quando Tsetseg a perguntava o segredo, ela dizia que após muitos anos cozinhando boa comida para família, era impossível distinguir seu corpo das panelas, xícaras e colheres. Sua mãe dizia que o amor fazia coisas assim, tornando objeto e criatura uma coisa só.

"Um dia quando você entregar seu coração para alguém vai entender o que eu digo. A extensão do corpo nos ultrapassa. É mesmo com esse pão quente : porque eu o fiz com amor, ele jamais poderia me devolver o mal. Será assim com você e sua família também, minha querida."

Suspirou. Sua pele avermelhada pela queimadura não parecia muito agradável. Antes que pudesse segurar a chaleira novamente para terminar o que começou, uma grande mão sobrepôs a sua, pegando ela mesmo o recipiente fervente pela alça. Tsetseg sentiu arrepios subir por sua espinha quando seu corpo reconhecia a presença que o amparava, sua forma ficando minúscula frente a dele. Os braços passaram por seus ombros, no tempo em que o torso servia de amparo para sua cabeça, Tsetseg sendo lentamente abraçada enquanto a forma esguia fazia o café em seu lugar.

Seu coração batia em uma velocidade desconhecida, ao passo que seu algoz continuava sua tarefa sem nem mesmo se importar com a consequência de seu gesto abrupto. Ela observou a água se misturar lentamente com o pó, invejando a destreza das mãos que conduzia a tarefa muito melhor que ela. Quando a água finalmente chegou ao fim, Tsetseg esperou em expectativa qual seria o próximo movimento do homem atrás de si. Ela temeu que ele se afastasse de repente e seu corpo, completamente à deriva, não conseguisse se sustentar em pé e caisse após perder seu anteparo. Se sentiu idiota por não ser capaz de controlar as próprias pernas, mas era sempre assim quando estavam muito próximos. Seu corpo simplesmente não a obedecia mais.

Contudo, ao invés de se afastar, ele se aproximou o suficiente para que a distância entre seus corpos e a pia da cozinha chegasse ao fim, Tsetseg sentindo a superfície fria se chocar com a altura do seu estômago abruptamente. As mãos que antes seguravam a chaleira agora repousavam em sua cintura, abraçando-a e mantendo-a no lugar. Tsetseg suspirou quando seu corpo foi girado o suficiente para bater de frente com o dele, sua forma esculpida protegida por uma camisa branca, o tecido tão macio, o bastante para fazê-la desejar passar muito tempo na mesma posição, coberta pela proteção que aquele homem perigoso lhe oferecia.

Ryu Si-oh levou uma de suas mãos até a nuca exposta, fazendo Tsetseg se arrepender de ter prendido seu cabelo logo cedo quando acordou. Seus dedos se livraram do elástico que continha seus cabelos cheios de vida própria, ao mesmo tempo em que seus olhos não perdiam nenhum movimento do rosto que o observava. Tsetseg sugou a bochecha quando sentiu os dedos longos de Si-oh cobrirem sua nuca, enquanto ele a erguia para mais perto, o suficiente para que ela quase pudesse sentir seu coração bater.

As dobraduras de papéis de seda de Tsetseg e Si-ohOnde histórias criam vida. Descubra agora